Carta de uma suicida

Esta é minha ultima carta, meu ultimo adeus, a todos que me viram, e aos que ignoraram minha existência, serei agora linhas, que não pretendem comover, apenas deixar claro alguns motivos, relevantes ou não...

Nunca fui a filha perfeita, a amiga perfeita, a namorada perfeita, ser o ombro amigo, o sorriso certo, que sofre com você parece que não serve, todos querem a bonequinha de louça, a moça do sorriso sempre pronto, impecável em sua superficialidade a tola das piadas quase infantis, a mulherzinha que é admirável em estética, mas de pouco conteúdo. Eu penso demais (ou pensava, talvez eu já seja um ser no passado quando estas linhas forem lidas), sinto demais, sonho demais, diria até que amo demais, a mim menos do eu devia, mas aos meus com toda a minha alma. Eu estava apenas buscando alguém com poesias nos olhos, algo de puro, aquela pureza das almas que se dão, mas não importa mais, eu que sou a louca, a inadaptável, a excêntrica que se isola, e idiota que canta pelas ruas por que de repente um detalhe, uma lembrança faz tudo brilhar!

Nunca me adaptei sempre me senti fora de lugar, eu não me sinto a vontade na selva de pedra, não me sinto a vontade sorrindo sem vontade, sendo presente com alma em outro lugar, fomos obrigados a ficar perto demais, fisicamente, mas nossas almas nunca estiveram tão longe e tão pouco dispostas a se aproximar, nos esbarramos e isto incomoda, falta ar, individualidade, falta ser “eu” no “todo mundo”, e falta querer ser eu quando ser igual é mais fácil... Se eu sou “filósofa de mesa de bar”, tanto faz, meu objetivo não é fazer uma explanação sobre ângulos relevantes de temáticas existenciais, estas retóricas rebuscadas são meros disfarces da falta de subjetividade do pensamento, desejo de tornar uma interrogação simples complexa, faz da vida a elaboração enjoativa de um discurso onde os expectadores estarão mortos!

Pó de estrela, sempre gostei desta expressão, quando era criança e estavam colocando pedras na parede da varanda, “rosinha do serro”, levemente arroxeada, soltava um finíssimo pó, lindo de se ver, para mim era algo místico que eu colocava em um saquinho daqueles aveludados de bijuteria e mantinha como me desse poderes... Será que com a morte chegarei próximo das estrelas? Talvez eu possa voar com meu novo corpo brilhando como pó de estrelas... Que melancólico lembrar da infância enquanto morro...

-----------PARTE ILEGIVEL PELO SANGUE----------------

Eu era feliz, na minha inocência de ser amada, príncipes e fadas, sim fui criança com direito a sonhar e imaginar, cresci e vi a vida com as túnicas negras e a morte com asas, o que escolheria? A mais acolhedora certamente....

Se hoje morro não foi por não poder, temer tentar, apenas por não ver motivos para seguir e nem a quem agradar ao vencer... Encontrei a solidão e escolhi apenas

----------PARTE ILEGIVEL PELO SANGUE-----------------

Só deixo meu adeus àqueles que me fizeram sorrir, e em algum momento me amaram, foram vocês que me fizeram resistir até aqui, perdoem-me eu não sabia mais o que fazer, foi a única saída que encontrei... Espero que me entendam

Abraços

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T Sophie
Enviado por T Sophie em 06/01/2009
Reeditado em 07/01/2009
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