Carta para um Amor em algum lugar do passado...


Hoje,
eu sei,
as coisas são tão distantes quando agente se imagina nos braços de um amor que só existe na cabeça oca da gente
mas, meu pobre coração para sobreviver um pouco mais a cada dia
desenhou a tua pele por cima da minha
e agora todas as vezes que eu me olho no espelho é a ti que vejo
estou tão perto de ti e tão longe de mim
que ate posso sentir o teu sopro morno bater suave e leve na minha fria testa
mas, está ótimo assim!
e eu queria ter mais espaço em mim para ti acolher e te proteger dos outros caçadores...
entretanto, ao mesmo tempo, é impossível fingir que posso controlar a tua presença dentro de mim
sou tão verde e imaturo para lidar contigo.
Ontem,
eu estava sentado naquela velha poltrona onde tantas vezes me perdi nos teus braços, e eu ouvi a tua voz dentro de mim dizendo tantos absurdos a meu respeito. Era incrível, mas você parecia querer me mostrar uma outra mulher...
e não é nada fácil para um homem apaixonado admitir a possibilidade de ter se enganado mais uma vez..., lutei contra isso como um soldado demasiadamente patriota que após ter visto todos os seus companheiros serem mortos, resiste bravamente ao ataque fulminante do inimigo...
lutei contra isso, e de certa forma ti fiz prisioneira..., e agora te carrego dentro de mim como um passageiro...
no entanto, os sonhos em mim vêm de mim mesmo; sou eu quem sonha o amor para que mais tarde eu possa vivê-lo
sou eu também quem rega cuidadosamente as frágeis sementes do amanhecer
para voltar a amanhecer um dia ao teu lado como se tudo não passasse de um terrível engano.
Mas, não te vejo a tanto tempo, que já não sei se ainda existes....
perdi teus passos, e o amor que trago vivo dentro de mim, já não sei ate que ponto te representa....

Belo Horizonte 15/09/2002