Nossa homenagem a Nelson Gonçalves.... centenário de seu nascimento

Nélson Gonçalves, nome artístico de Antônio Gonçalves Sobral (Santana do Livramento, 21 de junho de 1919 — Rio de Janeiro, 18 de abril de 1998), foi um cantor e compositor brasileiro. Segundo maior vendedor de discos da história do Brasil, com mais de 81 milhões de cópias vendidas, fica atrás apenas de Roberto Carlos, com mais de 120 milhões. Seu maior sucesso foi a canção "A Volta do Boêmio".

Biografia / Carreira

Nasceu e passou parte da infância no interior do Rio Grande do Sul. Aos sete anos mudou-se com seus pais, portugueses de Lisboa, para São Paulo. Estavam em busca de melhores condições de vida, e foram viver em uma casa alugada no bairro do Brás. Nesta época, passou a ajudar seu pai no sustento do lar, quando passou a ser levado por ele para praças e feiras, onde, enquanto seu pai tocava violino, Nelson cantava, agradando os transeuntes e ganhando gorjetas. Para sustentar a família, seu pai também vendia frutas na feira e fazia serviços de pedreiro.

Sua família era muito humilde e por isto, Nelson teve que abandonar os estudos no início de sua adolescência, para ajudar de fato o pai a sustentar o lar. Trabalhou como jornaleiro, mecânico, engraxate, polidor e tamanqueiro. Querendo ganhar mais dinheiro e seguir uma profissão, se inscreveu em concursos de luta e venceu, tornando-se lutador de boxe na categoria peso-médio, recebendo, aos dezesseis anos de idade, o título de campeão paulista de luta. Após o prêmio, só ficou mais um ano lutando, pois queria investir em seu sonho de infância: Ser artista.

Mesmo com o apelido de "Metralha", por causa da gagueira, tomou coragem e não se deixou levar pelos preconceitos, e decidiu ser cantor, após deixar os ringues de luta. Em uma de suas primeiras bandas, teve como baterista Joaquim Silva Torres. Foi reprovado duas vezes no programa de calouros de Aurélio Campos. Finalmente foi admitido na rádio PRA-5, mas dispensado logo depois, passando a trabalhar como pedreiro.

Nessa época, em 1939, aos 20 anos, casou-se com sua noiva, Elvira Molla, paulistana de família de operários, descendente de italianos. Com Elvira teve um casal de filhos: Marilene Molla Gonçalves e Nelson Antônio Molla Gonçalves.

Ficou desempregado após o nascimento dos filhos, e após alguns dias procurando, começou a trabalhar como garçom no bar de seu único irmão, na Avenida São João.

Nesse mesmo ano, em busca de uma vida melhor, partiu com a esposa e os filhos para o Rio de Janeiro, onde trilhou mais uma vez o caminho dos programas de calouros, se apresentando em diversas emissoras.

Foi reprovado novamente na maioria deles, inclusive no de Ary Barroso, que o aconselhou a desistir, e, mesmo muito desolado, não desistiria fácil do seu sonho de ser cantor.

Nelson voltou a trabalhar como garçom em bares do Rio para sustentar a casa. Para ajudar nas despesas da família, que vivia no subúrbio carioca, sua esposa começou a trabalhar em casa como costureira.

Em 1941, nas horas vagas, começou a cantar por conta própria em bares, conseguindo gorjetas. Voltou a tentar se apresentar em programas de calouro, sendo enfim aprovado.

Foi chamado para gravar um disco de 78 rotações, que foi bem recebido pelo público. Passou a crooner do Cassino Copacabana (do Hotel Copacabana Palace) e assinou contrato com a Rádio Mayrink Veiga, iniciando uma carreira de ídolo do rádio nas décadas de 40 e 50, da escola dos grandes, discípulo de Orlando Silva e Francisco Alves.

Alguns de seus grandes sucessos dos anos 40 foram Maria Bethânia (Capiba), Normalista (Benedito Lacerda / Davi Nasser), Caminhemos (Herivelto Martins), Renúncia (Roberto Martins / Mário Rossi) e muitos outros. Maiores ainda foram os êxitos na década de 50, que incluem Última Seresta (Adelino Moreira / Sebastião Santana), Meu Vício É Você e a emblemática A Volta do Boêmio (ambas de Adelino Moreira).

