BIOGRAFIA TRANQUILINO LEOVIGILDO TORRES

TRANQUILINO LEOVIGILDO TORRES

Como membro da família, presto homenagem ao Dr. Tranquilino Leovigildo Torres pelos 153 anos do seu nascimento. Trata-se de pessoa extraordinária, de inteligência ímpar e grande homem público, conforme assertiva da escritora Consuelo Pondé em seu artigo publicado no jornal Tribuna da Bahia em 12/09/2012.

Mesclo, neste artigo, dados copiados do artigo da escritora Consuelo Pondé; do livro O Município da Vitória escrito por Ruy A. H. Medeiros, “um dos mais eruditos historiadores de nossa região", afirma Humberto José Fonsêca em sua introdução ao referido livro; livro Memoria descritiva do Município de Condeúba de Tranquilino Torres; Livro OS TORRES – árvore genealógica escrito por Mario Torres.

Tranquilino Leovigildo Torres, filho de Belarmino Silvestre Torres e de Umbelina Emília dos Santos, em segundas núpcias. Tranquilino é natural de Condeúba (município que tinha a denominação de Santo Antônio da Barra), zona da Serra Geral, no Estado da Bahia. Nasceu em 30 de agosto de 1859 e foi batizado em 15-01-1860 sendo seus padrinhos o Comandante Exupério Pinheiro Canguçú e sua mulher D. Umbelina Bárbara de Souza Meira. Seu pai foi vigário da Freguesia de Santo Antônio da Barra e Deputado Provincial nas legislaturas de 1882-1883 e 1886-1887. Eram seus irmãos: Drs. João Torres e Américo Torres. A mãe de Tranquilino, viúva do comerciante José Rodrigues Coelho, era muito estimada em sua cidade.

Tranquilino Torres iniciou seus estudos em sua terra natal, onde completou o curso primário. Em Salvador, estudou nos Colégios São João e 7 de Setembro, dos quais foi interno, destacando-se entre os melhores alunos.

Foram seus diretores e educadores: Luiz da França Pinto de Carvalho e João Estanislau da Silva Lisboa, ilustres professores daquele tempo. Fez os preparatórios em Salvador e o curso superior Tranquilino realizou na Faculdade de Direito de Recife desde 1877 e colou grau em 25 de novembro de 1882, portanto com 23 anos de idade. Deixou ali provas de sua inteligência e foi alvo dos mais merecidos louvores, provenientes de um procedimento irrepreensível e de uma aplicação incomum.

Em 1833 estreou na vida pública. Formado em Direito, Tranquilino Torres veio para a Imperial Vila da Vitória (hoje Vitória da Conquista), primeiro promotor público, – onde nasceram três dos seus filhos – para exercer o cargo de Promotor Público, tempo que lhe permitiu contato com a tradição oral e lhe favoreceu a observação direta da acuidade de escritor. Posteriormente foi Juiz Preparador em Santa Isabel do Paraguassu (atual Mucugê). Foi Juiz de Direito em Macaúbas por quatro anos. Lutou pela regularidade na distribuição da justiça, pela dignidade, pureza e independência da magistratura. Quando se levantou a ideia em Macaúbas pela organização e instalação de um instituto de ensino secundário modelo, ele esteve à frente desse desiderato que, infelizmente, não chegou a ver a sua conclusão. Finalmente nomeado membro do Tribunal de Conflitos e Administrativo, na qualidade de representante do Senado da Bahia.

Tranquilino Torres casou-se em Salvador/BA em 21 de abril de 1883 com Maria da Purificação Coutinho França, nascida em Salvador/BA em 02-02-1867. Filha do Capitão Henrique da França Pinto de Oliveira Garcez e D. Maria José Coutinho da França. O ato nupcial foi celebrado pelo vigário Vitório João Pinto das Neves em sessão especial na casa do Major Antonio José Teixeira, sendo testemunhas o Comendador Antonio Ferrão Moniz de Aragão e o Conselheiro Cincinato Pinto da Silva. O registo civil, então facultativo, foi feito em 14-05-1883.

O casal teve os seguintes filhos: Mario Torres nascido em Condeúba, Octávio Torres (Mucugê), Celso Torres (Conquista), Oscar Torres (Conquista), Jayme Torres (Conquista), Fábio Torres (Macaúbas), Carlos Torres (Salvador), Enock Torres (Salvador) e Maria Madalena (Salvador). Com Ana Rosa da Silva, anteriormente ao casamento, teve a filha Josefina Augusta Torres, nascida em Recife/PE em 25/02/1881 e reconhecida em 14/11/1881. Faleceu em 4 de março de 1898 no Convento dos Humildes em Santo Amaro/BA onde se educara e lá está enterrada.

Tranquilino Leovigildo Torres, dedicado pesquisador e estudioso da História, a par de estudos jurídicos publicados na Revista dos Tribunais e em O Direito, teve a ideia de revitalizar o instituto Providencial da Bahia, criado em 1856, de duração efêmera. Assim, envidou esforços para a criação do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, do qual foi considerado, com justiça, o fundador, além de ter sido presidente daquela instituição por diversas vezes. Em 1923, ergueram ali, em sua homenagem, um busto e afixaram seu retrato na parede da sala da presidência. O instituto Histórico era a sua paixão predileta, o alvo dos seus esforços, desempenhando seu cargo com excessivo escrúpulo e zelo meticuloso.

Idealista e visionário, pouco tempo tivera para experimentar as alegrias da sua profícua semeadura. Seus dois últimos anos de vida foram voltados para o IGHB, apesar de dedicar-se, com empenho, ao trabalho, à sua família e cuidar da educação dos seus filhos.

