SEGUNDA CARTA AOS AFASTADOS DA IGREJA ACERCA DO FIM DA INCERTEZA

SEGUNDA CARTA AOS AFASTADOS DA IGREJA ACERCA DO FIM DA INCERTEZA

Amados, acredito que o primeiro pré-requisito para aceitar a filosofia do Cristianismo, seja o comprometimento com a fé e a necessidade de buscar ser seguidor de Cristo, procurando imitá-lo, na medida do possível, haja vista, nossas limitações e imperfeições humanas, desde que não seja uma justificativa para qualquer impedimento para não deixarmos de estar no caminho, quando Ele diz: “aquele que quiser me seguir, negue-se a si mesmo, não olhe para trás, pegue sua própria cruz e me siga”. Seguir ao Mestre não é tarefa muito fácil, mas não é algo impossível, a partir do momento em que queremos o melhor para as nossas vidas, e das pessoas com quem nos relacionamos, somente é tarefa difícil, quando não queremos fazer a vontade Dele, e sim! A nossa própria vontade, nossos próprios anseios e permanecer nos antigos hábitos, manias, atitudes erradas diante de Deus. Quando nos comportamos assim, nós mesmos colocamos uma tremenda barreira, um grande abismo entre nós e a santidade do Senhor, por não podermos acreditar que podemos procurar ser santo como Ele é Santo. Digo, santidade no sentido de estarmos separados e consagrados, buscando sempre uma comunhão sincera com o nosso Deus Todo-poderoso. Estar separado, é deixar de ser envolver com coisas que desagradam a Ele, e consagrados é procurar viver dentro de uma dimensão espiritual, através da oração, do jejum, leitura da Bíblia, freqüência acídua nos cultos, reuniões e ensinos ministrados na Igreja. Sim, à medida que buscamos mais, mais ainda recebemos daquele que nos capacita para, ou pela boa causa do Evangelho. Seguir a Cristo, é reconhecer primeiramente quem Ele é, “que no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio Dele, e, sem Ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava Nele e a vida era a luz dos homens... Se fez carne e habitou entre nós” (João 1). Este homem foi fecundado pelo Espírito Santo numa mulher, a Virgem Maria, que fora escolhida para conceber, ou melhor dar à luz, àquele que já a trazia, Jesus (o Messias). Admiro Maria por haver sido a escolhida, e ser essa pessoa tão especial, nos planos de Deus, que dentre tantas virgens foi contemplada, agraciada para uma missão tão importante, e porque não histórica e/ou sobrenatural (ao ser concebida pelo Espírito Santo), devido à sua virtude, obediência, resignação e complacência. Até mesmo Santa, no sentido de ser separada, como os Profetas, Apóstolos e os cristãos, que agem como verdadeiros servos do Deus-Altíssimo. Sim, “porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus” (Romanos 8;14). E, por sermos servos obedientes, em conformidade com a Palavra Dele, nos faz “herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele Sejamos glorificados” (Romanos 8;17).

Nosso Senhor Jesus Cristo, que é digno de toda honra e louvor, de quem dimana a operação de milagres e, que nos diz: “aquele que crer em mim, fará obras iguais, ou maiores que eu” (João 14;12). Portanto, não sou eu que estou dizendo, mas o Mestre. Acredito com certeza, que a Virgem Maria e/ou

