...liberdade de se ser livre!

Às vezes, penso que seria muito bom se a gente fosse livre e tivesse daquela liberdade que não existe. Liberdade de fazer qualquer coisa, como não morrer de amor. Ou até escolher, num espaço tão infinito, real, um lugar onde se pudesse viver de amor. Irreal e distante, mas seria lindo ter as estrelas como lâmpadas do meu teto e as nuvens como tapete do meu chão, imaginário é claro!

Parece lógico que, nessas condições, as gentes se espalhariam infinito à fora. Nesse caso, deixaria de haver, quem sabe, até mesmo a liberdade. A liberdade é desejada onde ela não haja!

Numa dessas, eu escolheria residir com você pela aí num tapete imaginário, que deslizasse num chão inimaginável, ora entre a terra e as nuvens, ora entre essas e o resto acima. Contemplaríamos o tudo e o nada, sentiríamos a sensação, crua e empírica, de estar no espaço e no vazio totais...Sem aguilhões, nem mesmo das leis naturais. Viveríamos em nenhum lugar e em todos os lugares, sem direção a controlar, sem peso a pesar e sem calor, quente ou frio, a atacar. Tudo sem conceituações, pois estas são ofuscadas e esfumaçadas pela liberdade que há de as formular. Sem palavras para expressar uma sensação qualquer, bastaria a emoção factual de se a sentir!

Hoje a nossa liberdade se resume em trilhar destinos, que já se repetem a milhares de anos. Não sinto liberdade nem para imaginar imaginável esse meu mundo sem me ater aos conceitos. Só consigo construir meu antimundo, como um quebra cabeças, com peças pré-existentes que, organizadas ou desorganizadas, ainda podem me levar a sonhar. Sem os determinantes conceitos, até sonhar fica impossível.

Se não conseguiu me entender, pense, mesmo com os conceitos, se não seria possível imaginar nossa não existência. Parece confuso isso aqui! Claro que é!

...Quem sabe não seja tão inimaginável o tapete, nem o chão por sobre o qual ele desliza. Talvez, tão imaginário como nós quatro: eu, não eu, você e não você. Parece que questionando a existência e aceitando a não existência poderemos conceber algo opressor e irreal como a liberdade de se ser livre...!