A VIDA DE MARILYN MONROE

Marilyn Monroe (nascida Norma Jeane Mortenson, 1 de junho de 1926 — 5 de agosto de 1962) foi uma atriz e modelonorte-americana. Interpretou personagens conhecidos como "loira burra". Se tornou um dos sex symbols mais populares da década de 1950, época emblemática em relação às atitudes envolvendo sexualidade. Apesar de sua carreira ter durado apenas uma década, seus filmes arrecadaram mais de 200 milhões de dólares até sua morte inesperada em 1962. Desde então, continua sendo considerada um grande ícone da cultura popular. Nascida e criada em Los Angeles, passou a maior parte da infância em lares adotivos e orfanato, além de ter casado pela primeira vez com 16 anos. Enquanto trabalhava em uma fábrica que ajudava na Segunda Guerra, conheceu um fotógrafo e começou uma carreira bem-sucedida de modelo pin-up. Seus trabalhos renderam dois contratos de filmes de curta duração com a 20th Century Fox (1946-1947) e Columbia Pictures (1948). Após uma série de papéis em filmes pequenos, ela assinou um novo contrato com a Fox. Se tornou uma atriz popular com papéis em diversas comédias, incluindo As Young As You Feel (1951) e Monkey Business (1952), Clash by Night (1952) e Don't Bother to Knock (1952). Nesta época, causou escândalo quando foi descoberto que havia posado para fotos nuas antes de se tornar atriz, mas a história aumentou o interesse pelos seus filmes. Em 1953, Monroe foi uma das estrelas de Hollywood mais bem-sucedidas, ocupando papéis principais em três filmes; o noirNiagara, que incidiu seu sex appeal, e as comédias Gentlemen Prefer Blondes e How to Marry a Millionaire, que estabeleceram sua imagem como uma "loira burra". Embora tenha desempenhado um papel significativo na criação e gestão de sua imagem pública, estava decepcionada por ter sido estereotipada e mal paga pelo estúdio. Foi brevemente suspensa no início de 1954 por recusar um projeto de filme, voltou a estrelar um dos maiores sucessos de bilheteria de sua carreira, The Seven Year Itch (1955). Quando o estúdio ainda estava relutante em mudar seu contrato, Monroe fundou uma empresa de produção cinematográfica, a Marilyn Monroe Productions (MMP). Ainda em 1955, dedicou-se a construção de sua própria empresa e começou a estudar método de interpretação no Actors Studio. Em seguida, a Fox deu a ela um novo contrato. Depois de seu desempenho aclamado pela crítica em Bus Stop (1956) e atuando na primeira produção independente de MMP, The Prince and the Showgirl (1957), ela ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz por Some Like It Hot (1959). Seu último filme completo foi o drama The Misfits(1961). A vida privada e conturbada de Monroe recebeu muita atenção. Durante sua carreira, lutou contra o vício, depressão e ansiedade. Além disso, teve dois casamentos altamente divulgados; com o jogador de beisebol Joe DiMaggio e com o dramaturgo Arthur Miller. A atriz provocou controvérsia por ter sido amante do presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy. Ela morreu aos 36 anos de uma overdose de barbitúricos em sua casa, em Los Angeles, no dia 5 de agosto de 1962. Embora sua morte seja considerada um provável suicídio, várias teorias conspiratórias têm aparecido nas décadas seguintes a sua morte. Marilyn Monroe nasceu como Norma Jeane Mortenson no dia 1 de junho de 1926, a terceira filha de Gladys Pearl Monroe (1902–1984). Os irmãos mais velhos de Monroe eram Robert (1917–1933) e Berniece (1919), frutos do primeiro casamento de sua mãe com John Newton Baker, em 1917. Monroe não sabia que tinha uma irmã até 12 anos, conhecendo depois de adulta. Gladys então se casou novamente, desta vez com Edward Martin Mortensen em 1924, mas eles acabaram se separando depois de apenas alguns meses juntos e antes de ela ter ficado grávida de Marilyn; o divórcio foi finalizado em 1928. A identidade do pai biológico de Monroe é desconhecida. Durante sua infância, Mortensen e Baker foram usados como seus sobrenomes. Na época, Gladys era mentalmente e financeiramente despreparada para cuidar de um filho; sendo assim, Monroe foi levada após seu nascimento por pais adotivos, Albert e Ida Bolender, para Hawthorne, na Califórnia. Os Bolenders eram cristãos evangélicos e criaram seus filhos adotivos de acordo com a religião. Gladys viveu com a família para cuidar da própria filha em seus primeiros meses de vida; entretanto, após os turnos de seu trabalho se intensificarem, ela foi obrigada a voltar para Hollywood, no início de 1927. Em seguida, começou a visitar sua filha nos finais de semana, planejando levá-la de volta com ela assim que sua condição se estabilizasse. Gladys conseguiu fazer isso em junho de 1933, e mais tarde, comprou uma pequena casa próxima doHollywood Bowl, cuja mesma dividia com inquilinos, os atores George e Maude Atkinson. Alguns meses depois, no início de 1934, a mãe de Monroe teve um colapso mental e foi hospitalizada.Diagnosticada com esquizofrenia paranoide. Desde então, Gladys passou o resto de sua vida dentro de hospitais e teve apenas contatos ocasionais com Monroe. Monroe foi declarada sob a guarda do Estado e uma das amigas de sua mãe, Grace McKee Goddard, assumiu a responsabilidade por ela e a assuntos relacionados à mãe. Ela viveu com os Atkinsons até junho de 1935; contando mais tarde que foi abusada sexualmente por um deles quando tinha 8 anos. Ela, viveu com Grace e seu marido, Erwin "Doc" Goddard, e duas outras famílias, até ser colocada num orfanato em setembro de 1935. Grace tornou-se sua guardiã legal no ano seguinte, e a levou embora do orfanato em 1937. Ela morou com os Goddards até o final do ano, quando Doc a molestou. Em seguida, foi levada para morar com parentes e amigos de Grace em Los Angeles e Compton. Monroe só encontrou um lar permanente em setembro de 1938, quando foi viver com a tia de Grace, Ana Atchinson Lower, no oeste de Los Angeles. Devido a problemas de saúde de Lower, Monroe voltou a viver com os Goddards em Van Nuys. No início de 1942, a empresa onde Doc Goddard trabalhava o obrigou a se mudar para a Virgínia Ocidental. Entretanto, as leis da Califórnia impediam que os Goddards levassem Monroe para fora do estado, e teria que enfrentar a possibilidade de voltar para o orfanato. Como solução, teve que se casar com o filho de um dos vizinhos, James Dougherty, que na época tinha 21 anos e trabalhava na Lockheed Corporation. Biógrafos não sabem se eles haviam namorado antes ou se o casamento foi arranjado por Grace. O matrimônio aconteceu em 19 de junho de 1942, após Monroe ter completado 16 anos, fazendo a abandonar a escola. Ela não gostava de ser uma dona de casa, e mais tarde afirmou que o "casamento não a deixou triste, mas não a fez feliz". "Meu marido e eu quase não conversávamos. Isso não acontecia porque estávamos sempre com raiva, nós só não tínhamos nada a dizer. Eu morria de tédio", completou. Em 1943, Dougherty se alistou na Marinha, foi chamado para servir na Ilha de Santa Catalina, onde permaneceu até ser levado para o Oceano Pacífico em abril de 1944; ele continuou longe de casa por dois anos. Depois de Dougherty ter ido para o Pacífico, Monroe foi morar com os pais dele, e começou a trabalhar numa fábrica que auxiliava na Segunda Guerra Mundial.

