Minha história capítulo IX

" Precisamos ter coragem de abrir nossa concha, para assim encontrar nossa pérola."

Falar de meu pai é coisa rara pra mim, ainda não cheguei numa definição concreta, mas quem sou eu para definir alguém, eu mesmo não consegui chegar no ponto da minha individualidade.

Mas percebo uma pessoa de um coração grandioso, simples, humilde, verdadeiro.

Cheguei a conclusão que na vida se tem erros e acertos, e encherguei que ao longo do tempo meu pai focou nos acertos, e mesmo porque a vida ensina, amadurece e refaz.

Confesso que antes havia um muro de concreto entre eu e ele, quebrar esse muro foi muito difícil, justamente por se consistir de duas pessoas que não sabiam dialogar. Mas devido a persistência de ambas as partes o martelo do diálogo começou a quebrar esse muro.

Quando passei a morar definitivamente com meu pai, me recordo de seu jeito severo de falar, mas hoje vejo que foram instruções com muito amor, e essa era a forma dele se expressar.

Em minha profunda reflexão percebi também o quanto eu me fechei pra todos e até para mim mesma. Eu não queria aceitar minha realidade e também não queria que ninguém me

aceitasse. Chegar a essa conclusão explica muita coisa pra mim hoje, o fato de querer viver em outro mundo, o fato de querer me distanciar de todos.

Fiquei submersa por longos anos numa crosta, fixei-me num só lugar fazendo minhas interrogações só pra mim, e isso fez com que eu não tivesse resposta alguma. Na certa saberia que devesse interrogar aos outros, mas faltava- me coragem.

Olhava para mim num espelho,

não me enchergava,

não queria olhar,

não via.

Um dia decidi olhar para mim num espelho,

me encherguei,

queria me ver,

e me vi.

Vi meus traços,

meu sorriso,

minha covinha,

tudo vi e me encontrei, e gostei.

Patrícia Onofre
Enviado por Patrícia Onofre em 31/07/2018
Reeditado em 02/02/2019
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