BIOGRAFIA PROFESSORA MIRIAM AZEVEDO GONDIM MEIRA

PROFESSORA MIRIAM AZEVEDO GONDIM MEIRA

BIOGRAFIA E HOMENAGEM PÓSTUMA

*27-03-1924†26-10-1997

Miriam Azevedo Gondim Meira, filha de Armindo dos Santos Azevedo e Geminiana Cardozo Azevedo, nasceu em 27 de março de 1924. Foi criada entre os dez irmãos: Sálvio Santos Azevedo, Wilson Santos Azevedo, Washington Santos Azevedo, Almir Santos Azevedo, Afrânio Santos Azevedo, Armida Maria Azevedo, Salvador Santos Azevedo, Fernando Santos Azevedo, Alberto Santos Azevedo e Maria Stella Azevedo Dourado. Viveram em um lar onde reinava respeito, consideração, obediência e amor, valores que foram fundamentais na formação de todos.

Iniciou seu curso primário (1931) no Colégio Particular de Dr. Pedro, em Brumado. Em seguida, foi estudar na Escola Normal Rural de Caetité, cidade cultural e educacional do sertão baiano, diplomando-se como professora no ano de 1941. Em 1942, iniciou sua carreira no magistério primário em Brumado, lecionando no Grupo Escolar Getúlio Vargas até se aposentar.

Casou-se com 32 anos de idade com o bacharel em Direito Délio Gondim Meira, de 36 anos de idade, em 03 de abril de 1956, no civil. Ele Filho de Dr. Mário Meira e Esther Gondim Meira. Foram testemunhas da nubente Aloísio de Castro Gomes e Celuta Gondim Meira de Casto e do nubente José Mendonça Teles e Átala Meira Teles, ato oficiado pelo juiz de Direito Walter Barbosa da Silva e no mesmo dia no religioso, na Paróquia de Brumado, presente as testemunhas Aloísio de Castro Gomes e Sálvio dos Santos Azevedo, ato celebrado pelo Padre Antonio Fagundes.

A cerimônia foi realizada na casa dos pais da noiva. Ambos nascidos em Brumado. Dessa união o casal teve quatro filhos: Maria Ester Gondim Meira Tibo, nascida em Salvador/BA, em 11/01/1957 (Engenheira Civil); Taísa Maria Azevedo Meira Santos, nascida em Belo Horizonte (MG), em 23/02/1961 (Advogada); Verônica Gondim Meira Velame Azevedo, nascida em Brumado (BA), em 20/04/1962 (Engenheira Civil); André Lúcio Azevedo Gondim Meira, nascido em Brumado (BA), em 06/06/1963, (Artista Plástico).

Durante o período em que exerceu o magistério em Brumado, preparou, com dedicação e carinho, jovens para o exercício da cidadania, muitos dos quais conquistaram profissões que engrandeceram sua terra natal. Ela seguia os preceitos do Papa João Paulo II: “Educar é conquistar o coração, animá-lo com alegria e satisfação em busca do bem”. Por possuir uma formação religiosa adquirida com a família e por ter sido interna do Colégio da Irmandade Imaculada Conceição, enquanto estudou em Caetité, dedicou-se à catequese durante vários anos, preparando seus alunos para a conduta religiosa.

Incansável na sua luta pela educação, depois de aposentada, continuou dedicando-se ao magistério, fundando a “Escola Cirandinha” (1973), escola particular com a proposta de receber alunos até a 4ª série do Ensino Fundamental. Sentindo a necessidade da ampliação dos estudos e vendo que seu ideal não estava totalmente concretizado, a professora Miriam estendeu os cursos até a 8ª série do Ensino Fundamental (1978), quando mudou o nome da escola para “Centro de Educação Maria Nilza Azevedo Silva” (CEMNAS) que teve o reconhecimento do Conselho Estadual de Educação.

Dar o nome de Maria Nilza Azevedo Silva à escola foi uma homenagem prestada àquela professora e grande educadora que muito contribuiu para a educação em Brumado. Maria Nilza foi, depois de ter-se preparado para tanto, através de um curso no Rio de Janeiro, a primeira professora de surdos-mudos em Brumado, conforme relatou o senhor Agnelo dos Santos Azevedo, orgulhoso pai da homenageada.

Mulher de fibra, teve participação ativa tanto na vida familiar como no seu meio social. Apoiou o seu pai, incentivando-o em todos os momentos políticos dos seus três mandatos à frente do governo municipal. Boa esposa, mãe exemplar, deu à família o exemplo de uma vida digna, calcada na ética, na formação religiosa e no tratamento respeitoso às pessoas. Em 1965, juntamente com outras senhoras de rotarianos, ajudou a fundar a Casa da Amizade em Brumado, que pertence ao Rotary Clube. Ao lado de outros abnegados da educação, Miriam Azevedo Gondim Meira esteve entre os idealizadores do Ginásio General Nelson de Melo (GGNM).

Figura humana desprovida de preconceitos ou egoísmo, era admirada e querida por todos que a conheciam e tinham a oportunidade e o privilégio de conviver com ela, tanto em seu trabalho como educadora, quanto em sua vida social ou na intimidade familiar. Sua imagem foi sempre emoldurada de bondade, de carinho e de compreensão.

