Carta ao Roberto Carlos/ Porque nós não esquemos
Belém, 30 de maio de 2007.
Prezado Roberto Carlos,
É do conhecimento dos brasileiros o seu título de “rei” da música popular brasileira. Aliás, não há nada mais popular do que ser considerado rei, dispor de prestígio e ter uma imagem respeitada – alvo da curiosidade do povo. A sua imagem, prezado cantor, depende unicamente do senhor, seus atos e suas palavras podem lhe comprometer.
Para qualquer pessoa pública, ser matéria de revistas ou livros é algo normal, sendo ela infundada ou não. Porém, quando há algo que precisa ser esquecido, esquecido ou censurado, a culpa não recai sobre o escritor ou editor, mas naquele que cometeu o ato.
Durante a ditadura militar, a Jovem Guarda permaneceu intocada e apoiada pela mídia. O modelo “rebelde” alienado contrastava com o revolucionário tropicalista, vítima das barbáries da ditadura e de sua censura. Com isso, podemos entender o porque de se proibir uma biografia sua. Há algo nela que deveria ser omitido ao leitor ou apenas uma forma de voltar-lhe a atenção? Músicas simples e letras tolas não perduram na memória, por maior que seja a divulgação dada a elas.
Caetano cantou por toda e qualquer liberdade, afinal todos nascemos livres – acho que não nascemos então! Caro artista, não plante a idéia de repressão em um país marcado pela violência e falta de instrução. Queimar livros num país analfabeto? Ora...não voltemos à ditadura em um sistema “democrático e livre”.