A cola de colar sorrisos.

Maceió, 12 de agosto de 2008.

Agradeço imenso ao café e ao uso irrestrito dos seus ouvidos. Obrigada.

Saiba que não espero de você soluções para o insolucionável, mas apenas a atitude positiva de ouvir-me, sem pestanejar ou cochilar.

O tempo anda instável, muito úmido, e a cola de colar sorrisos nem sempre seca rapidamente, ainda mais num tempo destes. Ai, esse meu sorriso que já é defeituoso e invertido, escorrega facilmente para as lágrimas sentidas.

Você não sabe como são instáveis os meus sorrisos e o tanto de fragilidade com que são feitos. É verdade absoluta que eles deveriam ser como barragens de aço que contivessem as lágrimas, como é comum na maioria das pessoas. Afinal, a vida trás a todos a mesma quantidade de risos e de dores. Porém, o que nos diferencia é a eficiência da cola de fixar esses sorrisos contentores.

Existem colas eficientes, capazes de fixar sorrisos poderosos, que não permitem, senão em ocasiões especiais, conter rios de lágrimas; não serão os meus, certamente. Frágeis, meus sorrisos são feitos de bruma da manhã.

Como você me conhece bem, sabe da fragilidade dos meus sorrisos, invertidos, meio tristes, incapazes de deter as lágrimas, na verdade, amigo delas. Mas, o mais grave é que esta cola de colar sorrisos não funciona e assim minha tristeza escorre em indisfarsáveis marcas sobre minha face.