Preocupações e dor, Meu Caro.

Meu Caro;

Todos os dias, depois daquela tarde, sem palavras com significado suficiente para descreve-la. Todos os dias, minha vida parece um filme triste, velho, dramático e chinfrim.

Minha preocupação Meu Caro, é final previsível e pobre, desse filme digno de sessão da tarde, onde a mocinha chorosa e desconsolada espera que o mocinho venha lhe salvar de todo o sofrimento. Porém, sabemos, o mocinho não vem. Me preocupa, o fim solitário, choroso e melindroso da mocinha. Sozinha... por mais que em todo decorrer do filme ela não tenho feito por merecer, e o destino não costuma trabalhar como os roteiristas de Hollywood. Infelizmente, não acredito que teremos um final ganhador de um Oscar.

Pois bem, Meu Caro, esse tipo de previsão doí mais, aliais, muito mais do que a mocinha poderia imaginar. E nem sequer um vilão nessa história para ela em seus braços ser consolada.

É difícil conformar com a perda, mesmo de algo que nunca se teve. É como saudades da infância. Sabemos exatamente onde está, o que nos aconteceu, mas não podemos esticar o braço para tocar. Algo por cima dos ombros, temos a sensação de que é somente necessário um virar de cabeça, olhar para atrás. Porém, muitas vezes atrás, há apenas um passar de concreto vazio, cinza e nebuloso.

Desculpa Meu Caro, minha persistência e insistência infantil de não entender o que aconteceu. E continuar a sofrer com tua ausência e distancia, esta é forma encontrada para camuflar a minha esperança de que um dia volte atrás com tudo isso, mude de idéia. Uma desculpa simplista e ingênua usada de motivo para minha falta de coragem de desistir e deixar a vida seguir seu curso, o curso de cada um para seu lado, sem mais nada em comum.

Sei, Meu Caro, o quanto tenho me maltratado em função disso, e até mesmo o quanto tenho me rebaixado e sujeitado. Mas, dizem que não exitem razão para coisas feitas pelo coração. Mais impressionante aquilo tudo que coração pode suportar. Me pergunto até onde mais vou levar essa demência, até quando mais vou sofrer sozinha por algo que não importa a mais ninguém. Apartir do momento que não importa mais a ti, Meu Caro, não importa a mais ninguém.

O que me acabe agora é pedir que algo me ilumine, e me faça dar conta do real valor disso tudo, nenhum. Esperar que tudo isso passe, e mais uma vez me sinta melhor quando a maré mudar, o sentimento desaparecer, e o alivio de nunca ter dito nada. Mais uma vez era persistência em um grande erro, que apesar de minha teimosia, a vida não me deixou cometer.

Meu Caro, não quero importunar com minhas lamurias, por isso não digo nada. Tenho certeza que nem sequer quer ouvi-las. E ouvir de ti que não te importas com nada disso, é belo o que sinto, mas pra ti não faz qualquer diferença. Não tenho espirito para passar por esse tipo de rejeição denovo. Prefiro passar dias me consumido, rebobinando eternamente esse filme, procurando erros meus. Vou ter muitos a pontar, e é melhor mesmo que eu os reconheça sozinha.

Desculpa mais uma vez Meu Caro, quantas vezes mais é possível que volte a escrever. Mas é única forma que encontrei não transparecer isso que carrego aqui dentro, que de ti não vale de nada, mas pra mim... é tudo que me resta.

Adeus mais uma vez, Meu Caro.

Até a próxima.