Em busca da Felicidade

Lisboa, algures na Net…

"Olá, não sei se será apropriado esta minha abordagem assim por email, mas…aqui vai.

Chamo-me Francisco e foi por coincidência que descobri a sua página na Net. Reparei que dá consultas de Psicoterapia e gostava da sua opinião em relação ao meu caso. Tenho 30 anos e à 11 que sofro de ataques de pânico associados á ansiedade, diagnosticaram só no ano passado, vivo angustiado e triste. No início deram-me imensas drogas(comprimidos), fiz uma cura de sono por ordem médica em casa absorvendo todo os tipo de ansíoliticos e antidepressivos. Foi uma altura muito difícil para mim, comecei a ingerir álcool com comprimidos e tentava beber só bebidas brancas para não se notar o cheiro, e claro omitia tudo dos médicos, queria andar feliz sentir-me leve e não pensar em nada. Devido ao excesso de álcool, fui encontrado na rua e levado para o Hospital em semi coma, apontaram a minha vontade de morte como causa, suicídio. Durante este meu percurso debandado, acabei um relacionamento que ainda hoje sinto pena e lamento a perda dessa pessoa, a Carla não aguentou a pressão, não a critico, só tenho pena. A minha ida e vinda de Hospitais gerou muita confusão aos meus pais e ao resto da família, tentavam descobrir de quem era a culpa sem perceberem que eu era o único culpado, eu queria andar assim , simplesmente não me sentia feliz. Passados dois anos de encontros e desencontros com médicos que não queriam saber da minha situação mas sim de receber o dinheiro da consulta encontrei um médico através da segurança Social ao qual pago apenas 1,4 euros, que ainda hoje mantenho consultas, e que tem vindo a tapar este meu buraco, mas não o consegue resolver, será culpa minha?

Agora atravesso uma fase mais calma, só tomo um comprimido por dia e muito de lés a lés tomo o comprimido S.O.S., acontece muito quando penso que a Farmácia da minha rua não tem emergência de noite e a mais próxima fica a vinte minutos da minha casa. Nessas alturas fico muito ansioso e tenho que recorrer ao S.O.S., mas muito raramente, já tento controlar os meus ataques de pânico o que considero muito bom, mas sinto falta de alguma coisa. Sinto imensa vergonha no trabalho por cada vez que tenho que faltar por causa dos meus ataques, dos cochichos das minhas colegas que são muito más e para elas alguém que ande num psiquiatra é doido e que essas pessoas deviam de estar internadas. Não posso desabafar com ninguém.

Neste momento tenho uma relação estável de cinco anos, ela é espectacular e ajuda-me muito é a minha alegria de manhã, a minha Maria. Queria poder dar mais alegria à nossa relação, não por culpa dela mas sinto que é por minha, o que me irrita e me deixa ansioso. Gostava de saber a sua opinião sobre a minha situação e se existe outro tratamento alternativo, pois irrita-me ter só trinta anos e entrar em pânico cada vez que a Farmácia da minha rua fecha e eu sei que vou estar o fim-de-semana em alerta á espera que ela abra na segunda-feira.

Muito obrigado pela atenção, desculpe se estou a incomodar, obrigado.

Francisco Pedro."

Lisboa, semana sim, semana não, algures na Net…

" Francisco, desde já fez muito bem em ter escrito, não foi nada inapropriado, como refere o seu mail, é para situações como a sua que este espaço existe. Para tirar dúvidas e obter informações. O Francisco diz ter ataques de pânico há bastantes anos e que tem sido medicado frequentemente, mas que de tempos em tempos volta a ter as mesmas crises de ansiedade. Na minha opinião penso que deve continuar a ser visto pelo médico que o trata, pois vai continuar a necessitar de terapêutica medicamentosa. No entanto necessitaria de fazer em simultâneo, uma psicoterapia que o ajuda-se a compreender o porquê dessa ansiedade e medos constantes.

Diz também que entra facilmente em ansiedade quando verifica que a farmácia da sua rua fecha, é como se necessitasse sempre de que alguém ou algo lhe desse a segurança e a sensação de permanência de que tanto necessita. Ninguém gosta de se sentir desamparado e o Francisco é uma pessoa bastante sensível e qualquer coisa que lhe possa dar ideia de que não está ali para o auxiliar no caso de necessitar.

Penso que deve solicitar apoio psicológico, mas isso é algo que só o Francisco pode decidir. Evidentemente que se necessitar do meu apoio como psicóloga basta contactar o meu consultório n.º 23456789, a recepcionista marca-lhe consulta no dia e hora que lhe der mais jeito, o preço da primeira consulta são 70 euros e as seguintes 50 euros. Caso esteja interessado ligue para 23456789 e será bem recebido.

Desejo-lhe tudo de bom ( e que seja com o meu tratamento…),

Maria José."

Isabel Fontes
Enviado por Isabel Fontes em 14/07/2008
Código do texto: T1079891
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