Santa Maria, trouxe para si a mesma evidência, bem como seu marido José, e a posteriori os filhos de ambos. Para que lembre-mo-nos, vejamos uma passagem em que Maria, se refere a Jesus quando nas bodas de Caná da Galiléia: “Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não tem mais vinho. Ele respondeu: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora. Então, ela falou aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser” (João 2;3-5). Nas passagens do Novo Testamento, é evidente que Maria, posteriormente mãe de Tiago, José, Judas e Simão (Marcos 6;3), à medida que Jesus crescia em tamanho e entendimento, tornou-se também, sua serva e seguiu seus ensinamentos, pois na esfera do sentido humanitário do Cristianismo, transpunha a relação maternal para uma relação fraternal, e, a mãe de Jesus, foi a primeira a reconhecer suas limitações e o preço que Ele (o Messias) iria pagar pela humanidade, na verdade o que partia dela era um aceitar resignado, porque o lado materno sofria em silêncio, embora o que ela podia fazer, já havia feito quando bem cumpriu seu papel, de mulher-virgem-mãe. Tem duas passagens na Bíblia que muito me impressiona pela objetividade de Jesus, acerca de sua mãe, Maria: “Chegaram, então, seus irmãos e sua mãe; e, estando de fora, mandaram-no chamar. E a multidão estava assentada ao redor Dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos te procuram e estão lá fora. E Ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E, olhando em redor para os que estavam assentados junto Dele disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Porquanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, e minha irmã e minha mãe” (Marcos 3;31-35). É bem provável, não tenho dúvidas que humildemente ela (Maria) se aproximou e participou, quieta, quando ouviu a resposta do Senhor (Jesus). Doutra maneira, não retirar-se-ia, por orgulho, pois a virtude e a simplicidade eram características próprias da sua Natureza, motivo pelo qual e dentre outros requisitos foi a virgem (santa): “bendita entre as mulheres”.

Noutra passagem diante da Crucificação constatamos que “junto à cruz estavam a mãe de Jesus, e a irmã dela, e Maria, mulher de Cleópas, e Maria Madalena. Vendo Ele sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse: Mulher, eis aí teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa” João19;25.

Todavia, apesar da Bíblia não revelar que Maria ou José, houvessem realizado algum tipo de cura milagrosa. Relevante dizer, que isto não vem ao caso, pois eram pessoas santas. Até porque não é a evidência de milagres e curas que nos faz ser mais ou menos santos, mas uma vida de compromisso para com Deus, de amar a Ele sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Até porque se negasse tal coisa, de que eles (Maria e José), não fossem santos, iria de encontro ao que está escrito em 1 Pedro 1;14: “Mas, como é Santo Aquele que vos chamou, sedes Santos em toda maneira de viver”. Nós nos santificamos, à medida que buscamos estar cada vez mais em comunhão com Deus, à medida que procuramos fazer a Sua vontade, “ e sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu Decreto” (Romanos 8;28), pois de acordo com o correto proceder, houveram homens (e mulheres) tão magníficos e santos, aos olhos do Altíssimo, que não conheceram a morte, que fora devidamente registrado nas Escrituras Sagradas, como o caso de Enoque e Elias, que foram arrebatados. Outros na mesma condição, só não foram arrebatados porque tinham ainda mais tarefas a cumprir, sendo assim, fizeram a passagem por meio natural, voltaram ao pó, Abraão, Noé, Moisés, David e etc. Não obstante, Moisés haver sido um caso à parte, “quando Arcanjo Miguel, contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo dele (Moisés): não atreveu a proferir juízo infamatório contra ele (diabo): pelo contrário, disse: o Senhor te repreenda” (Judas 1;9). De igual maneira, Maria e José, voltaram ao pó, e como todos nós almejamos um dia, alcançaram a salvação e, conseqüente Vida Eterna. Nas Escrituras Sagradas, o único que ascendeu aos céus, foi o Nosso Senhor Jesus Cristo: “... e levou-os (discípulos) fora, até Betânia; levantado as suas mãos, os abençoou. E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu” (Lucas 24;50-51).

