Professora Alda Polastre
 
Luiz Carlos Pais

 
Escrever uma biografia de educadores de outros tempos é uma maneira de reviver lições que foram muito além das salas de aula. Não se trata de priorizar a existência pessoal em si mesma, mas aproximar tudo o que for possível para prestar uma homenagem e recolher símbolos históricos da educação que têm alguma coisa a dizer para superação dos desafios do nosso tempo. De certo modo, toda história escrita requer o esforço de tratar das imponderáveis relações entre o passado e o presente. Mas vivenciar esse retorno, atento aos desafios da atualidade, é uma tarefa nada evidente porque sempre se tem a sensação que mais fontes seriam necessárias para completar a história. Apesar do esforço realizado para levantar esses traços, reveladores de um passado educacional, sempre permanece certo sentimento de incompletude que não deve inibir esse retorno aos tempos mais distantes e tão próximos das nossas raízes da educação escolar.

Educadora que atuava no ensino primário de São Sebastião do Paraíso, desde a década de 1930, a professora Alda Polastre deixou saudades no imaginário de muitos paraisenses que foram seus alunos ou pais de alunos que souberam reconhecer a eficiência do seu método de ensino. Prevalece nesse imaginário a postura de uma mestra responsável e determinada a cumprir a desafiante tarefa de ministrar as primeiras lições. A imagem que temos dessa professora paraisense, por certo, não é suficiente para escrever um esboço da sua biografia à altura do que merece. Conseguimos alguns traços fragmentados na imprensa local os quais procuramos compor com lembranças preservadas no seio da nossa própria família.

Esta querida mestra foi muito admirada na comunidade paraisense, quer seja pela eficiência do seu método de alfabetização, bem como pela habilidade em educador com a devida energia os meninos mais agitados da cidade. Tinha a prática zelosa de se colocar bem atenta à porta da escola para que os alunos mais agitados não fizessem nenhuma algazarra, antes de iniciar as lições. Consta ainda a imagem que a conhecida mestra paraisense alfabetizou alguns alunos que foram “convidados a se retirarem” dos Grupos Escolares em função da indisciplina. Alguns desses alunos, graças a sua firmeza metodológica adotada pela educadora, se tornaram personagens de projeção até mesmo nas fileiras do Exército brasileiro.

Durante anos, dirigiu um estabelecimento particular de ensino, que chegou a ter cinco salas de aula, com a denominação de “Externato Santo Antônio”, que funcionou, numa determinada época, no prédio onde, atualmente, se encontra instalada a Sociedade Beneficente Recreativa Operária. Posteriormente, funcionou também no antigo prédio do Fórum da Comarca de São Sebastião do Paraíso ou da Faculdade de Farmácia e Odontologia. Este estabelecimento chegou a ser registrado na Secretaria da Educação do Estado de Minas Gerais, sob número 5713, em 13 de fevereiro de 1932, conforme foi publicado no órgão oficial da imprensa do Estado.

A mestra teve sua memória homenageada com a atribuição do seu nome a uma reconhecida instituição de ensino de São Sebastião do Paraíso que o “Centro Estadual de Educação Continuada Alda Polastre”. Uma escola cuja metodologia diferenciada permite oportunidades para alunos que, por variados motivos, não puderam realizar os estudos na idade mais conveniente. Nesse sentido, nada mais coincidente do que a especificidade dessa escola tão importante e o método desenvolvido pela professora Alda Polastre.