BIOGRAFIA SEBASTIÃO NONATO LÔBO

BIOGRAFIA DE SEBASTIÃO NONATO LÔBO

TIÃO LÔBO

*1917†1990

Sebastião Nonato Lôbo (Tião Lôbo) nasceu em Bom Jesus dos Meiras, hoje Brumado, no dia 26 de dezembro de 1917. Era filho de Israel Pio Lôbo e Arlinda Meira Lôbo.

Cursou até o 3º ano primário. Inteligente e bom observador, aprendeu a ler, escrever e realizar as quatro operações matemáticas com o esforço de sua tenacidade que o caracterizava. O que aprendeu representava o que hoje se denomina ensino médio.

Ainda menino, trabalhou com afinco ajudando a mãe na lavoura que a família cultivava no bairro Olhos D’água. Adolescente, começou a trabalhar no comércio de confecções e afins do seu padrinho Armindo dos Santos Azevedo, como aprendiz, o que lhe despertou o dom para o comércio. Aos 22 anos, foi de trem para São Paulo, viagem que levou quinze dias, onde exerceu a atividade de boia-fria na lavoura de cana-de-açúcar, na cidade de Lins, noroeste do estado.

Na capital paulista, trabalhou como garçom, chegando a ser um maitre – responsável pela supervisão dos trabalhos desenvolvidos pelos garçons – no tradicional Restaurante do Papai. Diligenciando melhores condições de vida, mudou-se para o Rio de Janeiro, então capital Federal, onde trabalhou também como garçom. A permanência no sudeste do país, Rio/São Paulo, despertou no sertanejo Tião Lôbo o interesse pelas artes, quando regularmente, em suas folgas, frequentava os teatros e cinemas dessas capitais. Tornou-se fã de Charles Chaplin, Mazaroppi, Procópio Ferreira, Nelson Gonçalves, Elizete Cardoso, dentre outros.

Entre Rio de Janeiro e São Paulo, ele permaneceu por 23 anos fora do seu torrão natal – período em que leu vários clássicos da nossa literatura – só retornando a Brumado no final da década de 50, quando colocou uma loja de tecidos com o sócio Lindauro Soares. No início da década de 60, com o fim da sociedade, adquiriu um ponto comercial na atual Praça Armindo Azevedo e abriu a sua própria loja, a SENOLO, título que representa as sílabas iniciais do seu nome, local onde comercializou até aposentar-se, em meados dos anos 80.

A loja de tecidos, artigos de armarinho, cutelaria e perfumaria etc., de sua propriedade, era o ponto de encontro de brumadenses da zona urbana e rural (nessa época o mercado municipal funcionava onde é hoje o Mercado de Artes) que queriam saber das novidades ocorridas no município.

Tião Lôbo fez vários amigos e gabava-se dessa qualidade inerente a sua personalidade. A coisa de que mais gostava eram as informalidades e a descontração dos bate-papos com os amigos Antônio Rizério Leite, Jair Cotrim Rizério, os irmãos Almir e Alberto dos Santos Azevedo (seu compadre), Esther Trindade Serra, Aloísio Castro, Agnelo dos Santos Azevedo, Libânio Milhazes, Ozório Porto, Sebastião Meira Santos, Evan dos Santos Azevedo, José Bernardino, Dr. Sidney Joaquim de Meirelles, dentre vários outros.

“O destino nos dá os irmãos, mas o coração escolhe os amigos”.

Aos domingos, gostava de nadar nas então águas límpidas do Rio do Antônio e de caçar com os companheiros. Ao ser indagado se havia matado alguma coisa, retrucava sorrindo: “matei as pernas”. Nunca fumou. Só bebia socialmente e dizia “o que faz mal não é a pinga, são as pingas.”.

Adotou os lemas: “Só compro e só vendo a dinheiro”. “Para viver, não basta trabalhar; precisa não ser dependente de ninguém”. Tião Lôbo também dizia que “ser honesto tinha mais valor do que ser rico”. Nunca se deixava abater, era exímio contador de piadas e causos. Divertia os amigos com suas histórias hilariantes, das quais ele era o próprio protagonista.

Causos de Tião: “Certa vez, eu estava no centro de São Paulo, abateu-se uma forte ventania e uma carta bateu no meu rosto. Ao pegá-la, vi que estava escrito: Para Sebastião Nonato Lôbo”. Motivo de muita gargalhada, pelo absurdo inusitado do causo.

Em 30 de dezembro de 1961, numa cerimônia celebrada pela Juíza de Direito, Dra. Magda Maria Pereira Santos, casou-se com a brumadense Almira Meira Lôbo, neta do Coronel Antíaco José dos Santos, com a qual teve um único filho, Rui Meira Lôbo: locutor, ator, poeta e escritor, membro da ALAB – Academia de Letras e Artes de Brumado.

Tião Lôbo era um católico fervoroso, um homem recatado, monógamo e dedicado à família. Honesto e correto, foi exemplo e orgulho para os familiares e para os que com ele conviveram.

Faleceu nas graças de Deus, no dia 2 de janeiro de 1990, na Clínica Somepe, em Brumado, aos 72 anos de idade. Está sepultado no cemitério municipal Senhor do Bonfim.

Transcrevo o seguinte poema em homenagem ao fazedor de amigos: Sebastião Nonato Lôbo – Tião Lôbo.

ORAÇÃO POR MEUS AMIGOS

Padre Zezinho

Abençoa Senhor meus amigos/E minhas amigas e dá-lhes a paz/Aqueles a quem ajudei/Que eu ajude ainda mais/Aqueles a quem magoei/Que eu não magoe mais/Saibamos deixar um no outro/Uma saudade que faz bem/Abençoa Senhor meus amigos/E minhas amigas. Amém!

Luzes que brilham juntas/Velas que juntas queimam/No altar da esperança/Trilhos que juntos percorrem/Os mesmos dormentes/E vão terminar no mesmo lugar/Aves que vão em bando/Verso que segue verso/Nas rimas da vida/Barcos que singram os mares/Até separados, mas sabem o porto/Onde vão se encontrar/São assim os amigos que a vida me deu/Meus amigos e minhas amigas e eu!

Gente que sonha junto, gente que brinca e briga/E se zanga e perdoa/Um sentimento forte mais forte que a morte/Nos faz ser amigos no riso e na dor/Vidas que fluem juntas, rios que não confluem/Mas vão paralelos, aves que voam juntas/E sabem que um dia, por força da vida não/Mais se verão/Resta apenas o sonho/Que a gente viveu//Meus amigos e minhas amigas e eu!

Antonio Novais Torres

antorres@terra.com.br

Brumado, em 30/07/2012.

Revisado.

Antonio Novais Torres
Enviado por Antonio Novais Torres em 21/10/2014
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