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Nasci em 21 de Julho de 1960, no Retiro da Fazenda Serra dos Correia, no município de Santa Cruz de Goiás.
Nossa casinha, feita de adobe, tinha apenas um quarto, uma sala, uma despença e uma cozinha com fogão a lenha. O piso era de chão batido e as janelas de madeira. No quintal, havia uma bica d'agua, com gosto de ferrugem, um chiqueiro de porcos e um paiol de milho. 
Em frente à casa, havia um curral, uma figueira e um ranchinho de palha, onde guardávamos os Arreios, Sal e outras coisas. Também, tínhamos uma Desnatadeira, para produção de creme de leite, dentro do Rancho.
Morávamos, eu, minha irmã, meu pai e minha mãe.
Meu avô paterno, morava na sede da Fazenda e meu avô materno, morava em sua Fazenda, no patrimônio do Maratá. Meu pai, saia do Retiro, numa carroça a cavalo, para vender a produção de creme de leite em Pires do Rio.
Eu cresci, ali, no meio da família, animais e pássaros. Tinha aproximadamente três anos de idade.
Eu vivia alí, pelado e descalço, no quintal e dentro de casa, juntamente com minha irmã, brincando, brigando, sorrindo e chorando.
Certo dia, resolvi ir mais longe, então fui até o curral, onde meu pai tirava leite das vaquinhas. Eu fui pelado, com um copinho vazio na mão, para beber leite. Encostei nas tábuas do curral e fiquei alí, esperando meu pai, mas antes dele colocar leite no meu copinho, fui ofendido ou picado por algum animal peçonhento, ou inseto, que provavelmente estava alí no mato, em volta da cerca.
Começei a chorar e meu pai me socorreu e viu que meus testículos estavam inchados, então passou alguma pomada e eu continuava sentindo dor e o inchaço aumentando. Então, meu pai, já desesperado, me levou a cavalo até o Hospital, em Pires do Rio. Foram várias horas de viagem, pois até a cidade tinha uns 30 quilometros, de estrada de chão.
Fui medicado, com antibióticos, vários dias e noites e continuava enfermo e os Médicos, não deram muita esperança de cura. Mas Deus me deu oportunidade de reviver.
Vivi alí no retiro até uns cinco anos de idade, depois mudamos para a sede da Fazenda, pois meu avô havia se mudado para Pires do Rio
Logo vieram mais irmãos, para alegria da família.
Eu curti muito a minha infancia alí, pois tinha mais espaço para brincar.
Durante o dia, a gente banhava nos córregos e quando tinha enchentes, colocávamos troncos de bananeira na água suja, como se fossem canoas. Pescávamos lobós, nos poços de agua suja. Fazíamos pernas de pau para andar mais alto. Armava arapuca e fazia lacinhos, para pegar, inhambu, codornas, juritis e perdiz.
Subíamos nos pés de laranjeira, que eram enormes, para pegar laranjas e brincar de esconder.
À noite, não tinha muita diversão, pois não havia luz elétrica. A luz vinha de lamparinhas de querosene.
Nossos pais contavam estórias, para que a gente pudesse dormir.
Estórias, contos e crônicas sobre mãe do ouro, saci pererê, mula de duas cabeças, rolinha de duas cabeças e outras. 
Mas na roça, não era só diversão, pois a gente tinha tarefas, como:
Limpar o mato do quintal, descascar milho para os porcos e as aves, apartar vacas dos bezerros e outras tarefas.
Alguns finais de semana, nós, a família, íamos para o Patrimônio do Maratá, rezar na Igreja de São Sebastião e também se divertir, com a comunidade.
O tempo passou e com nove anos de idade, fui morar com meus avós paternos, na cidade de Pires do Rio, Góiás, onde iniciei meus estudos, no Grupo Escolar Martins Borges.
Saudades da década de 60.
 
Jaime Teodoro
Enviado por Jaime Teodoro em 16/12/2014
Reeditado em 10/03/2020
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