Homenagem ao Pai-Mestre Andrade Sucupira

José de Andrade Sucupira, conhecido como Andrade Sucupira nos meios jornalístico e literário, faleceu no dia 18 de agosto de 2007 (aos 102 anos), na cidade Neópolis, Sergipe. Foi sepultado em Pacatuba – SE, mesma localidade onde nasceu em 19 de março de 1905.

Foi jornalista profissional, registrado sob o nº 55 na DRT do Espírito Santo, ou seja, participante do grupo fundador da Associação dos Jornalistas Profissionais do Espírito Santo, hoje sindicato. Trabalhou no jornal A Gazeta (década de 50), além dos extintos Folha Capixaba, Correio Trabalhista, O Democrata, entre diversos outros no ES.

Atuou intensamente em jornais do Nordeste, destacando-se “O Progresso” de Itabaiana-SE, “Pequeno Jornal” de Ilhéus-BA e “O Itapira” e “O Nordeste”, de Aracaju. Parte de sua significativa atuação no Estado de Sergipe está registrada no livro "Santas Almas de Itabaiana", que pode ser lido no seguinte endereço: http://www.guiadeitabaiana.com.br/2007/artigos/santas_almas.pdf

ou http://www.guiadeitabaiana.com.br/2007/itabaiana_anteriores.php?id=29

Andrade Sucupira foi também secretário-geral do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (1957) e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Pertenceu a diversas outras entidades, como “Ateneu Angrense de Letras e Artes” (Angra dos Reis-RJ), “Casa do Poeta Lampião de Gás”, São Paulo, “Ordem dos Poetas de Cordel – Salvador-BA, Associação Canela Verde de Cultura (Vila Velha-ES), União Brasileira de Trovadores. Poeta, cronista, contista, trovador, cordelista e haicaísta, publicou parte de seus escritos na coletânea “Anuário de Poetas do Brasil”, nas edições de 1980 a 1986, e em vários jornais e revistas em todo o país.

Abaixo, alguns dos escritos de Andrade Sucupira:

CONTRASTE

No Natal, cena avistada,

enquanto a massa burguesa

exibe luxo, riqueza,

nos cultos da madrugada,

na choça, humilde, calada,

sem pouso e luz, sem nobreza,

geme faminta a pobreza,

sem arrimo, desprezada.

Certeza vem do Nascente...

de Cristo a voz, novamente,

nos panos do nascedouro:

- Em vez de luxo e festança,

dê-se aos pobres, sem tardança,

trabalho, pão, paz...e ouro.

O PRINCÍPIO E O FIM

O Princípio e o Fim saíram, um dia,

de seu trono de luz e de nobreza,

a ver, enfim, se em toda a Natureza

algo faltava ou nada faltaria.

No céu tudo perfeito, em harmonia.

Pelos espaços nada de tristeza...

E eles contemplam, mudos, a beleza

desse mundo imortal que os extasia .

O Princípio e o Fim olharam à terra...

- O homem, quem de Deus a obra encerra,

já não quer paz, justiça e liberdade.

O Fim: - O homem é um erro de princípio?

É o princípio e o fim – disse o Princípio.

E recolheram-se à eternidade.

SERGIPE

Numa escura manhã, de quando em quando,

uma estrela do céu te iluminava,

o trem de ferro em marcha ia apitando,

e eu com destino incerto caminhava.

A vida em si, no tempo tropeçando,

rude, intranqüila, cabeçuda e calva,

não teve ensejo de, de quando em quando,

rever o ninho...o tal que ela deixava.

Peço-te aceitar, pois, braços abertos,

esta saudade grande, que te oferto

porque talvez eu te não veja mais,

minha terra de glebas pequeninas

meu doce chão de cravos e boninas,

berço de meus avós e de meus pais.

NOITE DE AMOR

Querida,

deixe que eu cante os seus olhos castanhos.

Que eu debuxe na tela dos meus versos

seu corpo moreno,

cheiroso,

gostoso,

como não há comparação.

Que eu continue gozando na harmonia

dos seus gemidos de prazer

a gostosura desta noite de amor.

E deixe ficar na agonia sexual

dos seus seios cor-de-rosa

a avidez de minha boca insaciável

e a vontade de outra noite de amor,

tão linda como você, minha boneca querida.

ESPÍRITO SANTO

Era de março a tarde derradeira.

O porto estava então calmo e bonito.

Do navio eu caminho ao cais na esteira

e piso firme este teu chão bendito.

O sol doura-te a gleba do infinito

e tua gente, em tudo hospitaleira,

dá-me o trabalho, o pão, dá-me o bendito,

e a segurança para a vida inteira.

Também aqui nasceram os meus filhos.

Aqui decanto e canto os estribilhos

aos quais tu deste a voz, es a canção,

minha musa orgulhosa e feiticeira,

meu pedaço de terra brasileira,

estojo azul de minha gratidão.

MEDROSA

Tarde demais, benzinho? Não, senhora.

Nunca é tarde demais para quem ama.

Se só ao crepúsculo veio o brilho à chama,

a culpa é da faísca ateada agora.

Para a alcova do Bem, que espera e chora,

qualquer caminho é bom mesmo com lama.

Se não atendes ao que o amor reclama...

Cismo de o amor em ti, minha senhora.

Há medo na certeza do que dizes?

Combate-o no chá destas matrizes:

coragem, fé, com pétalas de rosa.

E, enquanto eu cismo e cismo... de repente,

Releva a cisma que tu és, somente,

Meu tipo lindo de mulher medrosa.

Andrade Sucupira Filho

Contatos e mais informações: andradesucupira@hotmail.com

27 3329-4728, 27 8155-3446.

andradesucupira@culturarevista.jor.br, redacao@culturarevista.jor.br.

Andrade Sucupira Filho
Enviado por Andrade Sucupira Filho em 26/08/2007
Reeditado em 24/02/2012
Código do texto: T625056
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.