Olinda, 07 de setembro de 2008.

Olinda, 07 de setembro de 2008.

Ando refletindo bastante sobre a vida, sobre a minha vida, sobre a vida dos meus companheiros, familiares... Tenho pensado um bocado nas circunstâncias atuais e tenho medo do que pode ou não pode vir. Na maioria das vezes, o desconhecido assusta e o pior é não termos o menor controle sobre isso. Não me sinto muito seguro onde estou, como estou, no que estou fazendo, no que desejo pro meu futuro... É uma sensação de impotência sobre a autonomia que me foi dada pela oportunidade que estou tendo de viver, de compartilhar, de me expressar, de ajudar, de amar, de aproveitar... Às vezes tudo me parece tão vago, tão fútil e fugaz. É um certo niilismo, um pensamento de que nada vale a pena, de que nada faz sentido, de que tudo é igual para todo mundo, de que os ciclos se fecham, acabam-se e não resta ou nos resta nada mais. É um devaneio infundado. Talvez! Ou seria uma verdade da minha realidade de viver, de modo de vida?

Sinto medo. Não tenho tanta segurança. Parece-me que o meu tempo se esgotou e que sou vou conseguir estar atrás dos que já estão a anos-luz de mim, em quase todos os segmentos “normais” dessa vida que dispomos. Sinto-me sozinho, medroso, acuado...

Eu penso em tantas coisas diferentes da maioria das pessoas. Tenho idéias e ideais totalmente distintos de vários amigos, de colegas de curso, de “trabalho”... Será essa a graça da vida? Essa diversidade? Não sei. Mas eu queria mais e melhor. Queria mais tranqüilidade, mas cordialidade, mais dignidade, amor imenso, incondicional e ilimitável – mesmo que possa ter fim –, muito mais arte, muito mais música, mais sonhos e realizações imateriais, alto crescimento pessoal e espiritual, independente de culto ou credo religioso, pois se existe algo maior acima de nós, esse não está lá para nos repugnar, para nos reprimir, nos oprimir... A idéia é muito superior a isso. A causa é muito mais justa do que se faz presente. Os motivos são deveras grandiosos para serem tratados como meras mercadorias em nome de “Deus”.

Tenho medo de mim e do que sinto por mim mesmo e por algumas pessoas que me chegam, que me vão, que sempre estão ou poderão estar comigo... Parece haver em mim, um romantismo exacerbado, um desejo incólume de estar bem, de ser e ter a permissão do outro para fazê-lo feliz com o que sou, com o que tenho de valor a oferecer, com a minha boa índole, com a minha “inocência”... Sou um bom homem. Mas, parece-me que não se tem muita confiança e consideração por pessoas como eu. Eu tenho repulsa pelos hábitos mais usados, pelos divertimentos mais procurados, pelas conversas e aspirações mais desejadas. O que se torna raro de encontrar pessoas compatíveis.

Vejo-me sozinho hoje e vislumbro o mesmo no futuro.

Desejo imensamente me enganar, surpreender-me comigo mesmo e com as pessoas que se apresentarem a mim. Desejo que eu multiplique tudo o que eu sou, tudo o que eu posso ser.

FÁBIO BARBOSA
Enviado por FÁBIO BARBOSA em 11/09/2008
Reeditado em 11/01/2009
Código do texto: T1172017