No final dos anos 40, seu casamento com Elvira estava abalado, por muitas brigas conjugais por conta dos ciúmes de Elvira devido às traições de Nelson. Em uma turnê por Minas Gerais, Nélson conheceu Maria, uma fã, que se declarou apaixonada por ele.

Não resistindo à jovem, os dois passaram a ter um caso, e Nélson sempre ia visitá-la no interior de Minas. A moça engravidou, mas não revelou a Nélson, por medo de a família saber que ela se envolveu com um homem casado, pois Maria sabia que Nélson jamais largaria a esposa para ficar com ela. Ele até poderia assumir o bebê, mas a família de Maria não aceitaria vê-la sendo mãe solteira. Assim, a jovem terminou o relacionamento e Nélson ficou sem entender por quê. Ela casou-se rapidamente com um homem mais velho, amigo de seu pai, que assumiu a criança, para preservar a honra da jovem.

Nélson, então, já não mais feliz no casamento com Elvira, entrou com o pedido de divórcio, que foi dado pela esposa.

Só em 1991 Nélson conheceu a filha que teve com a amante, Maria, mas esta já havia falecido. Após exame de DNA, comprovou-se que Lílian realmente era sua filha. Sendo assim, ele aceitou feliz essa nova filha, que conheceu seus meio-irmãos, sendo bem aceita por eles.

Na década de 50, além de shows em todo o Brasil, chegou a se apresentar em países como Uruguai, Argentina e Estados Unidos, no Radio City Music Hall.

Logo após seu divórcio, conheceu Lourdinha Bittencourt, substituta de Dalva de Oliveira no Trio de Ouro. Os dois se apaixonaram e, após alguns anos de namoro, casaram-se em 1952.

O casal passou os primeiros anos em lua-de-mel viajando pelo mundo. Lourdinha era uma jovem extremamente vaidosa, e apesar de ser apenas quatro anos mais nova que o marido, se considerava jovem demais para ter filhos, e optou por não tê-los, apesar da insistência do marido, que queria ser pai novamente.

Apesar da felicidade no início do casamento, com os anos a união foi se deteriorando, e o casamento durou até 1959, quando Lourdinha pediu o divórcio, devido às traições de Nélson.

Após relacionamentos sem compromisso, em 1962 conheceu a empregada doméstica Maria Luiza da Silva, durante seu show. Ela era sua fã e foi pedir-lhe um autógrafo no camarim.

Logo, ambos começaram a namorar. Após um ano de namoro, noivaram e em 1965 casaram-se. O casal teve dois filhos: Ricardo da Silva Gonçalves e Maria das Graças da Silva Gonçalves.

Em homenagem à filha, sua caçula tem seu apelido no refrão da música Até 2001. (É no gogo gugu).

Em pouco mais de três anos, o casamento passou por grandes tribulações, quando Nélson entrou em depressão, tentando o suicídio e pensando em desistir da carreira.

Ele tornou-se alcoólatra e usuário de cocaína, tendo tido uma overdose que quase o matou em 1968. Usando drogas por mais de vinte anos, sua esposa se manteve ao seu lado até seu fim, e sempre lutou contra o vício de Nélson, que, apesar disso, foi preso em flagrante em 1975, por porte de drogas, e passou um mês na Casa de Detenção, o que lhe trouxe problemas pessoais e profissionais.

Por todo esse tempo sua esposa o visitou no presídio, e juntava economias dela e do marido, que pagavam seu tratamento e seu advogado.

Após sair da cadeia, iniciou tratamento psicoterápico e psiquiátrico, fazendo tratamento de desintoxicação, diminuindo aos poucos o uso de drogas, voltou a cantar, e lançou o disco A Volta do Boêmio nº1, um grande sucesso.

Em 1980 conseguiu abandonar de vez seu vício, sempre com o apoio de sua mulher e de seus filhos. Totalmente recuperado, retomou sua carreira, cada vez mais bem sucedida.

Mesmo com tantos problemas pessoais, continuou gravando regularmente nos anos 70, 80 e 90, reafirmado a posição entre os recordistas nacionais de vendas de discos.

