BIOGRAFIA SÍLVIA SPÍNOLA MAGNAVITA

SÍLVIA SPÍNOLA MAGNAVITA UMA HEROÍNA

*09/07/1930†26/06/2000

O meu primeiro contato com Sílvia Spínola Magnavita foi através de sua crônica "Vontade de chorar e de sorrir", publicada no jornal A TARDE, relatando seu enfrentamento de uma doença grave, um câncer, e sua submissão a dez cirurgias, além da sua luta junto ao INSS para fazer-lhe justiça em sua aposentadoria.

Essa narrativa me comoveu e tocou-me profundamente, a tal ponto que escrevi ao Ministro Waldeck Ornélas, da Previdência Social (baiano), apelando para o seu espírito de homem público e ao sentimento solidário à sua coestaduana. Solicitei-lhe justiça à segurada Sílvia Spínola Magnavita, ao tempo em que lhe enviei uma cópia da referida crônica.

Posteriormente recebi correspondência do gabinete do Ministro, dando conta do envio da minha carta à Superintendência Estadual do INSS na Bahia para análise e providências cabíveis.

Ao tomar conhecimento da minha atitude, Sílvia, apesar de não nos conhecermos, escreveu-me uma carta de agradecimentos em seu nome e de familiares, com elogios que talvez não os mereça. Cumpri apenas um dever de cristão solidário a uma extraordinária mulher, que conheci posteriormente, em visita que lhe fizera com alguns familiares, em sua residência em Salvador.

Portadora de uma lhaneza contagiante, impressionou-me a sua coragem e determinação em resistir à doença com altivez e humor inacreditável. Senti-me pequeno ante a sua grandeza e disposição para viver, sem nenhuma queixa ou reclamação. Tornei-me seu amigo e admirador. Revelou-me que a acupuntura foi o único tratamento que lhe aliviou as dores que sentia pela agressão da doença.

Ofereceu-me dois livros de crônicas da sua autoria que me colocaram a par da intensa e movimentada vida dessa maravilhosa, intelectual e grande escritora que louvou Salvador, relembrando o seu tempo de mocidade. Destaque-se que, na UFBA, ela foi datilógrafa e secretária de Anísio Teixeira, grande educador baiano nascido em Caetité, na Bahia, orgulho nacional pelas suas qualidades intelectuais e dedicação à educação que revolucionou o ensino brasileiro.

Ao ler no jornal A TARDE de 1º de agosto, coluna Ultraleve, a crônica de José Augusto Berbert "O último presente de Sílvia", comentando a sua morte, tomei um grande susto, fiquei atônito pelo impacto da notícia. Após conhecê-la pessoalmente, a minha admiração por ela redobrou e passei a considerá-la amiga, respeitando todas as suas qualidades enobrecedoras e admiráveis de uma grande heroína.

TRANSCREVO DA CAPA DO LIVRO “AO LONGO DO TEMPO...” AUTORIA DE SÍLVIA SPÍNOLA MAGNAVITA (1966).

SOBRE A AUTORA:

Sílvia Spínola Magnavita nasceu em 09/07/1930, Cruz das Almas, Bahia. Começou a trabalhar aos 18 anos como datilógrafa na Secretaria de Educação e Saúde, atuando no gabinete do então Secretário, o grande educador baiano, Professor Anísio Teixeira. Ainda como datilógrafa, exerceu a função no Gabinete do Secretário do Dr. Antônio Simões. Como secretária trabalhou muitos anos na Clínica Tisiológica – Hospital Escola da UFBA e em seguida, no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, onde teve oportunidade de conviver com a educadora Professora Anfrísia Santiago.

Casou-se em 1959, com Armando Salvador Magnavita, dedicando-se, desde então, ao marido e aos três filhos. E foi ajudando os filhos a resolver as tarefas escolares que o seu gosto pelo estudo da Língua Portuguesa aflorou. Ao invés dos filhos, ela frequentou aulas particulares de Português para melhor orientá-los. E Jane (Joanna Angélica Ribeiro) foi a professora que descobriu a sua arte de escrever e muito a estimulou.

Seu interesse pelo estudo da língua portuguesa foi mais além. Com a orientação de sua cunhada Itália Magnavita Schaun, professora de Línguas Neolatinas, iniciou, em 1980, um estudo ortográfico, através da identificação das raízes das palavras. Em 1981, Sílvia organizou o seu estudo intitulado “Escreva Certo com C e saiba o Porquê”, mimeografado.

Retornou, em 1970, às suas atividades de secretária no escritório do seu cunhado, arquiteto Pasqualino Magnavita. Em 1976, foi admitida como secretária, no Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento da Bahia – IAB/BA, conciliando seu exercício profissional com a continuidade dos estudos sobre raízes das palavras e escrevendo crônicas sobre suas vivências. Em 1993, ela organizou um trabalho sobre raízes, intitulado “Estudos das Raízes” – Identificação das palavras.

Aposentou-se em novembro de 1994. Dedica-se ao “Hobby” de escrever crônicas e está elaborando um novo trabalho sobre dificuldades ortográficas, através da etimologia, sob o título do primeiro estudo: “Escreva Certo com C e Saiba o Porquê”.

Antonio Novais Torres

antorres@terra.com.br

Brumado, janeiro 1999

ADENDO:

Em carta recebida em 23 de agosto de 2000, o seu esposo, senhor Armando Salvador Magnavita, relatou-me que ela ficou internada por 46 dias e lhe foi dispensada toda a assistência médica disponível. Apesar dos procedimentos quimioterápicos, radioterapias e cirurgias a que se submetera, a doença venceu-a pela metástase, falecendo em 26 de junho de 2000. Enfrentou corajosamente essa travessia, passando à vida espiritual com muita serenidade. Completando seu relato, informou-nos que viveram casados por 41 anos, em harmonia e compreensão, reconhecendo que DEUS decidiu pela melhor solução.

Que Deus a receba com os méritos cristãos pela sua magnanimidade, compreensão e aceitamento do que a vida lhe reservou. Foi exemplo de dignidade como pessoa, como mãe, esposa e avó. Constatamos essas qualidades em nosso colóquio, quando da nossa visita em que fomos apresentados ao esposo, filhos e netos presentes. Aos seus familiares o nosso profundo pesar e votos de conformação ante os desígnios de Deus.

Antonio Novais Torres

antorres@terra.com.br

Brumado, em 23 agosto de 2000

Antonio Novais Torres
Enviado por Antonio Novais Torres em 23/10/2014
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