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CRISTIANO GOMES DA SILVA CLETO
(32 anos)
Cangaceiro
* Matinha de Água Branca, AL (10/08/1907)
+ Fazenda Cavacos - Brotas de Macaúbas, BA (25/05/1940)
LEÃO
 
Cristino Gomes da Silva Cleto era seu nome verdadeiro. Nascido no dia 10/08/1907, em Matinha de Água Branca, no Estado de Alagoas. Era filho do sofrido casal Manoel Anacleto e Firmina Maria, segundo comprovação no atestado de óbito do acervo Ivanildo Alves da Silveira. Ivanildo é promotor de justiça, colecionador e pesquisador do cangaço.
 
Considerado por Lampião como um dos mais valentes cangaceiros e apontado pelos historiadores como um dos mais ferozes e cruéis bandidos que fizeram parte do grupo de Virgulino Ferreira
 
No ano de 1924, foi convocado pelo Exército Brasileiro para cumprir o serviço militar, mas talvez não satisfeito com as exigências das forças armadas, desistiu  em seguida.
 
No ano de 1926, em uma briga de rua, Corisco matou um homem e tomou a decisão de aliar-se ao bando do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, apelidado LampiãoCorisco era conhecido por sua beleza, seu porte físico atlético e cabelos longos deixavam-o com uma aparência agradável, além da força física muito grande. Por estes motivos foi apelidado de Diabo Louro quando entrou no bando de Lampião. No cangaço fora alcunhado de Corisco pela sua ligeireza.
 
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Dadá e Corisco
Assim que Lampião levou Maria de Déia, a futura Maria Bonita para o cangaço, com a liberação do chefe, Corisco raptou uma moça de 13 anos, descendente dos índios Pancarerés, a Sérgia Ribeiro da Silva, conhecida por Dadá. Como a companheira não sabia ler e escrever, Corisco a ensinou, e também os manejos de  armas de fogo. Corisco permaneceu com ela até no dia de sua morte. Mesmo vivendo de correrias dentro das caatingas, o casal teve sete filhos, mas apenas três deles sobreviveram, e um deles é o Sílvio Bulhões, muito conhecido por todos os escritores e pesquisadores do cangaço.
 
Em relação às vestes dos cangaceiros, Dadá foi a maior  estilista do bando. Costurava e enfeitava as vestes de todos os cangaceiros.
 
Como em toda sociedade sempre há desavenças por uma razão qualquer, infelizmente Lampião e Corisco se desentenderam, causando a separação do bando, mas isso não afetou muito o relacionamento amigável entre ambos. Com isso Corisco foi obrigado a formar o seu próprio grupo de cangaceiros e continuou conservando a amizade com o chefe Lampião.
 
Na madrugada de 28/07/1938, na Grota de Angicos, no Estado de Sergipe, a polícia alagoana desbaratou o bando de cangaceiros. Matou e degolou onze asseclas, que infelizmente não conseguiram furar o cerco, e entre eles morreram: o rei  Lampião e a sua rainha Maria Bonita.
 
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O cangaceiro Corisco não se encontrava no acampamento no momento do massacre, e ao tomar conhecimento, vingou-se ao seu modo, furiosamente.
 
Cinco dias depois do combate na Grota de AngicosCorisco matou o coiteiroDomingos Ventura, e mais cinco pessoas de sua família, incentivado por Joca Bernardo, dizendo que o coiteiro Domingos Ventura era o responsável pela denúncia de Lampião.
 
Em seguida, separou  as cabeças dos corpos, e mandou-as para o tenente João Bezerra da Silva. E com elas foi o recado: "Faça uma fritada. Se o problema é cabeça, aí vai em quantidade".
 
Como haviam sido mortos os pais dos cangaceiros, isto é, seus protetores, com uns trinta dias depois do massacre de Angico, a maioria dos facínoras já havia se rendido. Na ativa apenas permaneciam os grupos de Moreno e Corisco.
 
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Morte
 
Em 1940 o governo de Getúlio Vargas promulgou uma lei concedendo anistia aos cangaceiros que se rendessem. Corisco e sua mulher Dadá decidiram se entregar mas, antes que isso acontecesse, foram baleados.
 
O médico e historiador Magérbio Lucena, autor do livro "Lampião e o Estado Maior do Cangaço", descreve que, na verdade, não houve combate. Corisco e sua mulher, Sérgia Ribeiro da Silva, conhecida como Dadá, tinha acabado de almoçar, quando foram surpreendidos com a volante comandada pelo tenente João Bezerra.Corisco e Dadá estavam desarmados, quando foram metralhados.
 
Corisco havia cortado o longo cabelo loiro e não andava mais em bando desde a morte do amigo Lampião, dois anos antes. Magérbio Lucena descreve que, ao se aproximar do cangaceiro, o coronel José Rufino perguntou: "É Corisco?". O cangaceiro respondeu: "É Corisco veio!". O militar questionou: "Por que não se entregou?". E Corisco retrucou: "Sou homi para morrer, não para se entregar".
 
