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Segunda mensagem virtual

Hoje o seu discurso foi realmente complexo. Você tem muita coisa a dizer.

Quando me classifica igual entre todas as mulheres, pode ser verdade do ponto de vista da sensibilidade e afetividade. Mas eu defendo a individualidade. A cada uma está reservada uma experiência diferente de vida. E cada uma responde de uma forma.

Estes arroubos sexuais a que você se refere eu já os tive. Numa época em que os hormônios falam mais alto e eu era uma mulher inexperiente, pouco evoluída espiritualmente. Tudo isto passou. Pude, na minha caminhada, buscar muito conhecimento, muitos cursos, terapias, meditações, etc. que me fizeram ver a vida do outro lado. Passei por grandes momentos até mesmo a experiência da alma fora do corpo quando cheguei ao coma no meu primeiro parto. Esta experiência mudou totalmente o meu modo de ver a vida. Depois fiz uma leitura de um livro básico que você deve já ter lido ou ouvido falar, “Eram os Deuses Astronautas?”, a partir disso fui buscar mais informação.

Acho que é um equívoco da sua parte considerar o amor entre um homem e uma mulher apenas passageiro. Você pode sim dizer que o amor verdadeiro entre os dois é algo raro. Com certeza isso é verdade. Mas nuvem passageira, não. Amei muito os meus dois maridos, o primeiro me deu uma família, com ele tive três filhos. Lutei por este amor até onde pude, vivi com ele 25 anos. Até que resolvi seguir o meu caminho. Casei-me novamente e também amei intensamente, sete anos de amor pleno, o segundo me propiciou conhecer o mundo, fizemos inúmeras viagens pelo mundo afora, tornei-me melhor depois desse aprendizado. A vida quis novamente que nos separássemos. Sofri por alguns anos essa perda, mas ressurgi das cinzas e cá estou novamente.

Quando se termina um casamento é como se o outro tivesse morrido. O sentimento de perda é o sentimento da dupla morte. A morte de quem a gente perdeu e a morte de si mesmo no outro. É um dos piores momentos da vida.

Considerar que o amor filial entre mãe e filho é incondicional e verdadeiro é outro equívoco da sua parte. Mães que procedem assim estão simplesmente seguindo o que manda o figurino, estão repetindo aquele chavão que diz “mãe é sofrer no paraíso”. Não pertenço a este grupo. Sou tolerante, compreensiva, mas não aceito rejeição de ninguém, nem de filho. Se há reciprocidade eu vou adiante, se não me retiro ao meu canto.

Sabe, acho que você está subestimando a intelectualidade porque através do conhecimento podemos transformar conceitos errôneos, comportamentos repetitivos, traumas, neuroses e sermos mais completos, autênticos, justos, sensíveis, humanos.

Não ofereço nenhuma defesa ou resistência ao amor, o que almejo é elevar o amor a uma instância mais plena, mais humana, menos animal. E vou dizer mais, acho mesmo que o maior mal do mundo é exatamente este de animalizar as relações. A meu ver o homem ainda não conseguiu descobrir o seu mundo interior. Vive muito de aparências onde o modismo, o corpo, as sensações imperam.

A necessidade do homem de mostrar a sua virilidade é um tanto infantil. Ele põe o seu poder no seu órgão reprodutor. Tanto isso é verdade que daí surge o machismo.

É preciso abrir a mente, nós valemos mais que partes do nosso corpo. Sou capaz de amar um homem impotente ou que tenha sido mutilado. Amarei este homem pelo que ele é, pensa, age, interage, etc. E mais ainda, sentirei por ele o mesmo que sinto por um homem que não tenha estes problemas. Terei o mesmo prazer, o mesmo interesse sexual, tudo igual. Porque em mim as coisas acontecem no nível do pensamento, do meu interior. Meu corpo só responde a este apelo. O meu amor vem de dentro para fora, não o contrário.

Agora eu posso dizer com absoluta certeza, você é igual aos milhares de homens existentes neste planeta. Todos pensam como você. O mundo está alicerçado neste comportamento masculino. Cabe a nós mulheres contribuir para mudar isso. Desde educando nossos filhos homens com uma mentalidade mais aberta e sensível até insistindo com os nossos homens maridos a nos retribuírem de forma mais completa e humana.

E assim eu vou caminhando, interagindo, aprendendo, estudando, analisando, filosofando.

Um abraço fraterno

Nerah
Enviado por Nerah em 28/01/2009
Reeditado em 28/01/2009
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