Carta da Despedida

Sim, eu te peço infinitas vezes que não te ausentes, não te afastes; pois sem ti, falta-me o ar, eu perco a vida... É triste a sina, que me acompanha, quando a tua distância se alastra, eu fico fraca.

No peito dói, forte e intensamente, o desassossego, que não se cala, e nem mesmo grita, âtonito se perde no vazio do horizonte eterno, na saudade imensa deste teu silêncio. Cadê teus olhos, tua cor, teu cheiro, o corpo belo que eu amo tanto?...

O que fazer se sem te ver aqui, ao lado meu, a derrerter-me toda com tuas carícias?!... Cruel é o tempo que te deixa longe, sem dizer porquê, nem mesmo como, partistes assim sem a despedida.

Na lágrima insistente a rolar-me a face, são só lembranças a abrir meus lábios, no tímido sorriso que muito suave esboço, por trás da farsa, de que ainda posso ser feliz.

Tentando em vão destruir os sonhos, as fantasias e a nossa verdade, que magicamente vivemos em grandes momentos, tão inenarráveis quanto esta dor.

Mas, se as paisagens que se descortinam frente aos meus olhos, em qualquer canto, trazem o teu semblante, como posso amante, dizer a ti, adeus?...

É mais estarrecedor e encantador, saber que o amor é tanto, quanto esta minha dor. E num súbito meu corpo estatela, num desmaio ingênuo, em macia grama, onde ao ver o céu questiono a Deus:

Por quê levastes cedo, aquele a quem amo e sem o qual, não posso mais viver?

Nice Aranha