LUDWIG VAN BEETHOVEN
A obra imortal de uma vida atormentada

 

   De tudo o que deu errado durante a vida de Ludwig Van Beethoven, sua obra sobreviveu, com toda força e dramaticidade, por quase dois séculos após a sua morte. Filho de um pai abusivo, que chegou a falsificar a certidão do menino para que se passasse por um prodígio do piano como Mozart, o compositor ficou surdo quando vivia o auge, enfrentou a solidão e transtornos mentais – enquanto seguia criando obras imortais.  
   Beethoven nasceu em Bonn, na Alemanha, em 16 de dezembro de 1770. O talentoso menino passou a estudar piano desde muito cedo, submetido muitas vezes a uma rígida rotina de exercícios e a castigos físicos. Esperava o pai que o menino se tornasse um concertista e não demorou muito para que ele se destacasse. No entanto, após a morte da mãe – que perdera quatro filhos antes do nascimento de Ludwig – o pai mergulhou no alcoolismo e tornou sua vida um inferno.
   A surdez surgiu na vida de Beethoven quando tinha 30 anos. Pianista aclamado em Viena, centro da música na Europa, vivia assombrado pela concorrência e pelos efeitos da deficiência, que tentou esconder. Afastou-se de eventos sociais e chegou a pensar em se suicidar. A carreira como compositor decolava, depois da apresentação de sua Sinfonia nº 1, em 1799. Escrevia música de câmara e já enfrentando os primeiros sinais da surdez, em 1801, compôs as Sonatas para Piano Opus 26, 27 e 28.
   Em uma carta aos seus irmãos Karl e Johann – o chamado “Testamento de Heiligenstadt”, um bilhete suicida de 1802 – o compositor revela o drama causado pela surdez em sua vida e chega a se despedir. “Anseio ir ao encontro da morte com alegria”, escreveu. Se realizasse seu desejo, não teria produzido grande parte do trabalho que o tornaria mundialmente famoso. Suas sinfonias se sucedem, intercaladas por peças para concerto. A Sinfonia nº 3 (Eroica) e o Concerto para Piano nº 3 surgem em 1803.
   Nos dez anos seguintes, Beethoven escreveria suas próximas sinfonias completas, com destaque para a Sinfonia nº 5 (Do Destino), talvez a mais conhecida do compositor mundo afora, e a Sinfonia nº 6 (Pastoral), ambas de 1808. A sétima e a oitava Sinfonias datam de 1812. Ao todo, durante sua produtiva carreira, Ludwig Van Beethoven comporia em torno de 250 obras para orquestras, além de outras 150 para vozes – como Fidelio (1815), sua única ópera.
   Beethoven torna-se cada vez mais recluso e irascível. Comunica-se através de um caderno de anotações e recusa-se até mesmo a trocar de roupas – ao que socorriam os últimos amigos próximos. Em 1824, apresenta mais duas grandes obras – a Missa Solemnis, composição para coral, e sua Sinfonia nº 9. Ainda produz seus últimos cinco quartetos de cordas, entre eles a Grande Fuga, nos últimos anos de vida.
   O compositor sofria de várias enfermidades: cirrose, colite ulcerativa, inflamações nos olhos, entre outras. Seu estado de saúde piora no final de 1826 e o compositor se submete a uma cirurgia abdominal. Morre em 26 de março de 1827 e seu funeral é acompanhado por 20 mil pessoas, em Viena.

 

(Parte da coletânea GÊNIOS DA MÚSICA, em produção, de William Mendonça. Direitos reservados.)