MINHA MEDIUNIDADE

Bom dia!

Há muito não publico nada nem examino minhas páginas. Fiquei imensamente feliz ao ver hoje, quando decidi gastar um tempo com meus escritos, que você deixou um grande texto comentando um dos meus escritos. Tomei por muito grande sua consideração, o que senti antes ainda de ler. Lendo o texto, percebi logo que você faria conjecturas contrÁrias ao conteúdo do meu artigo. Mas segui lendo e vendo em meio as palavras de censura mais alguns elogios a meus escritos, o que me fez ainda mais feliz. Todavia, mais honrado me senti ao ver que você é uma leitora antiga e assídua de meus textos. Entretanto, essa felicidade redobra ao ter a oportunidade de replicar algumas de suas palavras. Porém, não poderia fazer sem antes examinar o texto que citastes.

Digo-lhe que tenho muitos textos publicados e que se você lê-los isoladamente pensará mesmo que me contradigo. Entretanto, não é assim, pois tive um casamento muito saudoso com uma garota espírita, alguém que eu muito amei e a quem sempre terei em grande conta. Seu irmão era espírita kardecista dedicado. Um missionário eloqüente que levava muitas pessoas após si para o centro espírita.

Todos os textos que tenho escrito sobre as doutrinas religiosas foram compostos depois desse tempo, onde convivi francamente com o espiritismo e com todos os seus argumentos. Naquele tempo fui muito alvejado pelo espiritismo mesmo dentro de casa. As investidas eram quase diárias e os argumentos pareceriam contundentes, porém aos olhos de pessoas leigas.

O primeiro argumento foi o de que eu não tinha conhecimento sobre o que falava, portanto era preconceituoso. Todavia, eu tinha bom conhecimento da Bíblia e as pessoas que lançavam esse argumento a punham de calço de cama, como houve um caso. Portanto, não tinham nenhum conhecimento dela. Não obstante, li os livros espíritas que eles tinham. Afinal, poderia mesmo estar sendo preconceituoso e se não os lesse seria. O Evangelho Segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos não terminei de ler, pois não me acrescentavam nada, perecendo muito simplórios. O Evangelho Segundo o Espiritismo comecei a ler pela segunda vez.

O segundo argumento foi o de que a Bíblia é muito metafórica, por isto as coisas nela escritas não podem ser interpretadas literalmente. Contra esse argumento o próprio Evangelho Segundo o Espiritismo me municiava, pois vi em sua leitura que Alan Kardec usou nele textos bíblicos interpretando-os literalmente. Portanto, esse argumento é flácido.

Mais tarde, sem querer, acabei convivendo num centro espírita universalista, pois no segundo piso do escritório de uma empresa onde trabalhei em Porto Alegre funcionava alguns dias da semana uma casa onde os médiuns faziam trabalho de caridade para as pessoas doentes. O dono da empresa, um arquiteto judeu, que por aquele tempo começou a fazer Psicologia, quando eu fazia História, mantinha com seu pai uma casa espírita ali, onde atendiam mais de cinco mil pessoas.

O grande médium lá era o pai. Você pode ler sobre quando começou as manifestações mediúnicas nele, quando ainda era criança, durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto se refugiava com seu pai sob o assoalho de uma casa na Polônia. Isto está em meu livro, Os Meninos da Guerra, que se pode encontrar nas livrarias na internet.

Nesse trabalho convivi muito mais com o espiritismo, sua retórica e investidas. O pai era o grande líder do centro espírita. Na sala dele, que ficava quase frente a minha, atendiam-se pessoas durante todo o dia. Ali vinham trazendo todo tipo de problema. Enquanto eu trabalhava ouvia tudo. Uma vez ouvi ele comentar que a medicina espiritual podia resolver tudo. Todavia, o plano espiritual não o tinha ensinado que carne gorda entope as veias, então ele teve que fazer tripla ponte de safena no Instituto do Coração com médicos materiais.

