Introdução

Eu entrei no cinema e o filme está na metade. Meus amigos estão morrendo de rir e me pergunto: “O que houve?”. Eu acordo num hospital e pergunto: “Putz, fiz merda”.

Com certeza é como se fosse a ultima carta de adeus. Sabe? Quando alguém se mata sempre deixa alguma coisa, o problema é que os suicidas não são muito criativos. Alguns deixam cartas muito infantis para se matarem; e quando a ciência quer achar uma lógica que explique o suicídio, essas cartas nunca podem existir. Eu já ouvi psiquiatras dizerem que tal pessoa morreu devido à depressão ou esquizofrenia; sociólogos que falam da necessidade da estrutura familiar; psicólogos com suas causas repousadas no abuso sexual infantil. Pra mim é tudo bobagem. As pessoas simplesmente morrem e pronto, nem pensam em psíquico, social ou patológico. Elas metem uma corda no pescoço ou pulam da janela, e que se foda. Entretanto, essas cartinhas ninguém quer abrir, aquilo que a ciência não entende de maneira complexamente lógico e classificatório não é possível aceitar.

Mas é meu trabalho, fazer o que. Então eu digo que a causa do suicídio é uma dessas ai de cima. Depende do meu humor. Quando estou puto digo para a mãe que a culpa é da família; quando estou bem culpo a sociedade. Ninguém da minha área pode morrer sem causa e jamais sem explicação para família.

A carta que escrevo são fragmentos temáticos de minha vida. Eu escrevi essa carta para uma mulher que amo, tentando convencê-la que eu sou uma boa pessoa.

(Espero que aqueles que entenderem minhas cartas, tenham desprezo)

Plínio Platus
Enviado por Plínio Platus em 08/01/2009
Reeditado em 16/02/2009
Código do texto: T1373487