A vida tem um propósito? Há um propósito em minha vida. O pai dos meus filhos . Sétima Parte.

Praticamente criei meus filhos sozinha, pois, mesmo com a presença do pai, por um período na vida deles, jamais viram ou veriam este pai “presente” fazer o sacrifício que sempre fiz e faço para mantê-los alimentados e aptos a vencerem a vida com todas as dificuldades que ela oferece.

O pai dos meus filhos, sempre demonstrou descaso pela paternidade.

Quando me vi obrigada a enfrentar uma jornada de dois turnos trabalhando, para cobrir as despesas, e ainda cursar uma universidade, com o intuito de mudar de nível, pensei que ele ia assumi-los, por reconhecer todo meu empenho. Havia a possibilidade, pois trabalhava vizinho a nossa casa, mas, não assumindo, contratei alguém para cuidar do que no momento eu não podia dar conta, mas normalmente, a ajudante não ficava por muito tempo.

Quando não tinha uma pessoa para os afazeres domésticos, eu acabava chegando cansada, de um dia e uma parte da noite de trabalho e estudo , e me via diante de:

Uma pia de prato, roupa para lavar, casa para arrumar, dever para orientar dos meus filhos, ou mesmo em outras dificuldades que surgiam, isso quando não tinha que levar ao médico tarde à noite , porque o " pai " achava que não havia necessidade, no entanto , a criança estava queimando de febre, ou vomitando ... Assim, fui cansando e vendo que nada mais havia que me fizesse ficar ao lado de alguém que não amava nem os filhos, imagine a mim.

Este cara não trabalhava remunerado? Sim, mas a única coisa que pensava era em investimento financeiro, comprar carro, moto, terreno, tinha um mercadinho, mas ele ajudou no processo de “ falência” (esta é outra história), o ponto comercial era colado com a casa, assim, nada impediria que ele orientasse nos cuidados das crianças consigo mesmas, ele tinha empregado no mercadinho, enquanto eu era a estudante, a funcionária pública e a doméstica a partir das 22:30, até o momento que novamente estudante, ia elaborar as atividades do curso de pedagogia e ainda retornar para a função de professora, planejar aulas...

Não sei ainda o que aprendi, pois as dores não me permitem entender, então calo- me agora...

Entretanto, hoje, dia 10 de março de 2019, retomo a este texto, buscando um entendimento sobre a situação das nossas vidas, os filhos crescem, buscam caminhos, uma casou, o menino está na minha companhia, mas fala nos horizontes que pretende trilhar, por vezes me inclui em sua história, mas percebo que não irei consegui alcançá-lo em seus sonhos, pois tenho limitações físicas, devido a neuropatia, e ele ama um lugar chamado Chamada Diamantina, que não tem uma paisagem que me permita vislumbrar explorá-la.

O que me trás na verdade aqui... é registrar que ontem, às 8:00 horas, o pai de meu filho e filha ao tentar consertar uma encanação do tanque, no primeiro andar do prédio onde tem loja após nossa separação conjugal, caiu. Traumatismo craniano, com presença de dois coágulos lado direito e esquerdo, além de costelas fraturadas, machucado nos pulmões. Um agravante, os médicos operaram, pois o coágulo do lado direito evoluiu, rompeu, e não se sabe ainda o prejuízo neurológico. Apesar de clinicamente ele responder bem aos procedimentos.

E hoje passei o dia me questionando, sobre a vida e o valor que ela tem. Pensando nos dias tumultuados, onde tão fadigada tinha tanto o que fazer e ainda tenho. E fico lembrando tudo, desde o início quando nos conhecemos. Da forma como formamos a nossa família, e dos fatos que culminaram no fim, na tentativa de compreender em qual momento mesmo cansei de lutar por meu casamento.

As circunstâncias atuais nos colocam em destaque, afinal, somos a família que não está com ele, já existe uma companheira, e o elo com a família dele se estabelece fora do nosso ninho familiar.

E o que vale mesmo compreender tanta coisa, se a força da vida perde seu rumo nesta queda? Minha filha em desespero, meu filho revoltado questionando, o motivo do pai não ter contratado alguém para fazer o serviço. Culpando o próprio pai e a companheira do pai. Os problemas não findam com o fim do relacionamento, eles apenas se prorrogam e muitas vezes o sofrimento dos filhos é tanto, que nos sufoca.

Hoje, dia 18 de março de 2019, a situação está muito dolorosa, pois querendo ou não, mesmo com o fim do relacionamento, a situação do meu filo e filha junto ao pai me envolve eme subtrai forças. Acompanhar o desgaste físico e psicológico de minha filha, a resistência de meu filho, para acompanhar o pai, me deixa preocupada, pois ela não pode continuar nesta lida no hospital apenas com a atual mulher do pai.

Por mais que se queira justificar, nestas horas fica difícil relembrar o que passou em meio a necessidade que emerge. E agora José? Diria o poeta. Que a festa acabou... em meio aos desalentos da vida, aos conflitos e sofrimentos surgem os questionamentos: Se ele achou que viveria sem os filhos, porque agora são úteis? São úteis, porque não somos isentos das atrocidades da vida, porque não somos perfeitos.

Cabe a mim implorar a Deus que ele saia sem sequelas deste acidente, e seja capaz de cuidar de si. que poupe a energia do meu filho e filha,e das demais pessoas com a plenitude da própria vida.

Leah Ribeiro Pinheiro
Enviado por Leah Ribeiro Pinheiro em 19/09/2015
Reeditado em 18/03/2019
Código do texto: T5387891
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