Nós mesmos; grandes museus

Depois da grande avalanche ocorrida em mim, esta semana, levando parte do meu memorial interior, de minha psicanálise íntima só me resta escrever, escrever e escrever ainda mais. ..

E, para aqueles que consideram os amantes de diários, grandes e chatos sentimentais, desafio-os a perguntar: o que me impede DE SER o PERSONAGEM DE MIM MESMA?

O QUE?

O QUE SERIA DA HUMANIDADE sem o registro de sua história, das marcas de sua história, longa ou recente? O que representaria um incêndio no gigantesco Louvre , ou de outros maravilhosos e importantes museus de história natural do mundo?

Nenhum abalo em vocês? Lamento a insensibilidade... lamento a indiferença daqueles que também não defendem ou não se admiram com a falta dos nossos museus interiores, de nossas famílias, por exemplo, ou de você mesmo.

So Ler, reler e vivenciar de novo sua própria história através de um documento, de um texto, de uma narrativa, de um poema, de um fóssil, de um exemplar, de um objeto, de uma carta, de uma caverna milenar, de um vulcão, de um canto de passárinho a enfeitar nosso dia - diário, de uma paisagem; de um diário recheado de histórias e, nelas o contexto de sentimentos dos mais diversos? dos medos, às paixões, das angústias às glórias , dos planos, das guerras, das caridades, das juras secretas...

O que seria de nós, civilização , sem essas narrativas?

O que seria do nosso próprio conhecimento como gente e como civilização?

O que seria de nós sem as coleções científicas a provar nossa própria existência como biosfera, como uma grande massa de vidas tão diferentes catalogadas em aproximadamente um milhão e meio de vidas?

O que seria de nós sem a memória da música, da pintura, da escultura, da literatura, do cinema, das artes...?

O que seria de nós sem os diários grafados em manchas de papel...? O que seria de nós sem a arqueologia, a psicanálise ou a antropologia de nós mesmos como civilização?

O que seria de mim, sem o conhecimento tracejado deixado em letras de emoções ? Para mim mesma e quem vem depois de mim?

E a raiz do pensamento humano? Não seria um gigantesco , monumental e incalculável valor para todos nós?

Será que, estamos fugindo de nós mesmos em não aceitar ou até mesmo ironizar, rechaçar e evitar a amostra de nossos diários interiores? Pequenas ou grandes amostras do que somos ou ainda do que poderemos vir a ser?

Quanta coragem ou quanta loucura interior preencher a lacuna de papeis em branco? Quanta coragem ou loucura esculpir a pedra bruta em nós mesmos! Quanta coragem em escrever o roteiro dos nossos muitos personagens e suas facetas. ..

Ah, quanto amor pelo diário de nossa identidade como gente, como civilização nesse e deste planeta...

Que lindo diário somos todos nós!

Por isso tudo, não me julguem! Não me queiram mal. Amo os diários! Amo os museus do mundo todo e o Meu PRÓPRIO. ..

Quem não faz ou fará parte dele um dia. .?

Quem sabe você não será um dia, uma amostra indistintamente valiosa do meu museu interior? E, assim, teremos algumas ou tantas histórias para contar. ..

Quem sabe?. ..

Quem sabe das tantas possibilidades de deixarmos nossas marcas aqui na terra para os visitantes em busca de descobertas?

Gosto sim de guardar, arquivar, documentar, registrar, narrar, enfim museologar.

Um livro, ah, que grande museu - diário de um instante, de um tempo, de um contexto que representa um livro...

Isso mesmo, o livro que você até, talvez, nem tenha ainda folheado.

Está ali, na sua estante como um grande museu de uma mente que o esculpiu, que o deu forma...

Por tudo isto, desculpem -me os desavisados, MAS, realmente, sou um museu, um diário, uma coleção de emoções, de sentimentos e de pensares...

Mas, afinal, quem NÃO É?

Patos, 14 de novembro de 2015.

01: 40hs

Fátima Arar
Enviado por Fátima Arar em 14/11/2015
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