Um minuto é muito tempo

Saímos para trabalhar pedimos a Deus poder voltar.

A poesia alimenta a alma, as conta preciso pagar.

Os holofotes acendem lá no palco a interpretar.

A vida das personagens cabe a mim desempenhar.

No batente, assim vou levando.

Gostaria de esta poetizando, mas não, estou relatando.

A volta pra casa.

O trânsito parado, alguns minutos o alvoroço.

Gritaria, tiros, volta motorista, abre a porta porra.

Ah, meu Deus, eu quero sair, deita, deita.

Até então não caiu a ficha, sentada no lado direito na janela.

Por hábito, já saio da empresa com fone de ouvido ouvindo música,

Por dois motivos: evitar abrir a bolsa na rua

Segundo, atender o as chamadas sem exibir o telefone,

Depois de dois assaltos uso esta estratégia.

Levantei a cabeça observei, de fato, o que estava acontecendo.

O ônibus estava servindo de barricada entre o tiroteio

Os tiros vinham dos dois lados, era um festival de tiros, a gritaria, o desespero,

Sem conseguir respirar, não acreditando no que estava vendo.

Comecei a ficar sem ar, no meio de tanta gente gritando eu calada olhava

E não conseguia digerir, quando olhei pra minha direita vi chegando 2 carros da polícia

Já saíram gritando em ponto de mandar bala, neste momento lembrei da mãe com os filhos gritando: meus filhos, meus filhos! Jogou tudo pra fora do carro na tentativa de salvar seus filhos e nada adiantou. Ao perceber a realidade do momento gelei inerte, assim fiquei.

Comecei a pensar, orava, pedia proteção a minha vida, a consciência pesou. Peraí, Maria, que egoísmo é este? Comecei de novo, orei por todos dentro e fora do ônibus, as crianças nas ruas, os moradores locais, que Deus nos salvasse a vida.

Comecei a buscar as mulheres dentro de mim iniciando pela atriz, não dá, bizzarro demais para interpretar. Chamei a administradora, impossível contabilizar. A poetisa, não tem jeito, nada vai rimar. Todas as mulheres em mim se foram. Meu Deus, e agora? Ajude-me, o que devo fazer? Lembrei da música que diz: Deus vai na frente, em seguida a que fala que um minuto é muito pouco para falar, naquela situação um minuto era muito para ficar.

Voltei, Deus faz um milagre em mim, Deus vai na frente........(t).

O momento era de euforia, até a hora em que o motorista conseguiu fazer a volta e retornar seguindo a viagem por outro caminho.

Os minutos passados foram aterrorizantes, saindo da mira de fogo não tive como evitar, vi minha vida passar, sem acreditar que de um tiroteio pudesse escapar com vida, desabei a chorar era um desengano profano, não conseguia parar de chorar. As pessoas que gritavam e choravam a minutos atrás começaram a sorrir e comentar, parecia tão normal, alguém gritou: a moça ta passando mal. Foram às gargalhadas. - ih! Agora que ela vem chorar.

Não importa que riram de mim, as lágrimas não paravam de cair, aqueles minutos horríveis me fizeram enxergar a vida de outra forma, de como é preciosa, como damos valor às coisas materiais e esquecemos do espírito. Na mira de tiro a fé me transformou , em Deus confiei...Fez um milagre em mim, nada acontece sem a permissão Dele. Agradeço pela nova oportunidade de vida, a cada dia vejo que nada sei.

O que sei é que toda minha visão mudou, um novo ser nasceu em mim.

Às vezes precisamos refletir entender que Existe um Deus que tudo sabe.

Maria Mendes
Enviado por Maria Mendes em 30/11/2008
Reeditado em 04/12/2008
Código do texto: T1311728
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