UM LONGO VERÃO

Nunca senti tanto tédio no verão. Bom, nos tempos de infância, tu não sentes tédio no verão! Quer dizer: sente um pouco, sim, não tens mais a rotina da escola, aulas, trabalhos, etc. Porém a rotina de não ter muito a fazer também deixa a gente entediado. Eram os anos em que ainda não tinham cursos de verão do tipo profissionalizante pipocando em cada esquina. Hoje, se as crianças estão muito entediadas, basta tu colocá-las em algum curso de verão, a princípio elas não vão gostar muito, mas logo mudam de idéia, quando conhecem os colegas, ou se interessam pela disciplina, principalmente se oferecer a oportunidade de mexer num computador, por exemplo.

Enfim, mas o caso é que estamos no verão, e devido ao trabalho, não estou em férias, nem posso tirar vários dias de férias, no máximo uma semana brasiliense, não mais que isso. Mas o verão, e as férias, já estão me deixando com tédio. Isso pra completar a depressão quase crônica de que sofro há alguns anos e que nos últimos meses tem se manifestado com uma força bem maior.

Ela saiu de férias. “Não tem com que se preocupar”, ela disse. “Nas minhas férias ainda nos falaremos! Claro que vou me conectar nesse período!” Claro que senti algo me dizer que podia confiar nela. Claro que outra parte de mim manteve o pé atrás, e não consegui realmente acreditar. Principalmente pelo que vi de tenebroso no álbum do perfil dela no “sítio de relacionamentos”. Cada dia que passava, nossas conversas diminuíam, sentia-me cada vez mais gelado, em pleno verão. Até que o que eu dizia nem chegava até ela, que dirá respostas chegarem até mim.

Ah, mas é só o começo das férias, e eu mesmo tenho intenção de tirar pequenas férias, uns dias, uma semaninha brasiliense (de terça a quinta) de repente... mas além de mais deprimido, estou mais entediado, mais irritadiço, mais chateado! Esse será, definitivamente, o mais longo dos verões pelos quais já passei!