A recepcionista da empresa falava muito sobre as virtudes do espiritismo, seus caminhos e a forma como as almas evoluíam até o plano superior. Certa vez ela me falou das habilidades medicinais do Dr. Luiz Carlos, um espírito que ela encarnava e dava atendimento no centro durante as seções. Argumentou que o que a medicina material não podia resolver, o Dr. Luiz Carlos resolvia, pois tinha sido um dos melhores médicos do século XIX.

Coincidentemente, eu, que fazia História, estava escrevendo sobre medicinas alternativas e tinha lido em uma edição da Veja amplo artigo tratando de várias técnicas alternativas. Para montar meu artigo, consultara a revista e também lera o livro Medicina Alternativa – A Armadilha Dourada, do Dr. Silas de Araújo Gomes, Casa Publicadora Brasileira, que versava sobre medicinas alternativas como a Homeopática, Acumpultura, Reiki, Chamanismo, etc..

Lendo sobre a história da medicina, vi quão precária era a medicina nos séculos anteriores. O Dr. Cilas comentou que o Dr. Hahnemann criou a Homeopatia justamente porque naquele tempo os tratamentos médicos mais resultavam em sofrimento e morte do paciente do que em benefícios. E era de se esperar, pois nós, tão modernos, sabemos quanto a ciência médica evoluiu. No tempo do espírito chamado Dr. Luiz Carlos eles pensavam que a febre estava no sangue, então pretendiam tirá-la através de sangrias, com ventosas, esfregando copos na pele da pessoa até que o sangue vertesse, ou pondo-lhe sanguessugas.

O pai certa vez me perguntou se eu cria em vida após a morte. Respondi-lhe que sim, pois quando Jesus voltar os mortos serão ressuscitados e seus corpos e almas serão restaurados, quando irão morar eternamente com Deus, primeiro no céu, por mil anos, e depois na Terra restaurada. Então ele me disse que eu era espírita, pois acreditava em vida após a morte. Todavia eu sabia que não era espírita, pois a diferença não está em crer ou não em vida após a morte, mas em crer na doutrina da imortalidade da alma. A Bíblia é bem clara em vários pontos mostrando que a alma morre quando o corpo morre, sendo que o próprio Deus refere-se ao conjunto corpo e espírito como alma vivente.

O pai muitas vezes me apresentou pessoas incorporadas e questionou como eu poderia duvidar que aqueles que possuíam aquelas pessoas não eram espíritos de pessoas que tinham morrido, sendo que se apresentavam com características como o timbre de voz, a grafia e coisas assim da pessoa que diziam ser.

Em tempos anteriores, meu cunhado me trouxera cartas psicografadas. Jamais neguei a existência de espíritos. Todavia, esses não são espíritos de pessoas que já viveram. A Bíblia é muito mais autorizada do que Kardec. Só sua antiguidade, resistência ao tempo e perseguições já são suficientes para demonstrar como ela é a autêntica Palavra de Deus. Porém, mais do que isto, possuo artigos com argumentos de provas arqueológicas mostrando como ela não foi adulterada nas cópias. Participei de seminários com doutores de arqueologia, filosofia, lingüística e teologia e muito foi mostrado como as cópias atuais são idênticas a cópias de duzentos anos antes de cristo. Isto sem falar dos cumprimentos proféticos, a história imitando as profecias bíblica frente a nossos olhos. Além do mais, a mente humana tem capacidade de saber quando algo é incoerente consigo mesmo. Não é o caso da Bíblia. Ela não se contradiz.

A bíblia diz aberta e claramente que todas as almas pertencem a Deus, tanto a alma do pai quanto a do filho, e a alma que pecar, essa morrerá. Em Deuteronômio diz que não há consciência nem sentimento no mundo dos mortos, tampouco qualquer atividade. Em Apocalipse diz que houve peleja no céu, pois Miguel e seus anjos pelejaram contra o dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e satanás (que quer dizer inimigo). E continua dizendo que também pelejaram o dragão e seus anjos, mas não venceram, sim foram expulsos do céu para a Terra e aqui estão a confundir as pessoas e pô-las contra Deus, desviando-as de fazer o que é certo em benefício de si e de seus semelhantes, mas levando-as a fazer coisas prejudiciais pensando que estão a fazer a vontade de Deus.

