BIOGRAFIA RICARDO FONTOURA - BOM HUMOR PARA VENCER AS ADVERSIDADES

Um dia, já no fim do expediente, Ricardo parecia estar sonolento e fatigado. Mexia-se na cadeira de modo incomodado e piscava sem parar. Tinha sido um dia duro e com o calor no volume máximo. Calor deixava o corpo de Ricardo em modo apático, sem muita energia. As dores não estavam nada suaves naquele dia. Para piorar, os compromissos resolveram acontecer todos naquele dia.

Os colaboradores mais próximos sabiam que ele não estava em seus melhores dias e tentavam aliviar. Ricardo não gostava de deixar nada para outro dia, mesmo quando estava trabalhando sob fortes dores e incômodos. Isso os colaboradores também sabiam, mas tentavam sempre suavizar a situação.

Do nada, após todos esses compromissos, Ricardo solta uma piada, faz uma zombaria de algum assunto que ninguém mais estava lembrando. Todos na sala ficam entre alegres e surpresos. Era para ele estar mal humorado, acreditam.

Mas Ricardo tinha um remédio para vencer esses problemas: o bom humor. A dor continuaria a lhe roer os ossos. O sono continuaria a lhe roubar a concentração. A fadiga continuaria a lhe desafiar. Tudo isso ele não podia parar. Mas escolhia estar alegre, equilibrar a balança. A leveza era sua arma secreta. Com ela ele conseguia transformar o ambiente. E por alguns momentos se esquecia de tudo que lhe estava acontecendo.

Aos sábados ele conseguia desenvolver com mais tempo e espaço seu lado bonachão, seu lado de contador de histórias, de zombeteiro profissional. Chamava um colaborador na sua sala e os dois conversavam longamente sobre as peripécias da vida, sobre banalidades. Não era dia de sermão, de cobranças pesadas. Era dia de aliviar o ambiente, esvaziar o espírito.

Com os colaboradores mais próximos, Ricardo ia além, brincava, fazia piadinhas. E também aceitava as brincadeiras. Nada que fosse agredir alguém. Normalmente era brincadeira leve, para gerar boas risadas de todos. Longe de ser bulliyng. Era um meio que ele encontrou para driblar as dores, as dificuldades. Para os colaboradores, ver esse bom humor no patrão era motivo de alegria: significa um ambiente mais tranquilo para trabalhar, menos pressão.

Era algo que ele levava para fora dos limites do trabalho. Era assim em casa, com a família, com os amigos. Não era de lamentar tempo ruim. Era como se vivesse para celebrar a vida, seja dando o melhor de si nas causas e tentando fazer tudo com o máximo de leveza possível. Fazer bem feito sim, fazer tudo e sentir alegria, também. Melhor ainda. Era bônus da vida.

Quem não conhecia bem Ricardo saía de uma reunião com ele achando que se tratava de alguém que não sentia dores, não tinha uma doença degenerativa. Normalmente, se espera que pessoas com esse diagnóstico estejam sempre tristes, reclamando, desanimadas. Ricardo não vestia esse figurino. Sua verdade era outra: estava sempre animado, bem disposto, produzindo, sorrindo, fazendo da vida algo muito empolgante. Como alguém que não tivesse um certificado de limitação que ia aumentando a cada ano, a cada mês, a cada dia.

Ricardo tinha como missão ignorar os sinais do próprio corpo. Cuidava, fazia tudo que era recomendado pelos médicos, não se descuidava. Mas não se permitia ficar triste por isso, se sentir um derrotado ou alguém sem sorte. Ele entendia e deixava isso claro: que todo mundo tem limitação de alguma ordem. A dele era essa. E o que se podia fazer? Era tocar a vida da melhor maneira possível. Era viver de forma intensa todas as etapas, todas as jornadas. E decidiu – contra todos os diagnósticos – que bom humor seria sua receita. Sempre.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 04/05/2022
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