Resposta ao Poeta

Amado Poeta,

Três linhas, apenas três linhas!

“Te espero no mesmo lugar em breve

Quando não houver mais bruma

Entre meus olhos e a realidade”

O que queres poeta? Que a insanidade tome posse de mim? Como posso dormir sem saber quando irei vê-lo? Desfaleço de tristeza!

Hoje, quando acordei, tive a impressão de ouvir passos no corredor do prédio, eu devia ter ido ver, sim eram seus os pés que iam lentos na direção oposta a mim! Deixou, simplesmente, a carta por baixo da porta e se foi como um vento que vem e vai sem ser visto... Oh poeta, como chorei ao abrir o envelope me deparar com tais linhas vagas! És tu tolo de tal modo que nunca verá que esta tortura não faz sentido? Espera que eu morra para levar uma rosa vermelha a meu tumulo? Espera que eu encontre, em algum lugar, alguém que sane minhas carências e me esqueça de ti, para me tornar assim a musa inalcançável de algum poema seu? Tolice, tamanha tolice! Estas cartas endereçadas a sua casa, onde quase nunca aparece, neste seu viver inconstante, talvez se amontoe por dias antes de chegarem a suas mãos, talvez nem tenha lido todas, talvez eu seja um inseto que te incomoda com seu zunido infernal, mas peço, com todas as minhas forças, perdoe-me e volte! Eu te quero muito! Quero saciar seus desejos mais profundos em noites silenciosas, quero ser a sua loucura e sua sanidade, quero ser conhecida por seus dedos, língua, por todo seu ser, quero ser sua, como nunca fui!

Mas preciso que me ouça com atenção, hoje, quando a vi ela estava novamente com roupas negras, em um luto misterioso, não sei como tem estado com ela, mas não é culpa sua a perda, eu te prometo que nunca mais demonstro saber de tudo, eu prometo meu amado. Ficarei em meu silencioso sorrir apenas, como a mais desentendida, prometo não ser novamente tropeço, mas volte, pois preciso dos seus versos, mais do que no próprio ar!

De sua desfalecida Flor de Outono

T Sophie
Enviado por T Sophie em 04/07/2008
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