Flores, pedaços, muralhas, despetaladas: o amor chegou ao fim.

Não adianta sermos humildes. Era só um pedacinho que queríamos. Um pedacinho do coração um do outro... Um pedacinho de felicidade nos nossos dias, muitas vezes, tão cinzas... Poderíamos ter sido ambiciosos...

Algumas vezes até que fomos, mas, talvez num momento errado. Queríamos muitos 12 de junhos juntos e não menos que os outros 365 dias multiplicados pelo infinito juntinhos também. E... Esquecemos de viver o famoso “Um dia de cada vez.”

Quisemos muito um do outro, quisemos o que quase não podíamos oferecer, por empecilhos diversos. Por intensa agonia de um ter simultâneo, não recíproco, abusamos da mágoa, mas sobrevivíamos. Por motivos diferentes, ou não, insistíamos em ter um pedacinho um do outro.

Tantas palavras... Palavras não faltaram. Palavras, que me fizeram ver que eu não passava de uma menina que se tinha posto numa masmorra com acesso a banda larga, por medo da crueldade do mundo. E, que, certa feita, bem aos poucos, deu a mão a um rapaz acreditando que podiam construir juntos um mundo bonito e enternecer a vida.

Uma pena que eu tive que voltar ferida pra masmorra! Uma pena que vi a muralha que tantas vezes falou que eu tinha destruída. Agora estou desprotegida. Quase entregue aos leões. Meu forte, agora, parece uma arena. Mas, mesmo machucada, tento pegar os cascalhos e reconstruir a muralha – aprendi a tentar não ser vítima, mesmo que eu precise nadar contra as ondas dos fatos que me feriram.

Acredito ter aprendido com esse mundo que me apresentou. Devo dizer que não só deixei pedacinhos pelo caminho. Deixei pedaços inteiros de coisas que eu precisava pra seguir. Deixei sementes, as sementes das mais belas flores, do jardim que um dia me desejou numa manhã. E, infelizmente, não consigo acreditar em mais nada...

Julia Kafka
Enviado por Julia Kafka em 30/10/2008
Código do texto: T1256847
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.