Modelagem e primeiros papéis (1945–1949

No final de 1944, Monroe conheceu o fotógrafo David Conover, que tinha sido enviado pela First Motion Picture Unit das Forças Aéreas do Exército dos Estados Unidos para a fábrica, com intuito de fotografar imagens moralizadoras de trabalhadoras. Embora nenhuma de suas imagens tenham sido usadas, ela parou de trabalhar na fábrica em janeiro de 1945 e começou a modelar para Conover e conhecidos. Durante seu trabalho de modelo, ela usava ocasionalmente o nome Jean Norman, além de ter cabelos encaracolados e morenos, sendo pintado de loiro para trazer mais atenção dos publicitários a ela. Como sua figura foi considerada mais adequada para modelagem pin-up, foi empregada em propagandas e revistas direcionadas para o público masculino. De acordo com Emmeline Snively, que comandava a agência Blue Book Model, era uma de suas modelos mais trabalhadoras; até a Primavera de 1946, havia aparecido em 33 capas de revistas. Impressionada com o seu sucesso, Snively arranjou a ela um contrato com uma agência de atuação em junho de 1946. Através desta conheceu Ben Lyon, um executivo da 20th Century-Fox, que lhe providenciou um teste de tela; o executivo principal, Darryl F. Zanuck, demonstrou apatia quanto a isso. Porém, foi persuadido a dar-lhe um contrato de 6 meses para evitar que Monroe fosse trabalhar com o estúdio rival, RKO Pictures, cujo proprietário Howard Hughes havia manifestado interesse após vê-la na capa de uma revista.[ Ela começou seu contrato em agosto de 1946 e, com Lyon, selecionou o nome artístico de "Marilyn Monroe". O primeiro foi escolhido por Lyon, que retirou o nome de Marilyn Miller, uma estrela da Broadway, enquanto Monroe foi retirado do sobrenome de solteira de sua mãe. Em setembro de 1946, ela se divorciou de Dougherty para poder se concentrar em sua carreira de atriz. Monroe não tinha papéis no cinema durante os seus primeiros meses de contrato, dedicou seus dias à aulas de teatro, canto e dança. Ansiosa para aprender mais sobre a indústria do cinema, ela passou uma parte de seu tempo dentro dos estúdios de gravação, observando como outros atores trabalhavam. Seu contrato foi renovado em fevereiro de 1947, e durante a Primavera deste ano recebeu seus dois primeiros papéis: nove linhas de diálogo como uma garçonete no drama Dangerous Years (1947) e uma fala na comédia Scudda Hoo! Scudda Hay! (1948). O estúdio a matriculou no Actors' Laboratory Theatre, uma escola de atuação, para lhe ensinar as técnicas do Group Theatre. O contrato de Monroe não foi renovado em agosto de 1947, e então ela voltou a modelar. Entretanto, continuou tendo aulas no Actor's Lab, e em outubro apareceu como uma mulher fatal no curta Glamour Preferred, mas esta produção não obteve qualquer tipo de divulgação. Monroe conseguiu seu segundo contrato em março de 1948, desta vez com a Columbia Pictures. De acordo com alguns biógrafos, este contrato foi arranjado pelo seu amante, o executivo da Fox, Joseph M. Schenck, cujo mesmo era amigo pessoal do chefe executivo da Columbia, Harry Cohn. Em seu novo estúdio, Monroe começou a trabalhar com a chefe dos treinadores de drama, Natasha Lytess, que permaneceu sua mentora até 1955. Ela realizou mudanças em relação à aparência de Marilyn, dentre essas estava seu cabelo, que foi pintado de loiro platinado. Seu único filme no estúdio foi Ladies of the Chorus (1948), no qual ela teve seu primeiro papel principal, onde interpretava uma cantora de coro que era cortejada por um homem rico. Durante a produção, começou um caso com seu treinador vocal, Fred Karger, que pagou uma correção em seus dentes. Apesar de fazer um papel principal, o contrato de Monroe não foi renovado. Ladies of the Chorus foi lançado em outubro e não obteve sucesso comercial. Em setembro de 1948, após o encerramento de seu contrato com a Columbia, Monroe tornou-se a protegida de Johnny Hyde, vice-presidente da William Morris Agency (WMA). Ele começou a representar seus interesses e o relacionamento entre os dois logo se tornou sexual, embora ela tenha recusado suas propostas de casamento. Com o objetivo de alavancar a carreira de Monroe, ele pagou a ela uma prótese de silicone para ser implantada em sua mandíbula e uma rinoplastia, além de organizar um papel no filme Love Happy (1950). Embora sua aparição tenha sido pequena, foi escolhida para participar da turnê promocional da produção. Monroe continuou modelando, e em maio de 1949, ela posou nua em uma sessão para o fotógrafo Tom Kelley.