Não é possível realizar tudo que queremos, mas sim o que podemos. A professora Miriam realizou tudo o que pôde, especialmente na área da educação, fazendo desta o seu sacerdócio, com desprendimento e abnegação. Essa extraordinária mulher, cuja empatia contagiava a todos, legou ao seu meio uma fortuna de vida moral, de serviços prestados à cultura, à religião professada, ao ensino com infinita dedicação e senso de responsabilidade.

Em homenagem à professora Miriam, através da Lei Municipal nº 991, de 05 de julho de 1991, a escola de 1º grau do povoado de Lagoa Funda recebeu o nome de “Escola Municipal Miriam Azevedo Gondim Meira” que atende do Ensino Infantil ao Ensino Fundamental.

Moção de pesar e solidariedade de autoria do vereador José Luiz Alves Ataíde pelo falecimento da senhora Miriam Azevedo Gondim Meira conforme ata 32/97 de 28/10/1997.

Fui aluno de D. Miriam no Grupo Escolar Getúlio Vargas (fundado em 1946) e no Ginásio General Nelson de Melo (fundado em 1958). Dizem que a memória só retém o que é agradável ao espírito, portanto, guardo dela a imagem da sapiência, da compreensão e da humildade. Não foi mestra autoritária nem pretensiosa, antes modesta e serena. Transmitia exemplos enriquecedores de comportamento digno, revelando-se, ao mesmo tempo, professora, amiga e conselheira.

Mantenho especial culto aos meus professores, valorizando os ensinamentos que me foram transmitidos. Creio que esses também sejam os sentimentos de meus filhos, afinal sempre exigi deles, respeito e obediência aos seus mestres.

Meus filhos estudaram no educandário de D. Miriam e todos a chamavam de “Tia Miriam” e sua escola, de “Escolinha do Dr. Délio”, num gesto íntimo muito cordial e afetuoso, de forma que todos nós estamos consternados com o seu falecimento. Externamos aos seus familiares nossos profundos sentimentos de pêsames. D. Miriam faleceu no dia 26 de outubro de 1997.

Católica professa, compreendeu e aceitou os desígnios de Deus. A emoção do momento conturba-me o pensamento e, em assim sendo, evoco Eclesiastes 1:5-7: “Levanta-se o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar onde nasce de novo”. “O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; volve-se e revolve-se, na sua carreira e retorna aos seus circuitos”. “Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche; ao lugar para onde correm os rios, para lá tornam eles a correr” e ainda mais: “Uma geração passa, outra geração vem, mas a terra, para sempre, permanece”. Assim é o ciclo da humanidade. “Lembra-te, homem, de que és pó e ao pó voltarás”.

A palavra de Deus nos reforça a fé, confirmando que aquele que Nele crê, ainda que morto, viverá. As palavras e ensinamentos de Deus servirão de consolo aos seus entes queridos. A vida se esvai diante da inconsistência do próprio viver, que se traduz nos versos de Henriqueta Lisboa: “O tempo é um fio/bastante frágil/Um fio fino/ que à toa se escapa”. Inexorável, o fio da vida não nos pertence e a qualquer hora pode nos escapar conforme a vontade e os desígnios do Onipotente.

Ao seu velório, compareceram amigos, simpatizantes, parentes, seus alunos e de outras escolas, representados por suas diversas classes sociais. Nesta oportunidade, louvo o gesto solidário e cristão da escola Nossa Senhora de Fátima, que esteve presente com seus alunos, entre os quais estavam pais e avós que foram discípulos da professora Miriam.

A missa de corpo presente, celebrada por Monsenhor Antônio Fagundes e concelebrada pelo padre Osvaldino, foi, deveras, comovente. Ante as diversas homenagens prestadas pelos alunos, amigos e parentes, a emoção nos levou às lágrimas. O padre Osvaldino encerrou a celebração ressaltando a fé e a religiosidade da falecida, levando consolo e conformação aos familiares, ao tempo em que evocava palavras e ensinamentos divinos. Finda a missa, o cortejo seguiu destino ao cemitério Santa Inês, onde foi sepultada a devotada mestra do ensino e da cultura educacional de Brumado.

Essa homenagem é uma prova inquestionável do seu carisma. A todos cativava pela simpatia, pela cordialidade, pela meiguice, pela doçura e delicadeza das palavras, enfim, pelos gestos altruístas do coração bondoso. Essa é a imagem da saudosa professora que fica gravada na minha retina e impregnada na minha mente. Descansa em paz, professora Miriam! A hora do teu fim foi determinada e, por tuas virtudes e exemplos dignos que legaste aos descendentes teus, serás, por certo, muito bem recompensada na eternidade.

Dados fornecidos pela direção da CEMNAS;

Viver é recordar (autoria do senhor Agnelo dos Santos Azevedo).

Antonio Novais Torres.

antorres@terra.com.br

Brumado em 27 de outubro de 1997.

Antonio Novais Torres
Enviado por Antonio Novais Torres em 18/10/2014
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