Depois deste diálogo, o cangaceiro foi atingido na barriga por uma rajada de metralhadora. Ficando com os intestinos à mostra, conseguiu sobreviver durante dez horas. Naquele mesmo conflito, Dadá foi atingida na perna e, não obstante ter passado por várias intervenções cirúrgicas, precisou amputar o pé direito. Em relação ao confronto final, ela declarou que os policiais vieram decididos a roubá-los e a matá-los, e que seu companheiro era deficiente físico e não teve chance alguma de se defender.
 
Em maio de 1968, a revista Realidade colocou frente a frente Dadá e o coronelJosé Rufino, responsável pela morte de Corisco. Ele, velho e doente, chorou ao vê-la. Dadá, forte e altiva, o perdoou, no entanto, desmentiu o algoz. Ele não matara seu marido em combate, afirmou: "Foi emboscada".
 
Do cangaço, Dadá levou lembranças, três filhos com Corisco e nenhum dinheiro. Morreu em fevereiro de 1994, aos 78 anos, na periferia de Salvador.
 
Magérbio Lucena lembra que o objetivo dos policiais não era defender a Lei. Na verdade, segundo o escritor, o que mais interessava aos policias eram os 300 contos de réis e os dois quilos de ouro que os dois fugitivos carregavam. De acordo com o escritor, Corisco não tinha condições de reagir.
 
Em 1939, ele caiu numa emboscada, na Fazenda Lagoa da Serra, em Sergipe.Corisco sofreu fraturas gravíssimas no braço esquerdo e no antebraço direito. O casal já tinha tomada a decisão de deixar o cangaço, quando foi localizado pela polícia.
 
Com a morte do chamado Diabo Louro, na tarde do dia 25/05/1940, na Fazenda Cavacos, em Brotas de Macaúbas, Oeste da Bahia, estava decretado o fim doCangaço.
 
Corisco foi e sepultado no cemitério da atual cidade de Miguel Calmon, sendo exumado 3 dias depois para que lhe cortassem a cabeça, segundo informação que foi para estudo. Seus restos mortais ficaram expostos durante 30 anos no Museu Nina Rodrigues ao lado das cabeças de Lampião e Maria Bonita.
 
Nesta  foto abaixo do jazigo, onde se lê o nome do cangaceiro "Cristino Gomes da Silva Cleto", e a data de 1977, quando os restos mortais foram colocados ali, transportados da primeira sepultura, aquela datada de 1969.
 
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Tirando as Possíveis Dúvidas
 
Corisco morreu em maio de 1940 e seu corpo completo foi enterrado em Miguel Calmon, no Estado da Bahia. Após 3 dias foi desenterrado e sua cabeça foi levada para o Museu Nina Rodrigues e seu corpo sem cabeça continuou no cemitério de Miguel Calmon, até 1969.
 
Após ações judiciais na década de 60, a cabeça de Corisco saiu do Museu Nina Rodrigues e foi enterrada junto com os restos mortais que estavam em Miguel Calmon, no Cemitério da Quinta dos Lázaros.
 
E esta exumação foi para a troca de cemitério? Não, foi devido a compra de um jazido perpétuo que todo o conjunto dos restos mortais foi transferido para o túmulo onde se encontra hoje.
 
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Corisco e Vinte e Cinco
O Cangaço Continua
 
O bando de Lampião aterrorizou o sertão nordestino por quase 20 anos. Especula-se que a origem do Cangaço remonte ao século XVIII, quando fazendeiros recrutavam sertanejos para exterminar índios. Mais tarde, os colonos teriam sido obrigados a participarem das lutas entre famílias ricas que disputavam terras com políticos. Por fim, esses bandos tornaram-se independentes, criando leis próprias e subornando fazendeiros e comandantes da polícia em troca de proteção. Seus métodos bárbaros incluíam tortura, estupro e morte.
 
Segundo essa tese, o surgimento desses andarilhos coincide com o declínio das culturas de cana-de-açúcar e algodão. O café, no Sudeste, passou a ser o motor da economia brasileira gerando fome, desemprego e falta de perspectivas no agreste. Assim, o Cangaço era uma opção de vida atraente para sertanejos jovens que não tinham trabalho e rendiam-se à promessa de fama e dinheiro fácil. Qualquer semelhança com a história dos "Soldados do Tráfico de Drogas" nos dias atuais não é mera coincidência. Essa era a situação social e política da primeira fase da República.
 
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Representações na Cultura
 
A vitalidade, energia e violência de Corisco fascinou Glauber Rocha e inspirou o seu filme "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964). Corisco foi interpretado porOthon Bastos.
 
Em 1969, foi lançado o filme "Corisco, o Diabo Loiro" de Carlos CoimbraCoriscofoi interpretado por Maurício do Valle, o mesmo que interpretou Antônio das Mortes, assassino de Corisco em "Deus e o Diabo na Terra do Sol".
 
Em 1996 foi lançado o filme "Corisco & Dadá", que conta a história do casal. O filme foi protagonizado por Chico Diaz e Dira Paes.