Todavia, não poderia terminar aqui, sem antes falar de José, essa pessoa espetacular, homem sincero, ter que aceitar fato de que uma menina, quase mulher, havia lhe dito, que estava a espera de um filho, fecundada por um Espírito. Diante de dúvida ou da incerteza? O que fazer e como se comportar? Numa época em que a infidelidade, era inadmissível, abominável. Numa época em que as mulheres julgadas infames, eram apedrejadas até à morte. Até haver uma mudança, não de aceitar o erro, mas de não penitenciar uma vida para uma morte cruel, sem a devida defesa ou direito ao arrependimento, quando a mudança de conceito, foi a expressão que o Mestre usou: “Quem não tem pecado, atire a primeira pedra” ou de “ não julgar para não ser julgado”. Jesus, o Mestre, abomina(va) o pecado, mas ama(va) o pecador arrependido, e disse à mulher adúltera, “mulher, cadê os seus acusadores, os teus pecados estão perdoados, vai e não peques mais”. Jesus, sempre assumiu a postura e a necessidade do perdão, acerca de que devemos dar a outra face, diante daquele que nos vier a ferir, ilustrava ainda, que se alguém nos tirar a capa, também que se oferte a túnica. Não, mil vezes não! José estava debaixo da Lei Mosaica e teve que rever determinados conceitos, naquele instante incomum, não poderia crer que um bebê nascido de uma mulher, viesse ao mundo se coabitar, com um homem. Se do Espírito Santo, como poderia?! Houve um verdadeiro nó, uma confusão na cabeçinha daquele homem. Sabia ele, que poderia vir de Deus, mas como?! Homem de virtude, criado dentro da tradição Israelita, temente a Deus, não poderia conceber tal idéia, houve um conflito, uma luta interior. Julgar sua futura esposa adúltera, era inconcebível, titubeou, deu um nó em seus pensamentos. E, com quem poderia externar isso - ao se afastar, triste, calou-se! Mas ficou em segredo, sofreu, indignou-se, mas não foi agressivo, sequer indelicado, questionou é claro, indagou à sua futura esposa acerca de tais mistérios, que lhe respondeu que um anjo trouxera as boas vindas do nascimento do Cordeiro de Deus, que tiraria o pecado do mundo. Foi para sua casa, meditar, em seu leito, angustiado, cheio de dúvidas, como pode um anjo enviado do Senhor?! Até que adormeceu... eis que um anjo do Senhor o visitara em sonhos, e o revelou tanto o mistério como o propósito Daquele que haveria de vir: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mateus 1;20-21). Assim, o fim da incerteza, homem, imagem e semelhança de Deus, ou do contrário, um Deus que se desfez da própria glória para ser homem e habitar entre nós “seus iguais”. José, agora reconfortado, segue adiante, bem cumpre seu papel na história do Cristianismo. Pai de um Deus-homem ou de um homem-Deus. Pai do Cristo, por adoção paterna e natural, porque Jesus era filho de mulher,sem contato com o homem, o genitor, mas Jesus era o Filho de Deus, porque mesmo por haver sido concebido, já existia, quando nos diz: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, O Primeiro e o Derradeiro”(Apocalipse 22;13). Mas a palavra tinha que se cumprir e para isso, Ele veio ao mundo, para resgatar o homem do pecado, da perdição, para que a morte não tivesse a última palavra. Veio para o mundo que o rejeitou! Veio para ser a Salvação, Aquele que respondeu a Satanás, quando foi tentado no deserto: “ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a Ele darás culto” (Mateus 4;10).

Maria e José, tiveram um grande papel dentro da história do Cristianismo e/ou Judaísmo, por haverem sido escolhidos ou serem predestinados para uma missão divina, mas não esqueçamos que para além disso, basta o que Jesus nos afirma (quer seja para os santos ou não): “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim (João 14;6). Pois “Jesus é o Nome que está sobre todos os nomes” (Filipenses 2;9). Para melhor, entendermos, ratifica as Escrituras Sagradas: “sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação” (2 Pedro 1;20).

Rio de Janeiro, 25 dez 2000

Atualizado e revisado em 30 ago 2008

Denilson Marques

(Membro da Comunidade Evangélica Vida da Pavuna)

Poeta, formado em Filosofia na UERJ pela graça de Nosso Senhor Jesus Cristo.

denymarques
Enviado por denymarques em 02/09/2008
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