Vida do Pe. Pedro Lain, CP

Veio à luz em Farroupilha/RS, no dia 29/10/1941, filho de Albino e Serafina Bonetto Lain, família de origem italiana e de formação religiosa tradicional. Devido ao seu estado de saúde, por ter nascido prematuramente, foi batizado em casa, no mesmo dia do nascimento. Recebeu a Santa Crisma no dia 28/02/1944, na Capela de Santo Antônio, em Forqueta, Diocese de Caxias do Sul/RS. Aos oito anos, em 30/10/1949, recebeu a Primeira Eucaristia.

Desde a infância, conheceu e conviveu com os Missionários Passionistas que davam assistência religiosa à comunidade de Santo Antônio, em Forqueta. Em conversas informais, costumava fazer comentários sobre dois Passionistas que lhe marcaram a infância: Pe. Alberto Casavecchia e Pe. Vicente Bertoni (o qual viveu e morreu em odor de santidade).

As duas irmãs de Pedro, Cecília (Adelaide) e Amélia (Leocádia) se tornaram religiosas de Nossa Senhora do Horto. Eram primos de Ari José Soga, o qual mais tarde entraria também para os passionistas.

Assim, o menino sentiu o desejo de imitar seus modelos de vida e fazer a mesma caminhada e, assim, foi aceito no Seminário Menor Galileu Nicolini, em Pinto Bandeira/RS, no dia 19/02/1953. Dois anos depois, em 1955, transferiu-se para o Seminário Menor de São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, no bairro de Osasco, na capital paulista, e ali completou o curso secundário.

Em 1959, transferiu-se para a comunidade de Nossa Senhora do Rosário, em Colombo/ PR, onde fez o noviciado e, em 14/02/1960, fez a profissão temporária. Em seguida, na mesma localidade, iniciou o curso de Filosofia.

Religioso estudioso e que gostava de escrever

Transferido para a comunidade de Bom Jesus do Cabral, em Curitiba/PR, completou o curso de Filosofia. Em 25/03/1963, fez a profissão perpétua e em seguida iniciou os estudos de Teologia no “Studium Theologicum” de Curitiba, estudos que concluiu em 1966. Foi ordenado presbítero no dia 02/07/1966, em Curitiba/PR, por Dom Geraldo Luiz Pellanda, CP.

Desde jovem foram-lhe confiados diversos encargos entre seus confrades, e assim participou de encontros, reuniões, assembleias. No Capítulo Geral Ordinário Especial da Congregação, realizado em Roma, Itália, quando contava apenas 29 anos de idade e quatro de ordenação sacerdotal, Pedro Lain era o participante mais jovem do Capítulo. Sobressaiu-se a partir de então com a serenidade e a sabedoria em dar pareceres sobre os assuntos importantes da Congregação Passionista e no aconselhamento a quem o procurava.

Padre Pedro era alto, de cabelos claros, estrutura avantajada, mas bem proporcionado, alegre, bem apessoado e expansivo. Sabia valorizar as pessoas e não temia dizer a verdade. Magoado, ficava ressentido; sabia, porém, desculpar e perdoar com humildade. Esportista exímio, praticava diversas modalidades.

Dono de voz possante, era bom orador, inteligente, argumentava com boa fundamentação. Ao fazer homilia na Santa Missa preferia ir direto ao ponto do Evangelho daquele dia, sem se alongar em conjecturas ou artifícios retóricos, como é marca reconhecida dos passionistas desde São Paulo da Cruz. Inclinado aos estudos, lia muito e procurava sempre atualizar-se. Como escritor, produziu diversos livros, tendo como tema dominante o sofrimento.

Os primeiros anos de seu sacerdócio, dedicou-os à pregação de Missões Populares. Fazia parte da Equipe Missionária que tinha sua sede no Colégio São Paulo da Cruz, em Forqueta, Distrito de Caxias do Sul. Em 1972, eleito Consultor Provincial, foi residir na Comunidade do Calvário, em São Paulo/SP, onde também assumiu o múnus de pároco da Paróquia de São Paulo da Cruz, mais conhecida como “Igreja do Calvário”.

Trouxe para a Paróquia o “Encontro de Casais com Cristo” (ECC), movimento que ainda continua. Iniciou e incentivou a Pastoral de Periferia, a partir da qual os movimentos e pastorais ligados à Paróquia desenvolviam, nos fins de semana, seus trabalhos, dando assistência social e religiosa aos mais excluídos da sociedade. Era líder natural e abençoado por duas qualidades altamente estimáveis em um religioso: cabeça de pensador e coração de menino. Há voz corrente que o Pe. Lain, certa feita, fora sondado para tornar-se Bispo… honra a que teria declinado por razões muito pessoais, e sobre as quais nunca comentou.

