DEXE-ME TE TOMAR NOS BRAÇOS

Meu coração torna-se um animal feroz, prestes a rasgar-me o peito e escapar em busca de ti, quando eu me ponho a pensar em você, meu amor. Dir-se-ia de um prisioneiro condenado injustamente desesperado para escapar da prisão que tanto o oprime e o impede de viver, de aproveitar o mundo lá fora por causa de um erro em seu julgamento.

Ah, meu amor, o meu coração chora por ti, por tua ausência quando você está distante. Só você pode confortá-lo, só você pode dar-lhe alegria, fazê-lo pulsar de felicidade. Quando você está aqui comigo, ele quase afoga nas próprias lágrimas de alegria; meu coração pulsa tão forte que quase me arrasta ao espaço em seus saltos de contentamento.

E esse contentamento é tão grande, tão imensamente intraduzível em palavras, que só posso te dizer que não tente imaginá-lo. Apenas sinta-o. No entanto, posso lhe afirmar que quando você está distante, quando meus pensamentos não estão em ti -- embora quase sempre estou pensando em ti, meu amor -- meu coração parece adormecer, entrar num transe interminável. Quase não sinto as pulsações no meu peito -- aliás, apenas uma dor, um aperto muito grande me faz lembrar que tenho um coração --; os dias parecem sombrios como nos dias chuvosos de inverno; as cores perdem o brilho e tudo parece desbotado como numa imagem exposta por um longo período ao sol; enfim, é tudo tão diferente.

Mas se penso em ti, no aproximar do momento de nos encontrarmos, há tudo fica diferente. A expectativa vai crescendo a cada minuto, uma inquietação desmedida toma conta da gente, tenho a sensação desagradável de que as horas demoram a passar, e cada vez demorar mais. Ah, se a separação é ruim, aguardar o próximo encontro me parece ser ainda pior. Por isso, meu amor, não me furte mais de tua ausência. Deixe-me tomá-la nos braços definitivamente, para todo o resto da vida.