Tranquilino Leovigildo Torres faleceu em 22 de maio de 1896, com 37 anos de idade, em Salvador/BA, muito moço porém de uma vida fecunda e de várias realizações. Dona Maria da Purificação Coutinho França Torres sobreviveu-lhe e contraiu segundas núpcias com o Dr. Gonçalo Muniz Sodré de Aragão, seu primo, com quem teve os filhos Luiz, falecido ainda criança, e Alice Muniz Sodré de Aragão que contraiu núpcias, em 1934, com o pintor Presciliano Silva.

Compareceram ao seu féretro além do Governador do Estado o presidente da Revista (IHGB) e vice-presidente do Instituto, o seu orador, secretários, parentes e amigos.

O Dr. Eduardo Veloso salientou as qualidades do falecido e eminente cidadão e falou da perda irreparável para a sociedade que ele honrara e elevara. O Doutor Felinto Bastos, representando o Instituto Histórico fez a seguinte alocução: “Adeus benemérito e infatigável companheiro de sacrifício, a ti acompanham as dores e saudades dos teus amigos, dos teus filhos e dessa associação também benemérita que é obra especialmente tua, do teu patriotismo e da tua vontade altruísta e potente” . A revista (IH) manifestou o seu pesar a toda a família do Dr. Tranquilino Torres.

Seus filhos foram cidadãos prestantes, honrados, conceituados e respeitáveis na sociedade baiana e, beneméritos, contribuíram para várias instituições locais com ajuda inclusive pecuniária. Dessa forma agiam os Irmãos Torres, como eram conhecidos.

Tranquilino Leovigildo Torres era um idealista, tendo feito da sua curta existência uma jornada de realizações, tão perseverante era nos seus propósitos e dedicado a suas ações. Coube-lhe, pois, fundar uma instituição cultural do porte do IGHB, numa cidade sem espaços para os debates das ideias e das iniciativas do espírito. Escutou de muitos a descrença e de outros tantos experimentou a indiferença.

Dele Disse Sátiro Dias: “Moço vigoroso, e mais que isto, coração cheio de fé e de amor pelas cousas da Pátria; espírito de largo e forte orientação nas lucubrações da jurisprudência e no estudo da ciência e das letras; tinha aberto diante de si o horizonte que o futuro reserva aos homens que transitam por este mundo fazendo do trabalho um dever, do dever uma religião, e desta a suprema preocupação da consciência”.

Em homenagem a Tranquilino Torres, por iniciativa da Intendência Municipal de Condeúba, no dia 2 de julho de 1923, no salão nobre do Júri foi colocado pelo Conselho de justiça local, o seu retrato, no Fórum da sua cidade natal por justo merecimento. Consta que a cidade de Piripá tem uma rua com o seu nome por proposta do Prefeito Arlindo Alves Pereira.

Também foram inaugurados “post mortem”, seus retratos no Arquivo Público da Bahia, na Pinacoteca, no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, na Associação dos Funcionários Públicos da Bahia, onde a sala da biblioteca tem o seu nome (sessão de 8-8-1932). Por ato de 08-04-1937, o Diretor do Departamento da Instrução, mandou denominar “Escola Tranquilino Leovigildo Torres” o grupo Escolar de Condeúba. O seu busto, em bronze, foi inaugurado por ocasião das festas do cinquentenário do Instituto Geográfico e Histórica da Bahia, sendo orador o Dr. Celso M. Spínola. A sua “Revista” lhe dedicou um número especial, Ano III – junho de 1896.

Sobre Tranquilino fez referência o advogado e secretário da Intendência do cidadão João da Silva Torres, Sr. Nestor Evangelista de Carvalho, em 1924: “Doutor Tranquilino Torres, foi um dos mais eminentes filhos de Condeúba, pelo seu raro talento pelos elevadíssimos cargos que dignamente ocupou na magistratura e a cuja memória curvemos com respeito”.

RELAÇÃO DE SUAS OBRAS: Memórias descritivas do Município de Condeúba, O Município de Vitória, Município dos Poções, Memória sobre o Município de Santa Isabel do Paraguassu, Memória Histórica sobre IGHB. É interessante lembrar que Tranquilino Torres escreveu um Dicionário de Nomes Próprios, Cognomes e Apelidos.

FONTES DE ESTUDO: “Os Torres” escrito por Mário Torres, filho de Tranquilino; Dr. Tranquilino L. Torres de Francisco Borges de Barros; A Vida Exemplar de Mário Torres de Jayme de Sá Menezes; Memoria Descritiva do Município de Condeúba de Tranquilino L. Torres; Município de Poções de Tranquilino L. Torres; Memórias sobre o Município de Santa Isabel do Paraguassu de Tranquilino L. Torres e Descrições Práticas da Província da Bahia de Durval Vieira de Aguiar.

Dados copiados do artigo da escritora Consuelo Pondé, publicado em 12/09/2012 na Tribuna da Bahia;

Dados copiados do Livro O município da Vitória de Ruy A. H. Medeiros (Vitória da Conquista/BA);

Pesquisas no livro OS TORRES autoria de Mario Torres;

Livro Memória Descritiva do Município de Condeúba de Tranquilino Leovigildo Torres

Breve Notícias sobre o Município de Condeúba pelo secretário da Intendência Nestor Evangelista de Carvalho.

Antonio Novais Torres

antorres@terra.com.br

Brumado, em 14/10/2012.

Revisão: Nifra Dias.

Antonio Novais Torres
Enviado por Antonio Novais Torres em 26/10/2014
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