GERALDO ALVERGA

GERALDO ALVERGA,

Oi, meu filho, quanta saudade! Eu fico aqui a cismar, penso um milhão de coisas, umas boas e outras nem tanto! Sinto tanta falta do seu carinho, do seu amor, das peraltices próprias da sua adolescência! Estou sempre me questionando sobre o porquê de uma partida tão abrupta para uma eternidade que eu nem conheço! Você só tinha 16 anos! Nem tinha começado a viver!

Quando penso em tantos cafajestes que este mundo abriga. Ladrões, assassinos, estupradores, traficantes, o diabo a sete, tudo aí, vivendo a vida, no gozo pleno das suas maldades! ... E aí vem a morte, passa por eles, não lhes dá bolas e leva você, um poeta que cantava a vida e me arrebenta para o resto da minha existência!

É justo? Não sei. Tenho cá as minhas dúvidas.

É um paradoxo, eu sei, porque ao mesmo tempo acredito que se eu tinha planos para você, esses planos iam de encontro aos desígnios de Deus, que, com certeza havia traçado outros rumos para a sua vida. E quem sou eu, mísera pecadora, para discutir planos divinos?

Na verdade, eu amei você acima da razão, amei você mais do que a qualquer criatura, amei você com o corpo, a alma e o coração e nunca mais quero amar alguém como amei você. Nunca mais, meu filho, nunca mais!

Saudade não se mata, saudade se conserva junto ao coração. É a saudade quem nos enxuga as lágrimas que teimam em queimar-nos as faces, depois de torturar o coração.

Sabe por que a saudade dói tanto? Porque a gente não sabe onde está o ser amado, se está bem, o que faz. Sim, porque você não é capaz de ficar quieto, sem fazer nada, mesmo que seja na eternidade! Eu que o diga!

É isso, meu filho. São vinte e seis anos sem você. Quer saber de uma coisa? Não houve um dia, sequer, nesses vinte e seis anos, que por alguma razão eu não me lembrasse de você! É muito tempo, eu sei, mas para mim, são apenas alguns instantes!

Beijos, meu filho, com o meu amor e a minha SAUDADE!

Sua mãe, Marisa

MARISA ALVERGA
Enviado por MARISA ALVERGA em 31/07/2008
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