Além dos eternos antigos sucessos, Nélson Gonçalves sempre se manteve atento a novos compositores, e chegou a gravar canções de Ângela Rô Rô (Simples Carinho), Kid Abelha (Nada por Mim), Legião Urbana (Ainda É Cedo) e Lulu Santos (Como uma Onda).

Gravou "A Deusa do Amor", que está no álbum Nós, em parceria com Lobão, em 1987, tocando com ele essa música no Globo de Ouro em 1988.

Ganhador de um prêmio Nipper da RCA, dado aos que permanecem muito tempo na gravadora, sendo somente Elvis Presley o outro agraciado.

Durante sua carreira, gravou mais de duas mil canções, 183 discos em 78 rpm, 128 álbuns, vendeu cerca de 75 milhões de discos, ganhou 38 discos de ouro e 20 de platina.

Falecimento

Faleceu em decorrência de um infarto agudo do miocárdio, no apartamento de sua filha Marilene, enquanto a visitava. Encontra-se sepultado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.

Dramatizações

Em 1960.

A vida de Nélson Gonçalves teve sua biografia dramatizada nas seguintes obras:

Na década de 90, foi encenado nas principais capitais do país o musical Metralha.

Em 2001 foi lançado o documentário Nélson Gonçalves, contando a sua trajetória, com direção de Elizeu Ewald e protagonizado por Alexandre Borges e Júlia Lemmertz, e tendo a sua filha Margareth Gonçalves como produtora executiva.

Discografia

Ver também: Discografia de Nélson Gonçalves

Maiores sucessos

(ordem cronológica)

1941 - "Se Eu Pudesse um Dia"

1942 - "Dorme que Eu Velo por Ti"

1942 - "Fingiu Que Não Me Viu"

1942 - "Renúncia"

1943 - "Noite de Lua"

1943 - "Quando a Saudade Vier"

1943 - "Não Sou Feliz nos Amores"

1943 - "A Saudade É um Compasso de Mais"

1943 - "A Mulher do Seu José"

1943 - "Solidão"

1943 - "Perfeitamente"

1944 - "Sabiá de Mangueira"

1944 - "Quase Louco"

1944 - "Dos Meus Braços Tu Não Sairás"

1944 - "Ela me Beijou"

1945 - "Eu Não Posso Viver Sem Mulher"

1945 - "Aquela Mulher"

1945 - "Meus Amores"

1945 - "Maria Bethânia"

1946 - "Pelas Lágrimas"

1946 - "Seus Olhos na Canção"

1946 - "Segure no Meu Braço"

1946 - "Quando É Noite de Lua"

1946 - "Menina dos Olhos"

1946 - "A Você"

1946 - "Coração"

1946 - "Espanhola"

1947 - "Dona Rosa" (com Isaura Garcia)

1947 - "Segredo"

1947 - "A Rainha do Mar"

1947 - "Odalisca"

1948 - "Princesa de Bagdá"

1948 - "Perdôo, Sim"

1949 - "Normalista"

1949 - "Quando Voltares"

1949 - "Pepita"

1952 - "Confete Dourado"

1953 - "Camisola do Dia"

1953 - "Meu Vício É Você"

1954 - "Carlos Gardel"

1954 - "Francisco Alves"

1955 - "Último Desejo"

1955 - "Esta Noite me Embriago"

1955 - "Hoje Quem Paga Sou Eu"

1956 - "Nossa Senhora das Graças"

1956 - "Por um Beijo de Amor"

1956 - "Meu Vício É Você"

1956 - "Natal Branco" (com o Trio de Ouro)

1957 - "A Volta do Boêmio"

1957 - "Pensando em Ti"

1957 - "História da Lapa"

1957 - "Grilo Seresteiro"

1958 - "Escultura"

1958 - "Pensando em Ti"

1959 - "Prece ao Sol"

1959 - "Revolta"

1959 - "Deusa do Asfalto"

1960 - "Meu Dilema"

1960 - "Chore Comigo"

1960 - "Queixas"

1961 - "Negue"

1961 - "Fica Comigo Esta Noite"

1962 - "Dois Amores"

1963 - "Enigma"