DESTINO MUDADO???

Mamãe em 1972 era uma jovem de 20 anos. Eu já estava em seus braços , quase coloquei ela, papai e Vovó Marizete loucos, disseram que eu chorava quase que dia e noite até os 3 meses.

Eu acho que era vontade de falar.

Tem horas que acho que já era saudade de outros mundos e de outras vidas.

Papai me disse um dia, que o maior pecado que cometera, foi um dia ter tido vontade de me jogar longe, através da janela.

Tenho certeza que foi um segundo de loucura, extrapolado o cansaço, nunca duvidei de seu grande e incondicional amor.

Nesta mistura de sentimentos, minha jovem mãe, um belo dia, recebe no portão uma linda cigana que se oferecera para ver sua sorte.

Ela mais do que depressa recebe a cigana dentro de casa e seguindo as instruções da moça, põe um copo de água sobre a mesa, coberta com um pano branco e fica olhando dentro do copo, pois lá, ela iria ver a imagem do seu futuro.

Ela não sabe quanto tempo ficou ali, hipnotizada, mas quando saiu daquela sensação de transe, claro, ouvia eu chorando, gritando no berço e depois de correr para tentar me acalmar, tristemente constatou a falta do meu enxoval e de vários mantimentos.

Todas as vezes que ela narrou esta história, agradecia à Deus por eu não ter sido levada.

Eu sempre ficava pensando que tipo de ciganinha teria me tornado.

Imaginava-me lindamente vestida, com saias de muitas cores e com um belo cavalo. Sonhava com festas sob a luz da lua e rostos iluminados pela fogueira. Às vezes, até sentia cheiro de flores.

Esse pensamento, acompanhado do desejo de ter experimentado outro tipo de vida, muitas vezes me absorve.

Sempre vivi em Santo André e já perdi a conta de quantas mudanças de casas eu fiz. Adoro uma mudança e sinceramente me angustia pensar que algum dia poderia ficar presa a uma casa, seja lá qual fosse o motivo que impedisse essa troca.

Será que aquela cigana abortou a missão de me levar porque eu chorava muito?