Avanço no cinema

Monroe apareceu em outros cinco filmes lançados em 1950. Ela teve papéis pequenos em A Ticket to Tomahawk, Right Cross eThe Fireball, além de fazer aparições em dois filmes aclamados pela crítica; The Asphalt Jungle de John Huston e All About Evede Joseph L. Mankiewicz. No primeiro, Monroe interpretava Angela, uma jovem amante de um velho criminoso. Embora tenha aparecido por cinco minutos, ganhou uma menção na revista Photoplay e, de acordo com o biógrafo Donald Spoto, isso "mudou efetivamente sua imagem de modelo para uma atriz séria".[ Em All About Eve, pelo qual ela contracenou diretamente com Bette Davis, interpretava a senhorita Caswell, uma jovem ingênua. Depois do sucesso de Monroe, Hyde negociou um contrato de sete anos para ela com a 20th Century Fox, em dezembro de 1950. Ele morreu de um ataque cardíaco alguns dias depois, deixando-a devastada. Apesar da tristeza, o ano seguinte acabou por ser uma época que ela começava a ganhar mais visibilidade. Em março, foi apresentadora no 23ª edição do Oscar, e em setembro, a Collier's foi a primeira revista nacional a publicar um perfil completo sobre ela. Ela teve papéis coadjuvantes em quatro filmes de baixo orçamento lançado em 1951; no drama da Metro-Goldwyn-Mayer, Home Town Story, e nas comédias moderadamente bem-sucedidas da Fox, As Young As You Feel, Love Nest e Let's Make It Legal. Embora, todos os quatro filmes a destacam como um "essencial ornamento sexy", ela recebeu alguns elogios da crítica especializada, com Bosley Crowther do The New York Times descrevendo-a como "excelente", e com Ezra Goodman do Los Angeles Daily News chamando-a de "uma das mais brilhantes atrizes iniciantes" na época. Para desenvolver suas habilidades de atuação, ela começou a ter aulas com Mikhail Chekhov. Sua popularidade com o público foi aumentando; ela começou a receber milhares de cartas de fãs e foi apontada pelo jornal do exército americano, Stars and Stripes, a mulher mais desejada pelos soldados durante a Guerra da Coreia. Em sua vida privada, Monroe estava em um relacionamento com o diretor Elia Kazan. Em seu segundo ano de contrato, Monroe se tornou uma atriz que era apontado como a razão para o sucesso de bilheteria nos filmes que atuava, sendo considerada uma it girl e descrita por Hedda Hopper como a "rainha do pin-up" que se tornou a "dona das bilheterias". Em fevereiro, graças ao sucesso de público em seus filmes, foi premiada pela Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood, além de ter iniciado um romance altamente divulgado com o jogador de beisebol do New York Yankees, Joe DiMaggio, uma das mais famosas personalidades do esporte na época. No mês seguinte, causou escândalo quando revelou que havia posado para fotos nuas em 1949, cujas mesmas foram apresentadas em calendários. Para conter efeitos negativos sob a sua carreira, o estúdio publicou que ela só havia posado pois estava em uma difícil situação financeira. A estratégia conseguiu fazer com que a simpatia do público aumentasse a seu respeito, causando interesse em seus filmes. Em abril de 1952, foi destaque na capa da revista Life. Monroe conseguiu adicionar a sua reputação a imagem de sex symbol quando usou um vestido revelador durante o desfile da Miss América, e depois de afirmar ao colunista Earl Wilson que ela, normalmente, não usava roupas íntimas Durante o verão de 1952, Monroe apareceu em três filmes de sucesso comercial. O primeiro foi no drama de Fritz Lang, Clash by Night, onde interpretava um papel atípico como a funcionária de uma fábrica de conservas de peixe. Graças a esse papel, Monroe recebeu críticas posivitas por sua atuação. O The Hollywood Reporter afirmou que "ela merece destaque por sua excelente interpretação", enquanto aVariety apontava que a artista "tem uma facilidade de entrega que faz dela um alvo fácil para a popularidade". Em seguida, estrelou como uma concorrente de um concurso de beleza na comédia We're Not Married!, e como uma babá mentalmente pertubada no suspense Don't Bother to Knock. Apesar do papel ter sido desenvolvido exclusivamente para ela, foi recebido com opiniões divididas da crítica especializada, com alguns julgando-a inexperiente demais para o difícil papel, enquanto outros culpavam os problemas presentes no roteiro. Seu trabalho seguinte foi como a secretária de Cary Grant em Monkey Business, dirigida por Howard Hawks. Lançado em outubro de 1952, foi o primeiro filme a apresentá-la como uma "loira burra, inocente e inconsciente dos estragos que sua sensualidade fazia ao seu redor". O último filme de Monroe naquele ano foi em O. Henry's Full House, pelo qual teve um papel pequeno interpretando uma prostituta. Monroe ganhou uma reputação de ser difícil de trabalhar nos estúdios de filmagem, o que piorou conforme sua carreira progredia. Ela se atrasava nas gravações ou nem aparecia nos dias marcados; outras vezes não conseguia se lembrar de suas falas e exigia que a cena fosse regravada até ela estar satisfeita com o resultado. A dependência que ela tinha para com suas treinadoras de atuação irritavam os produtores. Os problemas de Monroe podem ser atribuídos a combinação de perfeccionismo, baixa autoestima, medo do palco e aumento de sua dependência à barbitúricos e anfetaminas para controlar sua ansiedade e insônia crônica. Além disso, medicamentos para ajudar a dormir e fornecer energia não eram incomuns na década de 1950, e foi alegado ser bastante comum na indústria do cinema.

Ascensão ao estrelato (1953)

