UM ´POUCO SOBRE MIM E MEUS POEMAS

Escrevi o meu primeiro poema em 1959, tinha na época apenas 13 anos.

Na verdade, eu detestava aqueles poemas que obedeciam a métrica. Eu os considerava pouco românticos e sem ritmo. Mas nessa época conheci os poemas heterométricos, então comecei a escrever. Primeiro em uma folha arrancada de um caderno depois, quando já havia escrito uma meia dúzia, senti-me empolgado e logo comprei um caderno onde deixava gravado à caneta tinteiro (uma parker51-presente de meu pai).

Até aquele momento, eu não conhecia e jamais havia lido qualquer artigo sobre os movimentos literários.

Quando estudava o primeiro ano do curso ginasial (hoje parte do ensino fundamental), uma professora de português, chamada Marlene, falou algo sobre Arte Moderna e que esse movimento havia revolucionado a literatura no Brasil. Claro que foi um resumo. Mas de alguma forma aquela exposição não me saiu da cabeça.

No lugar onde eu estudava não havia sequer uma biblioteca decente apenas alguns velhos livros didáticos, mas nada que tivesse, especificamente, alguma ligação com literatura.

Como essa busca não alcançou um resultado que satisfizesse minha sede, fiquei perguntando à alguns professores sobre esse movimento, essa tal de Arte Moderna e tive algumas informações, muito rudimentares sobre modernismo e outros movimentos literários anteriores. Para mim aquelas informações muito vagas, quase sem sentido, que não me convenciam, tampouco satisfaziam a minha sede de conhecimento.

Alguns anos mais tarde, já residindo em outra cidade (Muriaé-MG) descobri, em uma biblioteca, bem rudimentar, um artigo sobre a semana de Arte Moderna em 1922. Apesar de tratar-se de um artigo que muito pouco informava, fazia um comentário sobre a literatura na primeira fase do modernismo. A partir de então alguns poetas romperam com a tradição dos versos.

Primeira Fase do Modernismo ou Fase Heróica (1922-1930), esta fase caracteriza-se na literatura há a criação de uma forma de linguagem, que rompe com o tradicional, transformando a forma como até então se escrevia; algumas dessas mudanças são: a Liberdade Formal (utilização do verso livre, quase abandono das formas fixas – como o soneto, a fala coloquial, ausência de pontuação, etc.), a valorização do cotidiano, a reescritura de textos do passado, e diversas outras; este período caracteriza-se também pela formação de grupos do movimento modernista: Pau-Brasil, Antropófago, Verde-Amarelo, Grupo de Porto Alegre e Grupo Modernista-Regionalista de Recife.

Na década de 30, temos o início do período conhecido como Segunda Fase do Modernismo ou Fase de Consolidação (1930-1945), que é caracterizado pelo predomínio da prosa de ficção. A partir deste período, os ideais difundidos em 1922 se espalham e se normalizam, os esforços anteriores para redefinir a linguagem artística se une a um forte interesse pelas temáticas nacionalistas, percebe-se um amadurecimento nas obras dos autores da primeira fase, que continuam produzindo, e também o surgimento de novos poetas, entre eles Carlos Drummond de Andrade.

Temos ainda a Terceira Fase do Modernismo (1945- até 1960); alguns estudiosos consideram a fase de 1945 até os dias de hoje como Pós-Modernista, no entanto, as fontes utilizadas para a confecção deste artigo, tratam como Terceira Fase do Modernismo o período compreendido entre 1945 e 1960 e como Tendências Contemporâneas o período de 1960 até os dias de hoje. Nesta terceira fase, a prosa dá sequência às três tendências observadas no período anterior – prosa urbana, prosa intimista e prosa regionalista, com uma certa renovação formal; na poesia temos a permanência de poetas da fase anterior, que se encontram em constante renovação, e a criação de um grupo de escritores que se autodenomina “geração de 45”, e que buscam uma poesia mais equilibrada e séria, sendo chamados de neoparnasianos.

Principais representantes do Pré-Modernismo e do Modernismo no Brasil:

Pintura: Anita Malfatti, Lasar Segall, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Candido Portinari, Rego Monteiro, Alfredo Volpi;

Literatura: Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Lima Barreto, Augusto dos Anjos, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Alcântara Machado, Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Vinicius de Morais, Murilo Mendes, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge de Lima, José Lins do Rego, Thiago de Mello, Ledo Ivo, Ferreira Gullar, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Olavo Bilac, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Ronald de Carvalho, Ribeiro Couto, Raul Bopp, Graça Aranha, Murilo Leite, Mário Quintana, Jorge Amado, Érico Veríssimo;

Música: Alberto Nepomuceno, Heitor Villa-Lobos e Guiomar de Novais;

Escultura: Victor Brecheret;

Teatro: Benedito Ruy Barbosa, Nelson Rodrigues; Arquitetura: Lúcio Costa, Oscar Niemayer;

©NeodoAC

Neodo Ambrosio
Enviado por Neodo Ambrosio em 12/10/2023
Código do texto: T7907011
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