O tempo e o silêncio

Eram as palavras que me chamavam atenção. Penso que mais do que elas, era a forma como eu ganhava atenção. Hoje eu queria uma daquelas palavras exageradas para poder conter aquela atenção comigo. Talvez assim eu consiga esquecer todas as feridas desta vida, e quem se atreve a me dizer?

E olha que eu entendo bem, eu seguro essa pra mim mesma, afinal foi você que me ensinou a entender. Então, me leve com você, é só aquela palavra que devo querer. Isso tudo aqui é pra você ainda.

Hoje é do silêncio que eu comecei a gostar. Gostar da distância mesmo sabendo que ela é melhor e necessária, mesmo segurando a curiosidade, a mesma que me trouxe aqui com palavras desconexas que a sós entendemos.

E gostar de saber que tudo vai bem, e como vai seu íntimo? Bem, eu sei. Mas gosto de olhá-lo mesmo assim, lá no teu íntimo eu compreendo que tudo está ajeitado, mas a lembrança adormeceu na calmaria que tanto desejamos num tempo que foi perdido, foi listado, lido e apagado. É por essa recordação que eu estou aqui, de novo, na confusão de um segundo. Logo, devora, implora e namora.

Confesso que senti saudades, mas me despeço como aquela vez que não deu tempo, e o próprio tempo cuidou do adeus que não esperou eu olhar para trás e sumir na linha que fica depois do mar, e o que é mesmo que tem lá? O lugar que eu desejei estar para não estar aqui enlaçada pelo tchau que não dei, que me cobra e me força. Ah! Desculpe, se eu pudesse reparar esse erro. Foi o mais distante erro que pude cometer.

Continuo no mesmo lugar, pelo sol, pelo ar e pelo mar e desta forma, eu consigo te acompanhar. Eu nunca imaginei, mas é o que vale... transportar qualquer vida real para o sempre. É só o que vale agora, não há nada errado, só o silêncio que cuidou de tudo, ele deixou intacto aquele tempo. Ah! Desculpe, não sou prática, nem fácil, foi culpa do silêncio. Descobri, foi ele. O silêncio e o tempo.