PROFESSORA MARIA NILZA DOS SANTOS AZEVEDO SILVA

MARIA NILZA DOS SANTOS AZEVEDO SILVA

*19/02/1934†06/09/1973

Maria Nilza dos Santos Azevedo Silva descende de uma família cujas mulheres são vocacionadas para a educação – a família Azevedo –. Nasceu no dia 19 de fevereiro de 1934, na fazenda São Gonçalo, município de Livramento do Brumado, hoje, Livramento de Nossa Senhora. Era filha de Agnelo dos Santos Azevedo e Celsina dos Santos Azevedo.

O Casal Agnelo/Celcina teve os seguintes filhos: Niete, Nilza, Edval, Evan, Nelcy, Nely, Cilene, Arnaldo dos Santos Azevedo.

A sua instrução primária foi na Escola de Ubiraçaba, distrito com o mesmo nome, pertencente ao município de Brumado, tendo como primeira professora Giselda Castro. Diplomou-se professora primária em 1951, pela Escola Normal de Caetité, instituição modelar de ensino para formação de professores, fundada pelo Caetiteense Governador Rodrigues Lima, em 1896, a primeira do Alto Sertão baiano a formar professores. Por razões políticas, foi fechada no governo de Severino Vieira. Em suas instalações, por quase duas décadas, constituiu-se o Instituto São Luís Gonzaga, de padres jesuítas europeus, dotando a cidade sertaneja da mais alta qualidade de ensino, considerada berço cultural e intelectual do sertão baiano.

No ano de 1926, o governador Góes Calmon e Anísio Teixeira, com cargo equivalente, hoje, a secretário de educação, instituíram novamente a Escola Normal. Foram enviados para Caetité os melhores mestres, mantendo assim a longa tradição que tornaria essa pequena cidade reconhecida pela formação cultural e intelectual privilegiada.

Maria Nilza submeteu-se a concurso público para o exercício da profissão. Aprovada, foi nomeada para lecionar em Itaquaraí, distrito de Brumado, onde permaneceu por pouco tempo. Em seguida, veio ensinar na Escola Estadual Getúlio Vargas, hoje,

Grupo escolar Getúlio Vargas (GV). O ensino foi abraçado por idealismo e vocação, ao qual se dedicou de corpo e alma com rara eficiência e personalidade.

PARTICIPOU DE DIVERSOS CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO:

Especialização de professor básico para surdos e mudos no Rio de Janeiro, em 1958, obtendo êxitos com aprovação para o exercício do ensino pertinente dedicado aos que estiveram sob a sua orientação. Pelo seu destaque de inteligência aguçada, fora escolhida para oradora da turma que, em discurso, enalteceu o trabalho do Instituto Nacional de Educação de Surdos, uma obra de redenção do surdo-mudo brasileiro. O discurso foi publicado no “Diário Carioca”, em 10/01/1958. Seu diploma foi entregue em sessão solene pelo então médico e ministro da Educação, Dr. Clóvis Salgado da Gama, a qual contou com a presença do representante da presidência da República e outras pessoas representativas da sociedade do Rio de Janeiro.

INICIATIVA: Foi pioneira da escola criada para surdos-mudos em Salvado/BA. Outros cursos adicionais de que participou: diploma de personalidade através do desenho; diploma de problemas infantis; curso de fundamentos, técnica e recreações; Secretária de Educação e Cultura com certificado de aproveitamento; certificado de frequência integral; ciclo de conferência sobre Direito Social pelo Instituto de Aposentadoria dos Comerciários (IAPC); diploma de participação do II Congresso Nacional da Alfabetização para Adultos, no Rio de Janeiro, Centro de Cultura Inglesa em Salvador, Curso de Eficiência para a cadeira de Geografia, examinada por catedrático da matéria que a elogiou com as seguintes palavras; “Acabo de examinar, não uma aluna, mas uma professora de Geografia”.

Enquanto exercia o magistério, conseguiu transferência para atuar como professora básica do curso de surdos e mudos em Brumado, um pioneirismo na cidade. Em viagem de trem (RFFSA) de Salvador para Brumado, conversando com o então capitão Waldir Magalhães Pires, surgiu a ideia de se fundar um colégio em Brumado, que carecia desse ensino.

Ambos organizaram um curso de admissão ao ginásio, cujos exames foram prestados em Caetité, e com outros abnegados da educação viabilizaram e iniciaram o curso ginasial no Ginásio General Nelson de Melo – nome dado pelo capitão Waldir Pires em homenagem ao seu comandante da Força Expedicionária Brasileira que lutou ao lado dos Aliados, na Itália, durante a segunda guerra mundial (1939-1945), vitoriosa na tomada do Monte Castelo, por parte dos brasileiros –. Por conseguinte, a fundação da entidade contou com a sua participação.

