FRANK HERBERT
E o fascinante universo de “Duna”

 

   Apoiada firmemente em toda a sua complexidade e profundidade, a saga "Duna", iniciada em 1965 com a publicação do primeiro dos romances de Frank Herbert sobre Paul Atreides "Muad’Dib" e seus descendentes, se tornou o maior fenômeno editorial da ficção científica. Publicado em 14 línguas, com mais de 12 milhões de cópias vendidas ao redor do mundo, o romance "Duna" aborda questões ecológicas, políticas e religiosas com o apuro que a ficção hard dá, geralmente, não às ciências sociais, mas sim à tecnologia. 
   Frank Patrick Herbert Junior nasceu em 08 de outubro de 1920, em Tacoma,  Washington, em uma família pobre, que vivia dos recursos da produção rural. Seus avós paternos criaram em Tacoma uma espécie de comuna socialista e viviam em um grupo autônomo, no qual dividiam produção e recursos. Quando Frank Herbert nasceu, a família ainda mantinha muito do modo de vida dos avós. Porém, desde os oito anos, ele já tinha não só decidido, como também anunciado à família, que iria se tornam escritor.
   Sua educação formal foi difícil. Só ingressou no ensino médio aos 18 anos, quando passou a morar com tios em Salem, Oregon. Pouco tempo depois, começou a carreira de jornalista. Depois do primeiro casamento e o nascimento da primeira filha, Frank Herbert chegou a participar como fotógrafo da Marinha de ações durante a 2ª Guerra Mundial. Com o fim do conflito, ingressou no curso de Literatura Criativa da Universidade de Washington e conheceu a companheira do restante de sua vida, Beverly, com quem teve dois filhos.
   "Duna" veio a público em 1965, mas levou pelo menos seis anos entre pesquisa e escrita. Trazia em sua base a questão ambiental – Arrakis, ou Duna, planeta tomado por um deserto, onde a água é um recurso extremamente raro, a ponto de se reciclar os próprios fluidos corporais. Depois que seu pai, o duque Leto, é traído e morto pelos Harkonnen, numa trama que envolve o imperador Shaddam IV, Paul torna-se o líder de uma revolução em que é acompanhado pelos Fremen, povo que vive no deserto de Arrakis. 
   A especiaria Melange, riqueza do planeta fundamental para as viagens especiais, o complexo ecossistema do planeta, com seus vermes gigantes, irmandades e corporações, soluções tecnológicas surpreendentes, a tomada de Arrankis por Paul, assim como a jihad que se segue em todo o império, são alguns dos pontos altos. Nos livros seguintes, “O messias de Duna” (1969), "Os filhos de Duna" (1976), "O Imperador-Deus de Duna" (1981), "Os Hereges de Duna" (1984) e "As Herdeiras de Duna" (1985), Herbert aprofunda a trama política e social, enquanto mostra Arrakis em transformação.
   A missão empreendida por Frank Herbert em “Duna” e nos romances que se seguiram, ao criar a estrutura de um império galáctico verossímil, recheado de tramas, línguas, espécies, viagens espaciais e tragédias familiares, transformou “Duna” em um dos mais potentes universos ficcionais da literatura em todos os tempos. Teve duas versões para o cinema (em 1984 e 2001).
   O autor morreu em 11 de fevereiro de 1986, em Madison, no Wisconsin. Seu filho, Brian Herbert, deu prosseguimento à saga.

 

(Parte da coletânea ESCRITORES DE SCI-FI, FANTASIA E AFINS, de William Mendonça. Direitos reservados.)