Pois bem. Considerando que, sei, que os anjos de Deus também estão a ministrar em favor de nós e que os anjos de Lúcifer aqui estão indignados; considerando sua antiguidade e habilidade, seus conhecimento sobre tudo que fazemos, vemos e ouvimos, onde estamos, com quem estamos; considerando que são invisíveis e, na maioria das vezes, imperceptíveis, podem estar onde quiserem, assistindo tudo, gravando tudo, etc.. Portanto, como apesar de tão limitados, conseguimos imitar letras, vozes, caras, pessoas, etc., muito mais eles podem.

Num de meus textos conto a história de um dia em que vimos o fantasma do meu tio quando ele ainda estava vivo e bem. Logo, seu fantasma não era seu espírito, mas um espírito de demônio imitando-o.

Para que você veja como estou familiarizado com o espiritismo e os argumentos em favor dele, que percebi que são tão poucos, o dono da empresa, então fazendo Psicologia, escreveu um livro chamado “O Outro lado da Mediunidade”, onde pretendia ajudar as pessoas a aplicarem a mediunidade na vida prática. Como eu lidava com livros, incumbiu-me de publicá-lo e, por estar muito truncado, tive que reescrevê-lo, fazer a revisão literária, interpretando os textos e dispondo as palavras de forma inteligível.

Muito debatemos sobre os parágrafos daquele livro, também sobre a utilidade dos métodos e como o livro se tornaria de auto-ajuda, não perdendo nada do conteúdo se tirasse o espiritismo.

No final, percebeu-se que ele era q-suco, água tingida, pois o espiritismo não fazia sentido no livro, pois nele tinha pedido o foco, ensinando sem querer às pessoas mais lúcidas que não precisam do espiritismo para viver melhor. Disse q-suco, porque mistura-se pó na água, mas o corpo absorve e se beneficia só do que é água. É o caso do espiritismo. Já não é o caso da Bíblia, que se meramente lida já começa a melhorar a saúde física e mental da pessoa.

Quanto ao dono da empresa, que lia os livros religiosos que eu lhe emprestava, certa vez contou-me que, embora convicto do espiritismo, achava a ressurreição dos mortos, como está na Bíblia, muito mais atraente e provável, sendo que se perguntava como as pessoas reencarnariam neste planeta quando a poluição e agressão humana o tivessem desolado, que é para onde caminhamos.

Na continuação, de 2003 até aqui, muito mais estudei da Bíblia, dos livros de história, das filosofias da história, das filosofias político-religiosas, das religiões antigas e modernas, do pensamento das religiões, sejam elas quais forem, e entendi como funciona o pensamento humano e porque as pessoas inventam ou aderem a crenças que se desviam do verdadeiro Deus. Desde meu primeiro contato com o espiritismo, em 1992, muito tenho sido assediado por pessoas e filosofias espíritas e quanto mais ouço e leio mais vejo quanto a filosofia da imortalidade da alma é rota e sem atrativo. Não seria essa que iria me fazer desistir da oferta confiável de Deus de ressuscitar no último dia com meu próprio corpo, porém restaurado, com minha identidade plena e lúcida e morar com Jesus em um mundo onde a morte já não há de separar as pessoas, pois todos serão obedientes e não desencadearão a doença, o sofrer e a morte.

Desculpe te escrever tanto, mas é que acho que teus argumentos no meu artigo são dignos de tanta atenção.

A você tudo de bom e que o Espírito Santo de Deus te ilumine e faça que este texto te acrescente conhecimento decisivo.

Att.

Wilson Amaral