La Dolce Vita

Uma carta aberta, à quem se interessar. Caso queira trilha sonora escute [adágio da sonata ao luar - Beethoven].

Ninguém nunca me perguntou, mas têm coisas que queria dizer...

Como um jogo de crianças de sétima série, eu responderia, eu faria saber.

Quem foi meu grande amor, se fosse único.

O que quis e nunca tive?

Qual mais temível segredo?

Coisas banais para tantos, mas para mim tão importantes..,

Caso tenhas um segundo ou dois, deixe me prosear.

Saibas tu que sempre pude e tive oportunidades de sonhar.

Meu grande amor, ah...não tem como negar, amei a mim mesmo, mais do que tudo. Mais do que há.

Paixões sempre tive, turbulentas, sinceras, que me aqueceram nos tempos de frio, e esfriaram no eterno verão.

Quem sabe fora a Valéria...não sei. Não tem como não deixar de lembrar, de tantas princesas, das Rafaelas, Patrícias e Mariah´s.

Dos cachorros que tive, o Simba jamais deixarei de me lembrar. O mais amado, o mais companheiro, meu eterno parceiro que lágrimas derramo só de em ti pensar.

Tive sorte na vida de tanta gente bela eu encontrar. Em cada país, em cada cidade, pelas mais de 30 que morei sempre deixei me levar, e aprender seus costumes, vivenciar tudo que pude, sempre tentando me encaixar. Para escolher seria injusto San Diego, seria clichê Las Vegas, seria retro Ciudad de Mexico, seria muito pop Cancun, então fico com a verdade que é Curitiba, a cidade mais cosmopolita que conheci, que me acolheu e de mim nunca quis se despedir.

Dos amigos que tive, não tem como um escolher, apesar de vir em mente o Alécio, parceiro até morrer!

Minhas vidas, ah, tantas tive, tantas vivi, tantos Léo´s dentro de um só, tantos momentos que de alguns até me esqueci.

Das dores separo apenas as que ainda carrego, pois de tantas marcas virei o kilometro. A mais dolorida sem duvida é a da distancia, de não poder ver meu filho, de não fazer parte de sua vida.

Das cicatrizes, sem duvida a do meu pé direito, parece até nome de livro infantil, mas oh pesadelo juvenil!

E as vontades que nunca supri, coisas que nunca pude ter? Ah, de ver a catarata de Niagara, de ver o sol do oriente, do diploma iminente, das doçuras de um amor inexistente.

E meus medos...meu Deus, quantos medos pode alguém carregar sem ser notado? Praticamente um andarilho assustado, mas sempre com cara de susto, para que os outros eu assuste primeiro. E assim não fui assutado.

Dos medos o da cobra, bicho peçonhento. Mais medo tenha talvez do velho, daquele Léo que verei no espelho em tantos anos, daquelas rugas, dos traços marcados. Medo das memórias ou falta delas. Medo da velhice, talvez por tanto cultuar minha juventude.

E das saudades, a de minha vida em tantos momentos, de todas as risadas, de cada momento em que me senti vivo, pulsante, saudade de quando ganhei minha primeira bicicleta, de quando ganhei meu próprio quarto e banheiro, saudade de quando viajei sozinho pela primeira vez. Ah, como é bom sentir saudade, de quando eu passei no meu primeiro vestibular, de quando na ilha fui morar, de quando primeiro nos estados unidos eu me fiz sonhar. Tantas saudades. Escolheria então se me pedissem, a saudade do meu sorriso, que há tanto tempo não se faz brilhar.

Quanto aos segredos, não tem como eu lhe contar. Segredos são segredos, se não já não há. Mas tem cada um, deixa eu te contar. Alguns são toscos, como manias, fobias e afins. Outros complicados, complexos, enfim.

Nada que prejudique, modifique ou dê azar.

Mas em resumo, tive tudo que se pode esperar. Grandes vidas, muitos amores, um bocado de dores, um punhado de saudades, e um coração que ainda insiste em pulsar.

Leonardo José Nissola

L Nissola
Enviado por L Nissola em 09/05/2008
Código do texto: T981479
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