Minha história capítulo III

"Ela não me disse adeus"

Minha mãe suicidou-se quando eu tinha apenas cinco anos de vida. Relatos contam que ela se dopou com remédios, e até hoje não consigo unir as peças desse quebra cabeça enigmático.

Minha mãe me trocou por vários amores roubados, e um deles foi fatal para ela, alguém definido como anjo ou demônio.

Baseado em minhas pesquisas minha mãe era muito aventureira e não tinha medo de se arriscar. Certa vez ela foi morar com uma amiga e acabou se envolvendo com o marido dela, no qual tinha filhos também. Minha mãe se iludiu tanto com tal pessoa que o que me parece não conseguiu se desprender de promessas de ilusão.

Foi fatal para minha mãe porque dizem que ela morreu por causa dele. E eu até hoje não consigo digerir está história, parece que não quero aceitar que tudo acabou assim.

Passa chuva ou sol, raios e trovões, ainda não consigo aceitar que o luto me foi privado e isso interrompeu meu sistema, encontrei barreiras que me delimitaram. Extraindo-me raízes verdes, devolvendo-me folhas mortas e pó que se dissipou no tempo.

Não senti a dor da morte no tempo prematuro e isso privou- me de sentir a angústia mais plena e o desespero mais incontestável.

Vejo o luto como despedida branca, certeza do corpo, razão de todo ser. Porém não houve dissociação entre vida e despedida, como se alguém desaparecesse do nada, sem data certa para retornar.

"Morte por envenenamento"

Sob o manto da maldade,

o Amor não alçou caminho,

só restou a dor do fato,

e o silêncio do vento.

Quisera saber motivos, verdades

e consequências de tal ato afoito,

no martírio do tempo camufla o medo,

e vozes de ninguém se escondem

num vulto sombrio.

A dor da ausência envenena minha alma,

saudades da ama que não avistei.

E que por primazia se iludiu na vida,

faltando os restos de tudo.

Enfrentar a realidade vil.

Superar o medo hostil.

Pressupor o limite da sã consciência.

E por fim aceitar a releitura dos escrivães.

Seria o veneno que te impuseram,

ou foi o veneno que te embebedas-tes?

Não sei.

Só sei que fiquei tempo pensando e

investigando sobre o ato, e ainda não desvendei

tal fato,

Bem como o que tua alma querias me revelar.

"Mamãe obrigada por me dar a luz da vida."

Patrícia Onofre
Enviado por Patrícia Onofre em 02/07/2018
Reeditado em 02/11/2020
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