Monroe estrelou em três filmes lançados em 1953, além de revitalizar sua carreira, a tornou um importante sex symbol e um dos artistas mais rentáveis de Hollywood. O primeiro deles foi o film noir gravado em Technicolor, Niagara, no qual ela interpretou uma intrigante mulher fatal que planejava assassinar seu marido, interpretado por Joseph Cotten. Na época, Monroe e seu maquiador pessoal, Allan "Whitey" Snyder, tinham desenvolvido um tipo de maquiagem que se tornou muito associado a ela; sobrancelhas arqueadas e escuras, pele pálida e lábios vermelhos e brilhantes. De acordo com historiadores, Niagara foi um dos filmes mais abertamente sexuais de sua carreira, e incluiu cenas que seu corpo estava coberto por um lençol ou uma toalha, considerado chocante por espectadores contemporâneos. Uma de suas cenas famosas é um trecho onde Monroe é filmada de costas enquanto caminha e balança os quadris, cuja foi muito utilizada no marketing da obra. Após a repercussão de Niagara, clubes de mulheres protestaram contra, alegando que era "imoral". Entretanto, aVariety revisou e considerou seu roteiro como "clichê" e "mórbido", enquanto o The New York Times opinava que "as cataratas e Monroe eram a razão para ver [o filme]", e "mesmo que ela não seja uma atriz perfeita no momento, ela pode ser sedutora, até quando anda". A atriz continuou a atrair atenção com suas roupas em eventos publicitários, uma das mais comentadas foi numa premiação da Photoplay em janeiro de 1953, onde ganhou um prêmio por ser a maior "estrela em ascensão" do cinema. Ela usava um vestido lamê dourado e colado no corpo, o que fez a veterana Joan Crawford a criticar para a imprensa, descrevendo seu comportamento como "impróprio para uma atriz e senhora” Enquanto Niagara a destacava como um sex symbol e dona de um olhar provocante, seu segundo filme no ano, Gentlemen Prefer Blondes, uma comédia musical, estabeleceu a imagem da atriz como uma "loira burra". Com base no romance best-seller de mesmo nome escrito por Anita Loos e adaptado pela Broadway, o filme é centrado em duas showgirls atraentes; Monroe como Lorelei Lee, e Dorothy Shaw interpretada por Jane Russell. Originalmente, o papel de Lorelei foi desenvolvido paraBetty Grable, que era a mulher loira mais "popular" da 20th Century-Fox na década de 1940;com o rápido desenvolvimento de Monroe como uma artista popular, foi escolhida para o papel pois conseguiria o "apelo" tanto do público masculino como o feminino. Como parte da campanha de divulgação da obra, ela e Russell imortalizaram suas mãos e pés num concreto do lado de fora do Grauman's Chinese Theatre, em junho de 1953. Gentlemen Prefer Blondes foi lançado pouco depois e se tornou um dos maiores sucessos de bilheteria daquele ano, arrecadando mais de 5.3 milhões de dólares, mais que o dobro dos custos para sua produção. Bosley Crowther do The New York Times e William Brogdon da Variety responderam favoravelmente o desempenho de Monroe, especialmente por sua interpretação na canção "Diamonds Are a Girl's Best Friend".De acordo com Brogdon, ela demonstrou "a capacidade do sexo em uma música, bem como por apontar os valores de uma cena apenas com sua presença". Em setembro de 1953, Monroe fez sua estreia na televisão no programa Jack Benny Show, intepretando a "mulher dos sonhos" de Jack no episódio "Honolulu Trip". No seu último filme do ano, How to Marry a Millionaire, ela contracenava com Betty Grable e Lauren Bacall. Lançado em novembro, apresentava Monroe num papel de modelo ingênua que, ao lado de suas amigas, tentavam encontrar maridos ricos, repetindo a fórmula de sucesso de Gentlemen Prefer Blondes. Foi o segundo filme lançado emCinemaScope, que era um formato widescreen que estúdios de cinema esperavam chamar atenção do público de volta aos cinemas, naquela época a televisão começava a causar perdas de público. Apesar de críticas mistas, o filme foi o maior sucesso de bilheteria da carreira de Monroe até então, com mais de 8 milhões de dólares. Em 1953 e 1954, Monroe foi listada como a estrela feminina que mais fazia dinheiro na indústria do cinema, de acordo com o historiador Aubrey Solomon, ela se tornou o "maior patrimônio" do estúdio 20th Century-Fox, ao lado do próprio CinemaScope. A posição da atriz como um símbolo de liderança feminina foi confirmado quando Hugh Hefner a colocou como destaque da primeira edição da revista Playboy. A imagem escolhida foi uma fotografia dela no desfile de Miss América em 1952, além de ter colocado uma de suas fotos nuas de 1949 como páginas centrais da mesma revista.

Conflitos e segundo casamento

Embora Monroe tenha se tornado uma das maiores estrelas da 20th Century-Fox, seu contrato não havia mudado desde 1950, o que significava que ela recebia muito menos do que outras atrizes de cinema de sua estatura e não poderia escolher os seus projetos e colegas de trabalho. Naquele ponto da carreira, encontrava-se cansada de ser estereotipada, e estava sempre tentando aparecer em filmes cujos gêneros não fossem comédias ou musicais; porém as tentativas eram frustradas. Quando se recusou a filmar outra comédia musical, a versão cinematográfica de The Girl in Pink Tights, pelo qual ela iria contracenar com Frank Sinatra, o estúdio decidiu suspensá-la em 4 de janeiro de 1954. A suspensão foi notícia de primeira página em diversos jornais e Monroe começou uma campanha de publicidade para combater qualquer informação negativa a seu respeito e reforçar a sua posição no conflito. Em 14 de janeiro de 1954, ela e Joe DiMaggio, cuja relação tinha sido objeto de constante atenção da mídia desde 1952, se casaram na Prefeitura de São Francisco. Em seguida, viajaram até o Japão, combinando uma lua de mel com uma viagem de negócios. De lá, ela viajou até a Coreia, onde cantou músicas de seus filmes passados, como parte de um show para 70 mil marinheiros norte-americanos durante um período de quatro dias. Em fevereiro, quando voltou a Hollywood, foi premiada pela Photoplay como a atriz mais popular do cinema. Em março, Monroe e o estúdio chegaram a um acordo, onde ela ganhava um novo contrato, bem como ganharia o papel de protagonista na adaptação da peça da Broadway, The Seven Year Itch, cujo mesmo ela recebia ainda um bônus de 100 mil dólares. No mês seguinte, foi lançado um filme que ela havia gravado antes de ser suspensa pelo estúdio, tratava-se de River of No Return, dirigido por Otto Preminger, onde dividia os holofortes com Robert Mitchum. Apesar de não ter gostado do resultado, o projeto foi bem-sucedido com o público. O primeiro trabalho que ela fez após seu retorno foi no musical There's No Business Like Show Business, que ela foi forçada a estrelar por não ter gravado The Girl in Pink Tights. Entretanto, seu desempenho foi criticado, além de apontado por muitos como "vulgar". Em setembro de 1954, Monroe começou a filmar a comédia The Seven Year Itch, no qual ela contracenou com Tom Ewell e interpretou uma mulher que se torna objeto de fantasias sexuais do seu vizinho casado. Embora o filme tenha sido produzido em Hollywood, o estúdio decidiu gerar publicidade antecipada, encenando a filmagem de uma das cenas na Avenida Lexington, em Nova Iorque. Nele, a atriz está em pé sobre uma grade de metrô com o ar saindo e levantando o seu vestido. A filmagem durou várias horas e atraiu uma multidão ao local, incluindo fotógrafos profissionais. Apesar do golpe publicitário ter colocado Monroe em páginas de jornais em todo o mundo, marcou o fim de seu casamento com DiMaggio, que se irritou com a exposição e a cena. Os autores Spoto e Banner afirmam que ele era fisicamente abusivo com a atriz. Quando voltou a Hollywood, ela contratou o advogado Jerry Giesler e anunciou que ela estava pedindo divórcio em outubro de 1954. The Seven Year Itch foi lançado na época e arrecadou mais de 4.5 milhões de dólares em bilheteria, tornando-se um dos maiores sucessos do verão. Após o fim dos eventos publicitários com o filme, Monroe começou uma nova batalha para controlar sua carreira, onde ela e o fotógrafo Milton Greene fundaram sua própria produtora, Marilyn Monroe Productions (MMP), uma ação que pode ter sido o "instrumento" de colapso na relação entre ela e seu estúdio. Monroe e Greene afirmaram que ela não fazia mais parte da Fox, já que o mesmo não cumpriu suas promessas de bônus. A batalha legal durou um ano e, a atriz foi ridicularizada pela imprensa por sua atitude. Ainda em 1955, Monroe dedicou o ano para estudar a arte. Se mudou para Nova Iorque e começou a ter aulas de interpretação com Constance Collier e estudou método de atuação no Actors Studio, cujas aulas eram dirigidas por Lee Strasberg. Ela se tornou próxima de Strasberg e sua esposa Paula, recebendo aulas particulares em sua casa devido a sua timidez. Logo começou a agir como se fosse membro da família. Os Strasbergs permaneceram tendo uma forte influência sobre ela até o fim de sua carreira. Monroe começou a passar por psicanálise, pois Lee acreditava que um ator deveria enfrentar seus traumas emocionais e usá-los em suas interpretações. Para se manter no olho do público, Monroe continuou a praticar publicidade de si mesma ao longo do ano. Em sua vida privada, ela manteve seu relacionamento com DiMaggio, mesmo com o processo de divórcio correndo pelos tribunais, além de desenvolver casos com o ator Marlon Brando e o dramaturgo Arthur Miller. O envolvimento com este último se tornou cada vez mais forte quando o seu divórcio foi finalizado e Miller se separou de sua esposa. No final do ano, Monroe e a Fox chegaram a um acordo definitivo. Ela ganhou um contrato de sete anos que exigia que ela fizesse quatro filmes para o estúdio durante eles, prometendo que a cada obra ela receberia mais de 100 mil dólares, teria direito de escolha sobre o conteúdo de seus próprios projetos, diretores e produtores.

