Queria ser, descomplicado e vazio, inconsequente e do mal. Perseverante e vadio, daqueles que transam corpos, e desperdiçam paixões, como que em vasos quebrados, poeiras, tetos, galpões. De mortos-vivos jogados, como alimento frugal.
Pra te dizer tanta coisa, pra te contar algo meu, ou te deixar no caminho, pisando em flores, sozinho, nas águas de um temporal.
Desperdiçando carinho, de alguém que um dia foi meu, e que talvez seja Eu.
Um artifício, Artesão, que em mãos erradas despeja, a fina sorte do mundo, limpando chão e bancadas, como se fosse o final. 
Cabeça feita ou vazia, de um passado carente, das revelias do tempo, das marcas da solidão, dos linhos olhos castanhos, um doce encanto, menina, de pele branca e macia, no dispersar da Pensão.
Fui Eu jogado na sorte, delimitando sentidos, atazanando o prazer, que conheceu muita gente, e um desafeto carente, que nos meus braços, um dia, a vida veio a perder.
Mas sou devoto sentido, chorando as preces do mundo, caindo em sono profundo, só pra sonhar com você. Ver os teus olhos de novo, nas condições que Eu me encontro, mesmo sabendo que a vida, a tua pele mudou, mesmo sabendo que branca, talvez até nem macia, ainda é minha sina, sonhar o que se sonhou.
E hoje vivo da sorte, que os mortos-vivos jogados, abençoaram do inferno, como se corpo fechado, ou a colheita sem corte, que me protegesse afinal.
Dessas saudades de amigos, são como faca no tempo, cortando vento e manhã, como desterro na gente, ou mesmo sobra da carne, é como fato banido, de um animal em jejum.
É dor que crava o meu peito, que sangra até marear, que trás de volta o momento, mas cobra o tempo perdido, daquela fera a espreitar.
 
Saudades!!! 
O Guardião
Enviado por O Guardião em 07/11/2008
Reeditado em 07/11/2008
Código do texto: T1270518