Carta ao meu ex-amor
 
Recanto das Letras, 07 de setembro de 2008.
 
Meu ex-amor,
            Isso não é mais uma das poesias que lhe escrevo nem cartas e crônicas. É apenas o resto do amor que ainda insisto em ter por ti, mesmo depois de tudo o que me fez, que falou e que não realizou.
            Poderia eu te condenar, apenas pelos teus inúmeros erros. Mas não farei isso, pois a criança que você vês em mim e que nunca amou, quer apenas te agradecer por ter feito dela uma mulher, consciente de seus atos.
            Você que chegou de mansinho em minha vida e logo montou acampamento, me tomando de assalto o coração, me transformou. Pegando um coração todo despedaçado e juntando, pedaço por pedaço, com todo o seu jeito embrutecido de ser. Acalentou as minhas dores, me fez acreditar na beleza que eu sempre tive e que andava escondida em meus medos.
            Mesmo contra o mundo, acreditou em mim e nos meus preceitos, lutando contra a negatividade que estava impregnada em mim, você me amou, orou por mim, voltou sua espiritualidade afim de me curar a alma.
            Amou-me, mesmo que por mentira, me amou. Envolvendo-me em teu ser, com todo o seu amor e seu jeito de menino e homem. Contou-me historias, desabafou, chorou, gritou, foi uma parte sua que se apoderou do meu ser.
            Mesmo criança, eu amei como nunca amei ninguém. Dediquei a ti meus dias, meus pensamentos, minha vida. Abafei meu ego, meus orgulhos e fantasmas, que você, meu ex-amor mando para bem longe. Cuidando de mim com todo carinho apesar da calunia da distancia.
            Cuidaste de mim, secando minhas lágrimas, curando minhas feridas, em pouco tempo dominou meu ser, mesmo que não querendo. Mas com meus erros e minha forma de amar, acusou-me sufocar-te em meu amor. Pena que você não entendeu meu jeito de amar, apenas me julgou.
            Dedicastes-me versos, poesias e outros tantos. Considerava-me algo raro para ti, mesmo não sendo amor o que me tinhas. Saiba que de ti, levarei o melhor que pude aprender. Com tua humanidade e coração ainda bom, que insistiu em apunhalar o meu, negando o desejo que existiu de ti.
            A chuva grossa que me banhava o corpo envolto em lágrimas, se foi... ainda limpo as poças de lama que em mim ficaram, mas, a certeza do céu limpo e o sol que me aquece a pele, preludia meu renascer. Eu sobrevivi, a você, como você sobreviveu a mim.
            Mas nosso amor, esse, apesar de todo sofrer e ira que sentimos um pelo outro agora, o amor, não morrerá... Porque você sabe que me ama de verdade, mesmo que negue. Então, deixemos curar, esse nosso estranho jeito de amar.
            Seguindo cada um para o seu lado, sendo felizes com outros amores, pois em outra vida, acertaremos nossas contas. 

"Leve com você só o que foi bom, ódio e rancor, não dão em nada..."
 
Ass: Sua ex-Relíquia.
 
Samara Lopes
Enviado por Samara Lopes em 07/09/2008
Reeditado em 07/09/2008
Código do texto: T1165899
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