...Amor ou amizade?

Você! Antes, uma garota como qualquer garota. Mais uma garota entre a multidão. Uma garota que eu sempre via passar, como passam todas...

Eu! Antes,... Um garoto que, como um pedinte olha com seu chapéu estendido a multidão que passa, apenas via tantas lindas garotas e acreditava que alguma sentisse vontade de parar, um dia...

Incrível que você, justamente você, tenha parado! Não sei como aconteceu, não me lembro. Talvez não tivesse tanta importância naquele tempo, como nada tinha... Sei que, não muito além, estávamos caminhando lado a lado pelo sebento caminho da sobrevivência, rumo quem sabe, a um palco iluminado, ou não. O importante era a representação do algo, como todos representam. Papéis, tristes papéis. Atores, tristes atores que nunca freqüentaram escolas e não se formaram... Gente... Simplesmente gente.

De repente, tudo o que eu achava comum em você passou a ter significado. Você não era a mais bela mulher do mundo, mas a mais agradável e isto me fez parar para pensar. Pensar no que eu faria sem você. Antes, a garota que eu via passar. Agora, a via como uma árvore á beira de um caminho, em tardes de sol ardente, à sombra da qual o caminhante se detém e se recompõe de longas caminhadas, para outra... Eu sentia que você era tão importante para mim como o ar para respirar. Você também me dizia algo parecido.

Após um pequeno período, em que tudo era lindo, colorido e brilhante, eis que chegaram aqueles dias tenebrosos em que cada qual ficou no seu canto, cada um com receio do outro... Cada um seguiu seu próprio rumo. Já não nos víamos com freqüência. Quase não nos falávamos. Quando nos encontrávamos, parecíamos desconsertados e inseguros.

Outro dia, sem que estivesse incluído em qualquer programa, nos deparamos e como grandes amigos, apesar da insegurança inicial, começamos a rememorar o passado que parecia ter passado, mas que estava ainda bem presente. Aos poucos tudo estava claro. Eu lhe parecia bem diferente de antes. O mesmo ocorria com minha impressão a seu respeito. Concluímos que, apesar de nossa afinidade e mútua necessidade emotiva, restava muito a conhecer um do outro. Cada minuto que passávamos, agora juntos, descobríamos que mais unidos ficávamos.

A verdade é que sentimo-nos muito unidos e dependentes. Parece que sempre dependemos um do outro... Parece que sempre fomos unidos e que um elo nos uniu.

Será amor? Será amizade? O importante é que um elo uniu nós dois!