Aclamação crítica e terceiro casamento (1956–59)

Monroe iniciou seu ano de 1956 anunciando sua vitória contratual sobre a 20th Century-Fox, o que levou a revista Time a chamá-la de "uma empresária astuta" durante uma publicação. Em março, ela mudou oficialmente seu nome para Marilyn Monroe. Seu relacionamento com Arthur Miller recebeu comentários negativos da imprensa, mas a atriz manteve-se firme e acabou se casando com ele em White Plains, Nova Iorque, em 29 de junho. Dois dias depois, além de oficializarem a união numa cerimônia judaica, Monroe se converteu à religião, o que fez o Egito proibir a exibição de todos os seus filmes. A mídia reagiu negativamente frente ao casamento, e viu a união como "incompatível", dada a imagem da estrela como uma "loira burra" e a de Miller como um "intelectual". O primeiro filme que Monroe fez sob o seu novo contrato foi Bus Stop, lançado em agosto de 1956. Ela interpretou Chérie, uma cantora de salão cujos sonhos de se tornar uma estrela eram frustrados quando um cowboy ingênuo se apaixona por ela. Para o papel, ela aprendeu o sotaque Ozark, e escolheu figurinos e maquiagem que fossem diferentes do glamour de seus filmes anteriores. Joshua Logan, conhecido por dirigir peças da Broadway, concordou em dirigir o filme, apesar de duvidar de suas habilidades de atuação e receoso com seu comportamento difícil de lidar. As filmagens foram realizadas em Idaho e no Arizona durante a Primavera, e só iniciaram depois que Logan adaptou o seu roteiro de acordo com o perfeccionismo de Monroe, além de deixar que ela executasse a produção do jeito que ela queria. Bus Stop tornou-se um sucesso de bilheteria, arrecadando mais de 4.25 milhões de dólares, além de ter recebido críticas favoráveis. Bosley Crowther do The New York Times se mostrou impressionado com o desempenho de Monroe, e proclamou durante um artigo: "Segurem-se na cadeira todos e preparem-se para uma surpresa chocante pois [Marilyn] Monroe finalmente revelou-se uma atriz". Graças a opiniões positivas da crítica e do público, a atriz conseguiu ser indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz – Comédia ou Musical. Em agosto de 1956, Monroe começou a filmar a primeira e única produção independente pela MMP, The Prince and the Showgirl, nos Pinewood Studios, na Inglaterra. A obra é baseada na peça The Sleeping Prince de Terence Rattigan, que fala sobre o caso entre uma showgirl e um príncipe, durante os anos de 1910. Inicialmente, os papéis principais ficariam a cargo de Laurence Olivier e Vivien Leigh, cuja última foi substituída por Monroe. A produção e direção foram completadas por Olivier, o que acabou gerando conflitos diretos dele com a atriz. Ele a irritou quando declarou que "tudo que ela tinha que fazer é ser sexy". As discussões aconteciam por Olivier não gostar da constante presença de Paula Strasberg, professora de atuação de Monroe, no estúdio. Em retaliação ao que ela considerava um comportamento "condescendente" de Olivier, a atriz começou a chegar tarde nas gravações e tornou-se pouco produtiva. Na época, seu uso de drogas aumentou e, de acordo com historiadores, ela engravidou e sofreu um aborto. Apesar das dificuldades, o filme foi concluído e lançado em junho de 1957. Apesar de ter sido bem recebido pela Europa, se tornou impopular tanto pelo público como pela imprensa norte-americana. Com a obra, ela recebeu uma indicação ao prêmio italiano David di Donatello. Depois de voltar da Inglaterra, Monroe resolveu dar uma pausa em seus trabalhos durante 18 meses para se concentrar na vida de casada. Além disso, durante o verão de 1957, voltou a ficar grávida; porém, por ser uma gravidez ectópica, teve que ser realizado um aborto. Um ano depois, ela sofreu outro aborto espontâneo. Seus problemas ginecológicos foram, em grande parte, causados pela endometriose, uma doença que ela sofreu ao longo de sua vida adulta. Durante a pausa, ela comprou a parte de Milton Greene na MMP, já que eles não conseguiam resolver suas divergências. Em julho de 1958, Monroe voltou para Hollywood para atuar ao lado de Jack Lemmon e Tony Curtis na comédia de Billy Wilder, nomeadaSome Like It Hot. Embora tenha considerado o papel semelhante ao estereotipo de "loira burra", ela aceitou devido ao incentivo de Miller e a oferta de receber 10% dos lucros do filme, além de seu salário padrão. Muitas dificuldades foram encontradas até seu término. A atriz exigia que suas cenas fossem regravadas diversas vezes e ainda não se lembrava de suas falas e os gestos que deveria fazer. Em uma entrevista que tornou-se famosa, Curtis afirma que gravou tantas vezes a mesma cena que beijá-la foi como "beijar o Hitler". Muitos dos problemas eram resultados de conflitos com Wilder, que tinha uma reputação de ser difícil. A insegurança de Monroe fez com que seu medo do palco piorasse, chegando a pedir que Wilder alterasse várias cenas. O resultado da interpretação de Monroe agradou Wilder, que afirmou: "Qualquer um pode se lembrar as falas [de algo], mas é preciso ser um verdadeiro artista para vir ao palco sem lembrar nada e ainda dar o desempenho que ela deu". Apesar das dificuldades na produção, quando Some Like It Hot foi lançado em março de 1959, ele se tornou um sucesso comercial e de crítica. A atuação de Monroe lhe rendeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz, com a Varietyafirmando que ela era "uma comediante que combinava sex appeal e que, não poderia ser batida". Além disso, o filme foi eleito um dos melhores já feitos, de acordo com o American Film Institute e o British Film Institute.Após uma pausa até o final de 1959, ela voltou para estrelar na comédia musical Let's Make Love, que fala sobre uma atriz e um milionário que se apaixonam quando se apresentam em uma peça satírica. Ela escolheu George Cukor para dirigir, mas Miller decidiu reescrever todo o seu roteiro pois havia considerado