Formação no CELAM e exclaustração

Em 1975, foi transferido para o Centro de Treinamento de Líderes, em Ponta Grossa/PR, e ali se integrou de novo à equipe missionária que também havia mudado de endereço. Em 1977, eleito formador e superior dos filósofos e teólogos, passou a residir na comunidade Bom Jesus do Cabral, em Curitiba. Em 1979, em Medellín (Colômbia), fez o Curso de Teologia e Espiritualidade no Instituto do CELAM.

Em 1980, eleito Consultor Provincial, pela segunda vez, passou a residir na comunidade do Calvário, em São Paulo/SP, desempenhando também o múnus de superior e assessor de Apostolado da Província. Em 1983, era eleito Superior Provincial para um mandato de três anos; não aceitou a reeleição, em 1986, por motivos particulares. Assumiu, porém, de novo o cargo de Pároco da Igreja do Calvário, e o exerceu por um ano.

Em junho de 1987, pediu licença para viver fora das casas religiosas da sua Província por um período. Obteve a exclaustração e passou a exercer o ministério na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, no Bairro do Ferreira (São Paulo), hoje Diocese de Campo Limpo. Pediu em seguida transferência para Capivari/SP, e ali atuou como Pároco da Paróquia de São João Batista. Após sete anos de exclaustração, retornou definitivamente à Província (27/05/1993).

Saúde debilitada e Cruz final

Foi então designado para fazer parte da comunidade do noviciado em Colombo/PR, e ali exerceu também o cargo de Vigário Paroquial e, mais tarde, o de Vice Mestre dos noviços. Transferido em 1999 para a comunidade do Bom Jesus do Cabral, em Curitiba, exerceu o ofício de Vigário Paroquial e lá permaneceu até que o Senhor o chamou para a recompensa do servo bom e fiel.

Nos últimos dez anos andara com a saúde muito abalada. Sofria de diabetes em grau elevado, e isto lhe complicou todo o sistema circulatório. Amputou mais de uma vez partes dos pés, o que lhe comprometeu a locomoção. As feridas ocasionadas pelas cirurgias não cicatrizavam. Ficava deprimido por isso, teve de carregar uma cruz que nunca imaginara.

Sentiu e viveu a Paixão de Cristo na própria carne. Foi internado diversas vezes nos melhores hospitais de Curitiba, e no entanto seu organismo não melhorava nem dava esperança de recuperação. No dia 09/03/2004, às 11h30, depois de sair do Hospital São Lucas, entregou o espírito a seu Criador, Senhor e Pai.

Na Missa de corpo presente, presidida pelo Bispo Auxiliar de Curitiba, Dom Ladislau Biernaski, CM, na igreja Bom Jesus do Cabral, este pediu a Pe. Ari que fizesse a homilia, mas este declinou. Pediu o mesmo ao outro padre concelebrante, Pe. Clóvis, que também declinou — ambos estavam muito tristes e emocionados pela perda do querido irmão passionista. Em vista disso, o encargo foi passado ao Pe. Marcos Azevedo, CP, que encarou a árida missão de homenagear o Pe. Lain. Após a Missa, seus restos mortais foram transladados para Forqueta, Distrito de Caxias do Sul/RS, sua terra natal, conforme desejo manifestado em vida.

Às 16h do dia seguinte, houve Celebração Eucarística, presidida pelo Superior Provincial, Pe. Norberto Donizetti Brocardo, CP, e outros presbíteros passionistas, assim como também familiares, amigos e membros da comunidade de Forqueta.

Seus restos mortais foram em seguida sepultados no Cemitério Paroquial de Santo Antônio, em Forqueta, no jazigo da Congregação da Paixão de Jesus Cristo. Padre Lain, ao expirar, contava 62 anos e quatro meses de peregrinação terrestre, 44 anos de profissão religiosa e 38 de sacerdócio.

Requiescat in pace!

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Fonte principal: Revista Eclesiástica Brasileira (Reb), v. 64, n.º 255, págs. 732–735 (com correções, adaptações e acréscimos, incluindo informações dadas pelo Pe. Marcos Azevedo, CP, em 30 out. 2020 e 09 mar. 2021).

Rafael Aparecido
Enviado por Rafael Aparecido em 06/03/2024
Reeditado em 18/03/2024
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