Posteriormente, em março de 1970, com a finalidade de tornar o ensino-aprendizagem de Brumado referência para as escolas da região, bem como para beneficiar a sociedade, o GGNM foi estadualizado com o nome de Colégio Estadual de Brumado (CEB) onde ela continuou com o mesmo trabalho, sendo uma das mais estimadas pelos alunos.

Em 1961, iniciou, no Ginásio General Nelson de Mello, ensinando as disciplinas Geografia, Didática Escolar e Administração Escolar. Sua vida foi dedicada à educação e, nessa área, ela foi exemplo de competência profissional. A professora Maria Nilza falava: “Querer é poder. Nunca se alcança o que se deseja, sem empregar os seus esforços”.

Casou-se em 6 de junho de 1964, na Igreja Matriz de Brumado, com David Bonfim da Silva, e o casal teve uma filha, prematura, nascida em 11/09/1967, a quem deu o nome de Cláudia Azevedo Silva.

Foi mestra dedicada e amiga, exemplo de irmã, esposa e mãe regida pelos princípios cristãos. Teve a vida ceifada, ainda jovem, pelos desígnios de Deus. Culta, alegre, simpática, dócil, sincera, franca, modesta, simples e querida por todos que a conheciam, nunca alardeou os dotes intelectuais de que era possuidora. Tratava-se, pois, de uma figura feminina representativa de Brumado, na sua vida pública e social, com provas inequívocas da sua inteligência, contribuindo para a instrução e a cultura da sua comunidade.

Em 1978, em honra à sua memória e à sua competência de educadora emérita, a Escola “Cirandinha” (fundada por Miriam Azevedo Gondim Meira e Edilsa Santos Silveira, em 1973), com a ampliação, acrescendo os cursos de 5ª a 8ª séries, passou a chamar-se Centro de Educação Maria Nilza Azevedo Silva (CEMNAS), em reconhecimento a quem foi exemplo na profissão de professora, contribuindo decisivamente para a educação do município.

O loteamento Itapicuru, por meio da Lei nº 800 de 23/11/1981, foi denominado Bairro Maria Nilza Azevedo Silva. Em sua homenagem, também denominaram, no birro do Hospital, uma rua Maria Nilza Azevedo Silva.

Através da Lei 1.050 de 24 de novembro de 1992 do município de Brumado, foi criada a Escola Especial para Deficiente Auditivo – EMDAU, com a denominação: Escola de Educação Especial para Deficiente Físico Auditivo Maria Nilza Azevedo Silva.

O conhecimento e o saber humano não se transmitem se o preceptor não estiver imbuído desse propósito, pois a aprendizagem tem um processo dinâmico. É função de quem ensina colocar o aluno a pensar, a discernir e, num processo evolutivo, ser capaz de compreender e definir, com absoluta clareza, o que leu, com a interpretação própria e correta do texto. Era esse o objetivo da professora Maria Nilza.

No país de Anísio Teixeira, de Paulo Freire, de Darcy Ribeiro, de Josué de Castro, de Milton Santos, o magistério precisa ser valorizado, e os preceptores não fugir às suas responsabilidades, pois só a educação pode construir o amanhã.

Maria Nilza faleceu em Salvador, no Hospital Português, em 06/09/1973, com 39 anos, acometida de leucemia, cercada de carinho e contou com o apoio, a solidariedade dos pais, esposo, parentes e amigos. Foi trasladada para Brumado, onde foi enterrada no dia 7 de Setembro, dia em que se comemora a independência do Brasil, no cemitério municipal Senhor do Bonfim. Seu esquife foi envolto com a bandeira de Brumado por honra e mérito de seu trabalho. Parentes, amigos, grande número de alunos do CEB, fardados, que participariam do desfile do Sete de Setembro e a comunidade acompanharam o cortejo fúnebre, uma solidariedade do povo do lugar onde ela viveu.

Em 11 de outubro de 1973 a vereadora Esther Trindade Serra apresenta Moção de Pesar, em nome da Câmara de Vereadores, pelo falecimento da professora Maria Nilza Azevedo ocorrido em Salvador/BA em 06/09/1973. Disse DDD. Esther, a professora Maria Nilza foi uma das figuras femininas mais representativas de Brumado na sua vida pública e social onde fazia brilhar a sua inteligência, contribuindo para a instrução e a cultura da sua comunidade. O enterro realizou-se em 7 de setembro com homenagens merecidas alusivas à data.

Fontes:

Livro Recordar é viver de Agnelo dos Santos Azevedo;

Informações de Nely e Niete dos Santos Azevedo (filhas de Agnelo dos Santos Azevedo, hoje, com 104 anos completos);

Centro Educacional Maria Nilza Azevedo Silva (CEMNAS);

Moção de Pesar de Esther Trindade Serra, na Câmara de Vereadores.

Antonio Novais Torres

antorres@terra.com.br

Brumado, 18/06/2012.

Antonio Novais Torres
Enviado por Antonio Novais Torres em 18/10/2014
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