A depressão é um grito da alma que se fartou do silêncio

A depressão é um grito da alma que se fartou do silêncio.

É o último estágio da dor humana, aquela dor que não desejo para ninguém.

Conviver com essa doença é uma montagem russa de emoções, mesmo buscando apoio profissional e espiritual, ainda assim tem dias que parece que o mundo me sufoca. O pior, muitos ainda veem como fraqueza, falta de “Deus”, mas não tem noção do quanto eu preciso ser forte, forte para levantar e ir trabalhar com um sorriso no rosto, forte para dizer aos meus filhos que tudo ficará bem, forte para chorar apenas no banheiro, porque ninguém pode ver que fracassei, que não estou bem.

Difícil dizer de algo tão íntimo, mas confesso que me sinto em uma novela mexicana, onde não estou conseguindo ser eu, apenas atuando conforme necessidade, tentando sobreviver neste mundo caótico, além do meu “mundo” interior que também está um caos de emoções.

Tem dias que me sinto uma fortaleza, e busco sempre transmitir isso para os que estão ao meu redor, seja no trabalho, nos projetos sociais ou no âmbito familiar.

As vezes os gatilhos veem, me sinto impotente, fracassada, e vejo que o lado financeiro mexe muito comigo, é onde na maioria das vezes ativa gatilhos. Não permito a escassez na vida dos meus filhos, acho frustrante você ser responsável por uma vida e não fazer o básico para ela.

No entanto vai além disso, olho ao meu redor, sinto que estou correndo em círculo, apagando incêndio, não estou conseguindo sair do mesmo lugar. Trabalho, me dedico, sou uma pessoa muito envolvida com tudo que faço, e busco através destas atividades distrair e ocupar minha mente.

Mas hoje foi diferente, acordei com um cansaço diferente, daqueles que dá um sono inenarrável e uma dor no peito inexplicável. As vezes me pergunto, qual é a minha missão? onde falhei? porque tenho que passar por isso tudo.

Queria corrigir rota, tento ser um ser humano melhor diariamente, juro que tento. No entanto as vezes vejo que nada ameniza esse processo. Não consigo mais conviver com esses ciclos, essa depressão que se tornou uma parceira inseparável, que me leva a crises recorrentes de choro e minha alma doí. Doí muito.

Hoje me peguei organizando algumas coisas, pensando na minha ausência, confesso que não sei até onde vou conseguir chegar, estou cansada, muito cansada. Peço a Deus, a espiritualidade amiga, que tenha misericórdia de mim, dos sentimentos que estão divagando em meus pensamentos, mas não consigo fugir deles. E cada dia mais, penso no término deste sofrimento.

Já plantei árvore, já tive filhos, já tive amores verdadeiros, já sofri por amor. Só não escrevi livro, mas se juntar todos esses rabiscos por aí, acho que dá um livrinho. Se essa é a missão do ser humano, a minha já está cumprida. Será que já posso ir?

Jane Dreamer
Enviado por Jane Dreamer em 29/01/2022
Reeditado em 29/01/2022
Código do texto: T7440237
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