o resultado final um tanto "fraco". Além disso, a atriz só aceitou fazer parte do elenco porque ela tinha que continuar seu contrato com a Fox, já que fez apenas um filme dos quatro prometidos. Durante o desenvolvimento da obra, sua produção chegou a ser adiada diversas vezes por ausências frequentes de Monroe. Na época, ela teve um caso com Yves Montand, seu par na produção, cujo envolvimento foi amplamente divulgado pela imprensa e usado na campanha publicitária do filme. Após o seu lançamento, em setembro de 1960, Let's Make Love não foi recebido favoravelmente pelo público, tampouco pela crítica. Bosley Crowther do The New York Times notou que a atriz parecia "um pouco desarrumada" e que "faltava... o seu antigo dinamismo", enquanto Hedda Hopper do Chicago Tribune o descrevia como "o filme mais vulgar que ela já fez". Logo em seguida, o escritor Truman Capote estava planejando colocá-la para intepretar Holly Golightly em uma adaptação cinematográfica de Breakfast at Tiffany's, mas o papel acabou indo para Audrey Hepburn, já que seus produtores temiam que Monroe complicasse sua produção. O último filme concluído por Monroe foi na produção de John Huston, The Misfits, cujo mesmo Miller tinha escrito para fornecer a ela um papel dramático. Ela interpretou uma mulher recentemente divorciada que se tornava amiga de três cowboys velhos, interpretado por Clark Gable, Eli Wallach e Montgomery Clift. Suas filmagens foram realizadas no deserto de Nevada, entre julho e novembro de 1960 e tiveram complicações. Na época, o casamento de quatro anos entre Monroe e Miller havia acabado definitivamente, com ele iniciando um novo relacionamento logo em seguida. Monroe não gostava da ideia de ele ter baseado seu papel, em partes, em sua própria vida, e achou que sua parte no elenco era bastante inferior aos papéis masculinos. Ela lutava contra o hábito que Miller tinha em reescrever cenas durante a noite antes das filmagens. A saúde de Monroe complicava o desenvolvimento da trama. Ela sentia dores causadas por pedras na vesícula, e sua dependência de drogas era tão grave que a maquiagem tinha que ser aplicada enquanto ela ainda estava sob o efeito de barbitúricos. The Misfits só foi lançado em fevereiro de 1961, tornando-se um fracasso de bilheteria. Seus comentários foram divididos, Bosley Crowther chamou a interpretação de Monroe como "completamente em branco e insondável". Apesar das críticas que recebeu na época de seu lançamento, o British Film Institute o nomeou como um "clássico" em 2015. O próximo trabalho de Monroe seria estrelar na adaptação televisiva do conto Rain, escrito por W. Somerset Maugham, para a NBC; porém o projeto não deu certo, pois o canal se recusava a contratá-la a escolha do diretor Lee Strasberg. Ao invés de trabalhar, passou grande parte do seu ano preocupada com problemas de saúde, sendo submetida a cirurgias para sua endometriose e uma colecistectomia, além de passar quatro semanas sob os cuidados hospitalares, incluindo um breve período que passou num hospital psiquiátrico para cuidar de sua depressão. Durante este tempo, ela recebeu a ajuda de seu ex-marido Joe DiMaggio – com quem ela não tinha contato desde a finalização de seu divórcio em 1955 –, reatando a amizade entre eles. Na Primavera de 1961, Monroe voltou para Los Angeles definitivamente depois de seis anos em Nova Iorque, quando começou um relacionamento com Frank Sinatra. Monroe retornou aos olhos do público em 1962; ela recebeu um prêmio especial por sua contribuição à indústria do cinema pelo Globo de Ouro e começou a filmar um novo filme para a 20th Century-Fox no final de abril, Something's Got to Give, uma regravação de My Favorite Wife (1940). O filme foi programado para ser produzido através da MMP, sendo que a atriz iria contracenar com Dean Martin e Cyd Charisse. Ela esteve ausente durante as duas primeiras semanas de filmagens devido à gripe; biógrafos atribuem sua ausência à sinusite ou sua dependência em drogas. Em 19 de maio, ela fez uma pausa nas gravações para cantar "Happy Birthday" no palco daMadison Square Garden, durante uma festa de aniversário para o então presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy. Ela chamou atenção do público devido o seu vestido que era bege, colado e coberto por falsos brilhantes. Historiadores concordam que ela teve um caso com Kennedy em algum momento dos seus últimos dois anos de vida, embora discordem de sua duração e importância. Quando voltou para as gravações, Monroe filmou uma cena que ela nadava nua em uma piscina. Para gerar publicidade antecipada, a imprensa foi convidada a tirar fotografias da gravação que foram publicadas mais tarde; esta havia sido a primeira vez que uma grande estrela posava nua no auge de sua carreira. Depois que a artista se ausentou por vários dias das filmagens, o estúdio voltou a demiti-la em 7 de junho, processando-a por quebra de contrato, exigindo mais de 750 mil dólares em danos. Seu papel foi entregue para Lee Remick, mas depois que Martin se recusou a fazer o filme com alguém que não fosse Monroe, a Fox o processou e decidiu cancelar a produção. O estúdio culpou a toxicodependência de Monroe e a sua suposta falta de profissionalismo, além de alegar que ela estava mentalmente perturbada. Para contrapor as afirmações, Monroe se envolveu em empreendimentos de publicidade, incluindo entrevistas a Life e Cosmopolitan, bem como sua primeira sessão de fotos para a Vogue. Para está, Monroe e o fotógrafo Bert Stern colaboraram em duas sessões fotográficas, uma delas no editorial de moda padrão e a outra em fotos nuas, que foram publicadas postumamente com o título de The Last Sitting. Em suas últimas semanas de vida, Monroe começou a negociar com a Fox para voltar a filmar Something's Got to Give, além de fazer planos para estrelar What a Way to Go! (1964) e um filme biográfico sobre Jean Harlow.

