Breve biografia de FIÓDOR DOSTOIEVSKI (1821-1881)
“A verdadeira verdade é inacreditável”
(Fiódor Dostoievski)
Nascido em Moscou e falecido em São Petersburgo FIÓDOR DOSTOIEVSKI teve uma vida dinâmica, movimentada e repleta de situações e circunstâncias que fomentaram seus romances poderosos.
Escritor de “dramas amorais” tem sua obra marcada pela visão futurista focada nos dilemas que se desenvolviam no final do século XIX e eram contados num presente instável e incerto. É, portanto, considerado um pioneiro da Ficção psicológica e do Existencialismo no Século XX.
Quando ainda jovem, por volta de 1840 envolveu-se com o “Liberalismo otimista” da intelligentsia russa, num grupo chamado Círculo Petrashevsky. Foi preso e sentenciado a morte, porém, horas antes da sumária execução teve sua pena revogada e foi, então, enviado para a Sibéria para quatro anos de trabalhos forçados.
Em 1846 publicou seus dois primeiros livros: “Pobre gente” e “O duplo” e em 1861 publicou o livro “Humilhados e ofendidos”.
Retornou para São Petersburgo em 1859 com uma visão mais tradicionalista e dogmática. Influências estas que o levaram a criar personagens extremamente humanos e consequentemente imperfeitos.
Os textos de Dostoievski propõem grandes questões de fé e política, mas nunca as tomam definitivamente. Nunca se chega a um veredito. Assim, o que se percebe é a ausência de um sistema de crenças pessoais, permeado por um desejo urgente de apenas crer.
Crer para sentir esperança. Crer para resignar-se diante do incômodo, do inevitável. Crer como uma forma de conforto da alma.
Em “Crime e Castigo” (1866) o enredo conta um assassinato mal planejado e mal executado. Mostra-se que a personagem não era um criminoso, mas circunstâncias a levaram a cometer tal atrocidade. Esse enredo foi pioneiro para a literatura que se praticava na época.
Deste modo, Dostoievski foi considerado o criador russo do gênero “ficção criminal”.
Seus personagens se caracterizam por serem totalmente responsáveis pelo sofrimento que produzem e têm plena consciência da culpa que carregam.
Um personagem imoral faz escolhas egoístas simplesmente para uma satisfação pessoal e efêmera. Já os personagens amorais de Dostoievski não se comprometem sob motivações consistentes. Parecem ter vagas percepções sobre o que é Ética e Moral, mas não se sensibilizam em ferir e degradar pessoas próximas.
O escritor Walter Kaufman associa o escritor russo ao “Existencialismo”; uma corrente filosófica em voga em meados do Século XX por escritores como Jean Paul Sartre (1905 – 1980) e Albert Camus (1913 – 1960).
O Existencialismo é uma abordagem filosófica que se concentra no individuo e na ética em detrimento do universal e do metafísico.
Já seu livro “Memórias do Subterrâneo” (1864) é composto de duas partes: A primeira conta uma forma de egoísmo racional, partindo da premissa que o ser humano sempre reage com a percepção dos seus próprios interesses, mas também faz escolhas que sabe, muitas vezes, não serem boas para ele.
A segunda parte narra a história de uma personagem que faz escolhas improváveis em decisões extremas sempre prejudicando a si mesma. O legado, porém, é que, seja o que for que pensamos ou escolhemos sempre seremos humanamente imperfeitos. Escolhemos ser quem somos, gostem os outros ou não. Para o escritor, nossas batalhas internas são a revolta do homem para a “razão que explica tudo”.
O escritor faleceu em 09 de fevereiro de 1881 com uma fama consolidada, mas não enriqueceu. Estima-se que em seu funeral compareceram mais de 60.000 pessoas.
“Seja você quem for alguns gostarão, outros não”.
*Outras obras do autor:
• Recordações da casa dos mortos (1862)
• O idiota (1868)
• Os irmãos Karamazov (1880)
Fontes:
• 501 Grandes escritores, Editora Sextante, 2009.
• 1001 Livros para ler antes de morrer, Editora Sextante, 2010.