Minha história capítulo l

"Estava escondida no núcleo improvável, apenas quieta, apenas ali."

Quando nasci do ventre de minha mãe com certeza não me lembro de tal momento, mas imagino qual foi sua surpresa positiva ou negativa ao me avistar. Eu nasci sem a orelha direita, não sei se isso importa, acho que não. Para uma mãe só de o filho nascer isso ja é uma dádiva.

Não sei o que aconteceu nos primeiros meses da minha vida, mas quando me deparei comigo estava em um orfanato chamando uma das freiras de mamãe. Confesso que não me lembro muito, mas até hoje posso sentir um cheirinho doce de coberta macia. Aconchego, essa é a palavra que me remete aquele lugar. Ao mesmo tempo um choro de solidão pairava sobre meus olhos como breu de noites frias. Parecia que ficava esperando alguém que nunca vinha, alguém que eu simplesmente queria amar e ser amada incondicionalmente.

As freiras me registraram me identificando fiquei impressa num nome sagrado, eis, Patrícia Aparecida de Jesus, um nome que eu não sei sei quem escolheu, um nome meu, nome santo.

No silêncio da madrugada ouviu-se um choro,

Era choro de criança, criança nascendo.

Criança quando nasce é festa,

alegria, esperança e luz.

Criança quando nasce precisa de alguém,

assim como preciso de ti.

Criança, criança eu sou,

não me rejeite, não me acuses,

nem me abandone, só me ame

e isso me basta.

Patrícia Onofre
Enviado por Patrícia Onofre em 26/06/2018
Reeditado em 02/02/2019
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