Morte

Monroe foi encontrada morta no quarto de sua casa em Los Angeles por seu psiquiatra Ralph Greenson, nas primeiras horas da manhã de 5 de agosto de 1962. Greenson havia sido chamado para lá pela empregada Eunice Murray, que estava dormindo no trabalho e acordou às 03:00 "sentindo que algo estava errado". Murray tinha visto a luz debaixo da porta do quarto de Monroe, mas ela não obteve resposta quando a chamou e encontrou a porta trancada. A morte foi confirmada oficialmente pelo médico Hyman Engelberg, que chegou na casa por volta das 03:50, notificando somente às 04:25 o Departamente de Polícia de Los Angeles. O Departamento de Examinação Médica acompanhou a investigação de sua morte por peritos da Prevenção de Suicídio de Los Angeles. Foi estimado que Monroe havia morrido entre 20:30–22:30, sendo que a análise toxicológica concluiu que a causa de sua morte foi intoxicação por barbitúricos, já que ela tinha 8 mg de hidrato de cloral e 4,5 mg de pentobarbital em seu sangue, com outros 13 mg de pentobarbital em seu fígado. Frascos vazios contendo estes medicamentos foram encontrados ao lado de sua cama. A possibilidade de Monroe ter tido uma overdose acidental foi descartada, pois as dosagens encontradas em seu corpo foram várias vezes acima do limite letal. Os médicos e psiquiatras que conviveram com ela afirmam que a atriz era propensa a "medos graves e depressões frequentes" com mudanças de humor "abruptas e imprevisíveis", além de ter sofrido overdose diversas vezes no passado, possivelmente intencionalmente. Devido a esses fatos e a falta de qualquer indício de crime, sua morte foi classificada como um provável suicídio. A morte inesperada de Monroe foi notícia de primeira página nos Estados Unidos e na Europa. De acordo com a autora Lois Banner, "dizem que a taxa de suicídio em Los Angeles dobrou após a confirmação de sua morte, bem como a circulação da maioria dos jornais que eram expandidos naquele mês", enquanto o Chicago Tribune informava que haviam recebido centenas de telefonemas de membros da informação pública falando sobre sua morte. O escritor francês Jean Cocteau comentou que o falecimento da atriz "deveria servir como uma terrível lição a todos aqueles cuja ocupação é composta por espionar e atormentar [a vida das] estrelas de cinema". Laurence Olivier, com quem contracenou em The Prince and the Showgirl (1958), a considerou como a "maior vítima do sensacionalismo"; enquanto o diretor Joshua Logan – que trabalhou com ela em Bus Stop – afirmava que "ela foi uma das pessoas menos valorizadas do mundo". Seu funeral foi realizado no Westwood Village Memorial Park Cemetery em 8 de agosto de 1962, que foi fechado ao público para o comparecimento de amigos próximos. O velório foi organizado por Joe DiMaggio e sua gerente de negócios Inez Melson. No mesmo dia, centenas de espectadores lotaram as ruas ao redor do cemitério. Monroe foi enterrada na cripta de número vinte e quatro no Corredor de Memórias.Várias teorias conspiratórias sobre a morte de Monroe foram apresentadas nas décadas seguintes, incluindo assassinato e overdose acidental. As especulações de homicídio ganharam a atenção da mídia com a publicação de Marilyn: A Biography (1973), escrito por Norman Mailer, o que impulsionou a justiça de Los Angeles a realizar uma "investigação limiar" em 1982. No entanto, nenhuma evidência de crime realizado por alguém foi encontrada. Mesmo após as investigações, uma das mais conhecidas teorias apareceu, onde coloca Robert F. Kennedy como o autor do crime, cujo mesmo teria ordenado que ela fosse morta para que não relevasse seus segredos e os de seu irmão, John F. Kennedy. De acordo com os autores que espalharam a teoria com o lançamento do livro The Murder of Marilyn Monroe: Case Closed (2014), sua morte teria sido causada por uma injeção letal inserida no coração, tendo a participação de seu psiquiatra e do então cunhado dos Kennedy, o ator Peter Lawford.

Imagem pública

Ao começar a desenvolver a imagem de Monroe, o estúdio 20th Century-Fox queria que ela pudesse substituir Betty Grable, sua atriz loira mais popular da década de 1940, já que a mesma estava envelhecendo. Enquanto os anos de 1940 havia sido o auge das atrizes "resistentes e espertas", tais como Katharine Hepburn e Barbara Stanwyck, que rendia audiência para os filmes, o estúdio queria que Marilyn fosse uma estrela da nova década, alguém que chamasse o público masculino para as salas de cinema. Ela desempenhou um papel significativo na criação de sua imagem pública, desde o início até o fim de sua carreira. Monroe foi responsável por muitas de suas estratégias publicitárias, amizades cultivadas com colunistas sociais e o uso correto de sua imagem. Além de Grable, ela foi muitas vezes comparada a outra atriz loira, estrela do cinema nos anos de 1930, Jean Harlow. A comparação foi motivada pela própria Monroe, que nomeou Harlow como o seu "ídolo de infância", queria interpretá-la nos cinemas e chegou a contratar a cabeleireira de Harlow para pintar o seu cabelo. A atriz ter sido influenciada por Mae West, afirmando: "Eu aprendi alguns truques com ela – essa impressão de rir ou estar zombando de sua própria sexualidade". A imagem pública de Monroe foi normalmente centrada em seus cabelos loiros e os estereotipos associados a eles, como "burrice", disponibilidade sexual e artificialidade. Tendo iniciado sua carreira como uma modelo pin-up, esse estilo passou para os filmes que atuava, o que facilitou o modo como o público a notava. O autor Richard Dyer observou que a atriz foi posicionada de modo que sua silhueta estivesse em destaque, e em muitas de suas fotos publicitárias ela foi colocada como uma garota pin-up. Seu distinto modo de andar balançando os quadris chamava atenção para o seu corpo. As escolhas de roupa que Marilyn fazia desempenhou um papel importante em sua imagem de estrela. Ela, usava roupas brancas para enfatizar seus cabelos loiros, além de chamar atenção por onde passava com suas roupas reveladoras. Seus golpes de publicidade girava em torno de sua roupa expondo grande parte de seu corpo; um exemplo em especial aconteceu quando a alça de um de seus vestidos se rompeu durante uma conferência de imprensa, em 1956. Para enfatizar sua "inocência" e "burrice", Monroe usava uma voz sussurrada e infantil em seus filmes, além de desenvolver conversas de duplo sentidodurante entrevistas, cuja mesma foi conhecida como "Monroeismo". Ela foi retratada como a personificação do "sonho americano", como uma garota que havia saído de sua infância miserável para o estrelato de Hollywood. Histórias de sua infância passada em famílias adotivas e orfanatos foram exageradas e, parcialmente, inventadas em suas biografias para atrair o público. De acordo com o roteirista Thomas Harris, suas raízes de classe operária e a falta de uma família sólida a fazia ser destacada como uma "companheira ideal", ao contrário de Grace Kelly, que foi comercializada como uma loira atraente, mas devido à suas raízes de classe alta, ela passou a ser vista como uma atriz sofisticada e inatingível para a maioria dos espectadores do sexo masculino.De acordo com Dyer, Monroe tornou-se, praticamente, "um nome familiar para se referir ao sexo" e "sua imagem foi o fluxo de ideias sobre moralidade e sexualidade que caracterizavam os anos 50 na América", sendo usadas em assuntos sobre o sexo em Estudos de Kinsey (1953) e no livro The Feminine Mystique (1963), escrito por Betty Friedan. Segundo ele, a imagem da estrela foi criada para a visão masculina, onde seus trabalhos no cinema eram referidos como "a garota", definindo-a exclusivamente por seu gênero.Seus papéis eram quase sempre de coristas, secretárias ou modelos; profissões que "a mulher está em destaque para o prazer dos homens". Dyer vê Monroe como o primeiro sex symbol a combinar naturalidade e sexualidade, diferente das mulheres fatais dos anos de 1940. A autora Molly Haskell escreveu que "[Marilyn] era a ficção dos anos cinquenta, a mentira de que uma mulher não tinha necessidades sexuais e que ela estava lá para atender, ou melhorar, as necessidades de um homem". Ela afirma que até sua morte, a atriz era menos popular entre as mulheres do que com os homens, já que eles "não poderiam se identificar com ela e não apoiá-la". A importância de seus cabelos loiros na sua imagem pública foi analisada por historiadores de cinema. Dyer tem argumentado que o cabelo loiro platinado tornou-se uma característica definitiva de Monroe porque isso fazia dela "racialmente ambígua" e exclusivamente branca, e que ela poderia ser vista como uma figura emblemática do racismo na cultura popular do século XX. Lois Banner concorda que pode não ser uma coincidência que Monroe tenha lançado a tendência dos cabelos platinados justamente na época que o Movimento dos Direitos Civis dos Negros estavam ganhando força. Banner nota que Monroe às vezes desafiava normas raciais em suas fotografias de publicidade, especialmente numa imagem em que ela está diretamente olhando e cantando com roupas reveladoras ao lado do artista afro-americano Phil Moore. Além de ser um sex symbol, Monroe foi apontada como uma estrela especificamente americana, "se tornando parte da cultura dos Estados Unidos, ao lado de cachorro-quente, torta de maçã e beisebal", de acordo com a revista Photoplay. A historiadora Fiona Handyside escreve que o público feminino francês da atriz se identificaram com a sua cor branca e seus cabelos loiros, e assim Monroe passou a simbolizar uma "mulher moderna" para elas. A autora Laura Mulvey escreveu que a estrela serviu para "resumir em uma única imagem a complexa interface da economia, política e erotismo da América para a Europa, que estava empobrecida por conta do final da Segunda Guerra. Para lucrar com a popularidade de Monroe, diversos estúdios tentaram lançar atrizes parecidas com ela, incluindo Jayne Mansfield, Mamie Van Doren eKim Novak.

