JD - Por seu criador

Caros amigos e aqueles que me leem.

Resolvi escrever esta carta porque preciso que não haja mal entendidos entre o que escrevo e o que sou.

Me preocupo em ser mal interpretado. Sei que não deveria, mas faz parte de mim coisas desse tipo. Até irrito alguns amigos(as) que dizem não ser da conta de ninguém o que quero ou deixo de querer, o que penso ou deixo de pensar. Dizem até que eu devo estar me achando o centro do universo e dando a mim uma importância além do que é normal se achar que tem.

Mas não é isso e nem tenho tamanha pretensão. Escrevo aqui nesta comunidade de autores a quem considero amigos, não com meu nome verdadeiro, a exemplo de tantos outros que já visitei e li. Também não é para esconder minha identidade. Hoje isso é quase impossível. Apenas o faço para poder me desprender do homem que está atrás do poeta (outra pretensão minha). Se houver algum psicólogo de plantão, certamente poderia explicar, mas não sinto necessidade de saber. Quando não souber diferenciar uma coisa da outra, ai sim estarei com sérios problemas. Disso tenho consciência e por isso vivo a me policiar.

Tenho necessidade, sim, de ser alguém diferente para escrever. Preciso me colocar na pele de outra pessoa, porque não sei se conseguiria criar sendo eu mesmo, com minha vida, meus problemas, minhas angústias, sonhos normais, etc, etc.

JD é, antes de tudo, um apaixonado pelo que é belo, pela natureza, pela terra, eternamente pelas mulheres. JD precisa estar amando para criar. Precisa ser livre para amar, para poder dar asas a sua imaginação e alçar vôos proibidos sem sentir nenhum tipo de culpa. Amo minha esposa. Tenho a minha versão própria do amor. Minha opinião própria sobre a paixão e os perigos que ela representa. “A paixão é péssima conselheira”- Li isso em algum lugar há muito tempo e nunca me esqueci. Houve épocas que fui vítima dela e aprendi a compreender o que diz a frase da forma mais cruel. JD vive paixões das mais diversas. Ele pode arriscar, pode sofrer desilusões, pode recomeçar ou desistir na hora que quiser. Pesoas comuns como eu não podem, ou pelo menos, não é assim tão fácil. Quando fecho meu editor, JD fica lá entre o os botões do teclado esperando para usar minhas mãos e dizer o que sente.

Aqueles que me lêem, podem achar que o homem por trás do JD está apaixonado. Não! Ele apenas ama os diversos amores que tem em sua vida. Sua família, seus amigos, sua profissão; enfim o simples fato de estar vivo.

JD sim... Ele ama fervorosamente. Se entrega, se desespera, sofre, deseja, procura, manda flores, canta e encanta-se com seu próprio sofrimento.

É nesse solo, adubado com paixões e sentimentos intensos, regado com lágrimas, que brota seu desejo de externar o que sente; se formam botões-textos, florescem suas frases e poemas, amadurecem seus pensamentos e dão o fruto principal que é a chance de dizer o que muitas pessoas tinham vontade mas não conseguiam e acabam vendo em seus escritos o que gostariam de gritar e o grito não saia.

JD quase dá nome às suas paixões. Não sei o que pensariam se lessem o que eu escrevo inspirado por elas, apaixonado por elas, amigo delas, por elas incentivado, sem que nada digam e até nem tenham conhecimento daquilo que despertam nele. Espero que elas saibam a diferença e que isso não abale as estruturas de nossos relacionamentos. Sei que se abalarem é porque eles não eram tão sólidos.

Caras amigas, amantes virtuais, musas apaixonantes perdoem JD, se o que ele diz não vos agradar, ignorem até se não lhes interessar o que se passa em seu peito sofrido, mas não o confundam com seu criador. Criador e criatura são os dois lados da mesma moeda, mas, jamais se esqueçam de que cada um está de um lado e não podem ser vistos ao mesmo tempo.

14-03-2006