Gravata do meu avô

Há duas semanas atrás eu fui ao Maranhão visitar meus parentes e lá aconteceu uma coisa muito simples, porém, sublime...

Meu avô tem 76 anos, sempre foi um homem trabalhador e responsável, a alguns anos atrás ele havia me perguntado se eu sabia dar nós em gravata, eu respondi que não e então ele me disse que queria que ele me ensinasse pois todos os seus filhos ele ensinou. Hoje moro em Cuiabá e constantemente tenho que usar ternos para jantares e reuniões, porém, nunca quis aprender de verdade como dar o nó na gravata por lembrar das palavras do meu avô, quando cheguei no Maranhão fui convidado para uma formatura, festa muito boa, todo mundo de gravata, eu já nem me lembrava (naquele momento) das palavras do meu avô. Quando fui colocar a gravata lembrei dele na hora, e percebi que aquele era o dia que ele havia me falado, por um instante fiquei nervoso, pensei bem, fui no seu quarto, ele estava deitado, eu o chamei e pedi pra que ele me ajudasse na gravata, ele olhou pra mim por alguns segundos, pensou, e se levantou, olhou nos meus olhos, frente a frente, senti sua satisfação, sua onipotência, suas mãos trêmulas pegaram minha gravata e enlaçou meu pescoço, enquanto ele ia me dizendo como é que faz ele ia fazendo o nó, eu, pra falar a verdade, não prestei atenção no que ele disse, n aprendi a dar o nó na gravata, eu só ficava olhando pra ele, não conseguia parar de olhar seu rosto e pensar naquele momento, foi um momento perfeito, cerca de um minuto que valeu uma vida, depois ele me levou ao espelho e perguntou se estava bem, eu falei que tava perfeito, agradeci e sai do quarto com o coração na mão...

Capitão Lemmon
Enviado por Capitão Lemmon em 13/04/2006
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