Legado

De acordo com o livro The Guide to United States Popular Culture, "como um ícone da cultura popular americana, [são] poucos os rivais de Marilyn Monroe em popularidade, incluindo Elvis Presley e Mickey Mouse [...] nenhuma outra estrela já inspirou uma vasta gama de emoções — da luxúria à piedade, da inveja ao remorso". O American Film Institute a nomeou como a sexta maior lenda da história do cinema dos Estados Unidos, enquanto o Smithsonian Institution a incluiu na lista dos norte-americanos mais significantes de todos os tempos. Além disso, a revista Variety e o canal VH1 a considera um dos maiores ícones da cultura popular do século XX. Centenas de livros foram escritos sobre Monroe, além de ter sido o tema principal para filmes, peças de teatro, óperas e canções; ela é creditada como a maior influência de diversos artistas, incluindo Andy Warhol e Madonna. Monroe continua sendo uma marca valiosa; sua imagem e nome foram licenciados para centenas de produtos, e ela tem sido destaque em publicidades para corporações multinacionais, como Max Factor, Chanel, Mercedes-Benz e Absolut Vodka. A popularidade duradoura de Monroe está ligada à sua imagem pública em conflito. Por um lado, ela continua sendo considerada um sex symbol, ícone de beleza e uma das mais famosas estrelas de cinema clássico de Hollywood. Por outro lado, é lembrada por sua vida pessoal conturbada, infância instável, luta pelo respeito profissional, sua morte e as teorias conspiratórias que a rodeiam. Monroe tem sido a base de estudos por jornalistas interessadas em gênero e feminismo, como Gloria Steinem, Jacqueline Rose, Molly Haskell, Sarah Churchwell e Lois Banner. Algumas, como Steinem, tem observado a participação de Monroe como uma vítima dos sistemas de estúdios de cinema e a objetificação das mulheres em meados do século XX nos Estados Unidos. Outras, como Haskell, Rose e Churchwell, pelo contrário, tem destacado a importância do estúdio na carreira da atriz. Devido ao contraste entre seu estrelato e sua vida pessoal conturbada, Monroe está intimamente ligada às discussões mais amplas sobre fenômenos modernos, tais como meios de comunicação social, cultura do consumo e a fama. De acordo com a acadêmica Susanne Hamscha, por conta de sua contínua relevância para as discussões em cursos sobre a sociedade moderna, a atriz "nunca é completamente situada em um momento ou lugar", mas tornou-se "uma superfície sobre a qual relatos da cultura americana podem ser (re)construídas" e "funciona como um tipo cultural que pode ser reproduzido, transformado e traduzido em novos conceitos promulgados por outras pessoas". Da mesma forma, Banner descreve Marilyn como um "metamorfo eterno", que é "recriado por cada geração e cada indivíduo baseado em suas próprias especificações". Apesar de Monroe continuar sendo um ícone cultural, os críticos ainda sentem-se divididos quanto ao seu legado como uma atriz. David Thomson descreveu seu corpo de trabalho como "sem substância", enquanto Pauline Kael escreveu que ela não sabia atuar, mas "usou a sua falta de habilidades para divertir o público". "Ela teve a sagacidade, grosseria ou desespero em fazer o que os outros que tiveram 'bom gosto' não fariam", completou Kael. Peter Bradshaw escreveu que a atriz "foi uma comediante talentosa que entendia como a comédia alcançava seus efeitos". Jonathan Rosenbaum afirmou que "ela sutilmente revertia o conteúdo sexista dos seus trabalhos" e que "a dificuldade que algumas pessoas tem em reconhecer Monroe como atriz é enraizada na ideologia de uma época repressiva, quando as mulheres super femininas não deveriam ser inteligentes". Em 2012, no aniversário de cinquenta anos de sua morte, sua imagem foi usada nos cartazes promocionais do Festival de Cannes, apesar do fato de nunca ter frequentado a cerimônia e, apenas um de seus filmes, All About Eve (1950), ter sido exibido.

Vinicius Moratta
Enviado por Vinicius Moratta em 02/06/2016
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